Foi de fato surpreendente, tanto para Zhacary quanto para seu pai e padrasto a forma em que os jovens herdeiros do marquesado Philipp se apegaram a ele. Talvez as cartas que trocaram durante o tempo distante tenham ajudado os meio-irmãos um pouco, mas ainda assim, não deixava de ser uma surpresa.
Fazia quase uma semana que Zhacary havia voltado para o marquesado, e desde que o platinado passou a morar na sua antiga finca novamente, não houve só um dia em que seus irmãos não o fizessem companhia.
Ivan era o mais velho, na flor da juventude aos seus 16 anos, e em breve teria sua festa de debute na alta sociedade. Já Lucinda, a mais nova, possuía o perfeito sorriso e olhar inocente de uma menina de 12 anos. E a qual naquele momento, o segurava pela mão enquanto caminhavam pelas calçadas no centro da capital.
Lucinda era jovem, energética, gostava tanto de passeios quanto de compras, e Zhacary ao seu lado que naquele dia a acompanhava, apenas se divertia com a menina, indo e voltando das lojas que ela entrava apenas pra ver o que nelas tinham.
A jovem de cabelos vermelhos e olhos verdes como de Stéfano puxa suavemente sua mão, sorrindo amplamente a medida que apontava em direção à um estabelecimento com uma fachada fofa, aparentemente era uma doceria.
— Podemos ir, irmão? — sua voz doce e jovial arranca um sorriso do mais velho, e concordando, rapidamente Zhacary passa a caminhar em direção ao local em questão.
O platinado sorria enquanto caminhava, cumprimentado os jovens que vezes ou outra acabava cruzando seus olhares. A maior parte das pessoas que andavam pelo centro naquele momento eram os cidadãos do Império. As ruas estavam movimentadas e cheias por conta do festival que logo se aproximava.
O festival da lua, o qual ocorreria ao fim daquela mesma semana. E como esperado, tanto Ivan quanto Lucinda estavam mais do que animados para o arrastarem até o "coração" do festival. Animação a qual tanto seu pai Marcus quanto seu esposo Stéfano, ficaram mais do que felizes em compartilhar já que ambos não precisariam acompamhar os dois jovens por algumas noites inteiras, porque Zhacary faria este papel durante os dias da festa.
Se aproximando animada da doceria, Lucinda sorri amigavelmente para uma jovem senhorita que estava do lado de fora do estabelecimento guiando os clientes para dentro. A moça sorri enquanto atendia sua irmã enquanto vezes ou outra o olhava com receio. Zhacary não compreendeu o porque disso, mas tampouco se importou.
Mas acabou entendendo o porque do olhar da moça quando adentrou o ambiente com Lucinda: era uma doceria feita exclusivamente para as mulheres, e ele não era nada mais que um invasor naquele lugar.
Zhacary respirou fundo a medida que apenas sentia cada olhar daquele lugar se afundar contra a sua pele conforme ele adentrava mais o ambiente. Provavelmente só permitiram sua entrada naquele lugar, por que seu pai, Marquês Philipp, era um famoso e influente conhecido vendedor de jóias da região, sem mencionar, claro, o título elevado que portava.
Ao contrário de Lucinda que animada o puxava pela mão enquanto seguia uma das trabalhadoras do local à uma das mesas, Zhacary sentia sobre si casa olhar que as damas no ambiente lhe lançavam, irritadas pela interrupção nenhum pouco prévia ou esperada de um homem.
Aquele ambiente definitivamente o repudiava de todas as formas. Principalmente se ele levasse em consideração o fato de que toda a decoração e a energia da doceria emanava a delicadeza e a suavidade de uma mulher. Desde as cores rosadas e claras dos utensílios, tecidos e cortinas que ali portavam, quanto dos perfumes que sutilmente pairavam no ambiente.
Seria problemático para elas se repentinamente alguns outros jovens da sociedade também quisessem frequentar o lugar usando de sua presença alí naquele dia casual como argumento. Deste modo, as senhoritas seriam obrigadas a se retirarem daquele ambiente que era destinado especificamente à elas, e muito provavelmente era por isso que todas elas o olhavam com receio e raiva.
E Zhacary internamente pedia perdão pelo inoportuno, desejando fielmente que quem tivesse o visto adentrando o local o confundissem com uma mulher de calças por conta de seus longos cabelos.
Após momentos de silêncio em todo o ambiente, Zhacary e Lucinda finalmente se sentam em uma das mesas, e então, praticamente quebrando todo o clima do ligar, a voz da mais nova junto com seu riso, ecoa a medida que ela fazia seus pedidos.
Pelo menos agora Zhacary compreendia o porque sua irmã parecia tão confiante com o lugar, ela com certeza já havia frequentado o mesmo diversas vezes antes já que aparentemente, tinha intimidade com uma segunda moça que agora, havia se aproximado para atênde-los.
O platinado sorri para a jovem senhorita quando o olhar castanho da mesma se encontra com o seu. Tímida pelo olhar e sorriso que Zhacary lançou para sí, ela logo trata de desviar sua atenção novamente para Lucinda, que praticamente ditava em ordem perfeita o que queria.
E quando a moça saiu para pegar o pedido de sua irmã, Zhacary sentiu um alívio instantâneo inundar seu corpo quando não só uma porção de chá chegou em sua mesa, como também quando as senhoras e senhoritas dispersas em sua volta voltaram a conversar com cautela. Permitindo que suas vozes percorressem o ambiente juntamente com seus sorrisos e risos.
E Zhacary, sentindo-se finalmente relaxado, encosta suas costas na branca cadeira acolchoada em que estava, degustando do chá doce que haviam lhe trago a medida que conversava animado com Lucinda, estava completamente alheio aos olhares de algumas moças.
Mas não era de se admirar, claro, Zhacary era belíssimo.
Sua pele era pálida como a de seu progenitor, seus longos cabelos brancos e seus olhos cinzas afiados eram como os de sua mãe, Lady Nala. Seu nariz era reto, seus lábios levemente carnudos e naturalmente rosados, deixando seu rosto com um aspecto saudável e obviamente, dando destaque a sua mandíbula marcada, a seus ombros largos e sua altura proeminente.
Zhacary era um homem alto, desenvolvido. E a atenção de algumas jovens que ouvindo que ele era irmão da senhorita Philipp — já que assim ela o chamava —, não tardaram em se concentrar unicamente no mesmo.
Se ele era o mais velho dos filhos do Marquês, pois Ivan tinha apenas 16 anos, significava que o platinado não era nada mais e nada menos que o filho da anterior esposa já falecida do homem, e obviamente, o herdeiro de seu título.
As mais jovens do local que conversavam baixo entre si a medida que lançavam um lançar ou outro ao platinado sentado um pouco ao longe, começam a especular cada vez mais a medida que uma senhora mais velha e conhecida na alta sociedade, simplesmente se levantou de onde estava com delicadeza, andando com confiança até a mesa em que estavam os jovens Philipp.
E Zhacary, alheio a movimentação atrás de si, só percebe a aproximação de uma velha senhora quando ao fim, um toque é deixado sobre seus ombros fazendo-o se virar em direção ao mesmo.
— Jovem Zhacary? — a voz feminina e mais velha soa, fazendo a atenção de todos no ambiente outra vez, se voltarem em direção ao "invasor".
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Atualizado até capítulo 27
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