Cap V

O campo era muito verde, imenso, sem fim. Os pássaros cantavam, tinha uma cesta de piquenique, a prima May também estava lá, rindo como sempre. Tudo como devia ser, bastava deitar e olhar o céu e todas aquelas nuvens cheias de formatos. Tão bom, tão aconchegante, com um cheiro delicioso de canela, rosas, âmbar e patchouli. As flores brincando pelo seu corpo, pétalas macias, tão gostoso de sentir. Pelo seu rosto, seu pescoço. As flores continuavam descendo. Que cheiro bom, tão forte, tão penetrante. Ceci abre lentamente os olhos, não era um sonho. Ela não estava no campo. Não eram flores brincando. Seus olhos são encarados diretamente por outro par de olhos acinzentados profundos. Seu coração bate tão rápido que ela tem medo de que ele pule para fora de seu corpo. Instintivamente, ela tenta de afastar.

- Não, por favor, eu..- a voz morreu no fundo de sua boca, ela sabia que não podia dizer nada, não tinha esse direito, não adiantaria tampouco e ainda poderia acordar a prima May, seria embaraçoso e difícil explicar tudo. Mesmo assim, ela tenta se afastar, mas é em vão, o peso do corpo dele, agora comprimia o dela. Suas pernas estão presas, seus braços não possuem força para empurrá-lo, ela sabe disso, com apenas uma mão ele conseguiu prender os dois braços dela no alto de sua cabeça e ela só conseguia olhar suplicantemente e sussurrar fracamente – por favor, por favor.

Ela continua a se debater, mesmo sabendo que é em vão e isso apenas arranca um sorriso sarcástico no canto da boca de seu opressor. Em nenhum momento os olhos dele desviam do rosto de Ceci, como se estivesse se deliciando com cada expressão que ela esbouçava. Ele não dizia absolutamente nada, apenas olhava. Com a outra mão, ele percorre o corpo dela, parando sobre os seios, brincado com a aureola, verificando cada gemido que ela solta involuntariamente. De repente sua mão pára, e agora sobe até o rosto de Ceci. Ele retira alguns fios de cabelo que haviam caídos, coloca-os atrás da orelha dela, sua mão repousa alí, segurando seu rosto, enquanto, lentamente, seus rostos de aproximam. Ela pode sentir a língua dele entrando em sua boca, e sem perceber seus olhos se fecham, isso faz com que seus outros sentidos fiquem ainda mais aguçados. É um beijo quente, demorado, lascivo, algo que ela nunca havia experimentado. Seu corpo não se debate mais, apenas aceita, se delicia, se contorcendo um pouco. Ela sabe que não é certo, mas, “oh meu Deus”, como é gostoso. Ele pára novamente.

- Está gostando? - ele pergunta com um sorriso diabólico e sedutor.

- Por favor..- balbucia ela, também com a voz rouca e cheia de desejo.

- Por favor, o que? Quer que pare?- olha em seus olhos, para depois descer para seu pescoço.- Ou quer que eu continue? – enquanto ele pergunta ao seu ouvido, seu hálito refrescante faz toda a pele de Ceci se arrepiar, ela não tem forças para responder, nunca tinha sentido isso antes, uma mistura de medo e desejo. “Esse homem é mesmo um demônio”, ela só consegue pensar em como aquilo era bom. Tão gostoso, os lábios macios dele continuam beijando o pescoço dela, mordendo o lóbulo de sua orelha, ela solta um pequeno gemido. Antes que ela responda, ele sorri e pára.

- Você ainda tem muito a aprender. Da próxima vez, terá que ser clara sobre o que você realmente quer e pedir com carinho. Por hoje é suficiente. - E da mesma maneira que ele entrou, saiu do quarto, sem fazer muito barulho, sem explicação nenhuma, deixando a jovem Ceci atordoada, sem entender o porquê de estar tão decepcionada com a saída de seu algoz.