- Ceci, querida, por que demorou tanto? A comida já está esfriando. – queixou-se docemente May.
- Desculpa, priminha, estava com dificuldade de achar a sala de jantar em um lugar tão grande.- desculpou-se Ceci, com uma pequena mentira. – Mas vejo que você já começou sem mim, não se preocupe, nem estou assim com tanta fome, vou apenas tomar um suco.
- Que pena que você demorou tanto, o sr. Yong já saiu, aparentemente, ele tinha muitos negócios para tratar, pediu que eu me desculpa-se com você por ele. Parece que ele é realmente um cavalheiro, não concorda, Ceci? – falou May já totalmente fascinada pelo “anfitrião” – nem tive coragem de perguntar com o que ele trabalha, em pensar que nunca o tinha visto antes aqui pela cidade, o que não é tão absurdo se pensarmos em como eu vivia trancada naquele haras tentando salvar os “negócios da família” – May parecia descontraída como sempre, rindo da própria incompetência como administradora. Ceci sempre admirara isso na prima, a capacidade de ver a vida com leveza.
- Você fez o seu melhor, não é culpa sua que os tios tenham ido para a próxima vida tão cedo. Nós duas tivemos que nos virar com o que tínhamos, acho até que nos saímos bem – sorriu. Ceci sabia que May precisava de consolo tanto quanto ela e que por trás dos sorrisos descontraídos que May sempre lhe dava, também tinha uma menina com medo, precisando de alguém que lhe dissesse que “está tudo bem não ser perfeita”
- você sempre soube dizer as coisas mais apropriadas. Ceci, minha querida, largue a arquitetura e seja psicóloga. – falou May, a gargalhadas, enquanto abraçava a prima com muito carinho. May sequer imaginava que Ceci já havia largado o curso, pensava que sua prima havia tirado uma licença para cuidar dela, o que deixava Ceci ainda mais triste por contar tantas mentiras à prima.
Ambas continuaram conversando por horas, talvez porque quisessem recompensar o tempo que estiveram separadas, talvez porque ambas estivessem com muito medo de que a qualquer momento tudo poderia ser tomado delas novamente. E, assim, o dia foi passando mais rapidamente, sem que elas notassem. Tudo parecia tão calmo e estranhamente feliz, Ceci, nem lembrava mais da “toca do diabo” ou do curso que havia deixado para trás, estava feliz assim, nada mais importava.
Tão logo a noite chegou, a alegria foi se dissipando junto à luz do dia. Ceci sabia que o sr. Yong retornaria a noite, não sabia seus planos, não sabia o que teria que aguentar dessa vez, isso deixava seu semblante tenso o que não passou desapercebido por May.
- Algum problema, querida? - perguntou May, visivelmente preocupada, apertando a mão de sua prima.
- Não é nada, não se preocupe, apenas estou pensando na quantidade de trabalho terei quando precisar retornar para a faculdade, talvez eu deva seguir seu conselho e mudar de curso - desconversou Ceci, sorrindo e fazendo gestos dramáticos. Ela sabia que estava mentindo cada vez mais, entretanto, não sabia como explicar a May de outra forma. Seria muito cruel com a pobre May dizer a verdade, May certamente se sentiria culpada por tudo.
Ceci levantou-se com gestos dramáticos e cômicos e fez uma reverência para May.
- Minha senhora, obrigada por tão agradável companhia, mas acho que preciso subir e tomar um banho. E a senhora precisa descansar também, não se esforce muito, lembre-se que ainda está convalescendo. – falou enquanto ajudava May a erguesse e caminhavam cada uma para o seu quarto.
- Boa noite, Ceci, estou mesmo cansada, acho que vou dormir mais cedo hoje – May parecia mesmo cansada, mesmo mantendo o sorriso no rosto. Olhou para sua prima com afeto, enquanto abria a porta de seu quarto e sumia para dentro.
Ceci ficou olhando sua prima entrar lentamente em seu quarto e ficou se perguntando “será que está mesmo tudo bem depois do tratamento? será que ela ainda vai precisar passar por tudo aquilo novamente? Não quero pressioná-la fazendo perguntas sobre sua saúde, ela pode ficar pior. Isso é tão injusto”. Ainda com esses pensamentos, a jovem entrou em seu quarto e, institivamente, passou a chave na porta, também não tinha intenção de sair mais de seu quarto aquela noite. Após o banho, só se deixou cair na cama e fechou os olhos.
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Atualizado até capítulo 112
Comments
Islane Carla
que triste a vida delas
2020-08-23
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