VIZINHO

Adele

Depois de um dia corrido e agitado. Casa faculdade e trabalho, volto pro meu cantinho já tarde da noite. Ah! finalmente um descanso merecido. Recompensa de todo trabalhador. Depois de jantar vou para o quarto organizar meu guarda- roupa. Dobrar a roupas lavadas e colocá-las em seus devidos lugares.

Sai tão apressada hoje que só peguei a roupa do varal e joguei lá dentro. Mas agora com calma vou arrumar tudinho com bastante tempo. Abro a cortina e em seguida a janela para poder deixar o vento da noite entrar. Assim o quarto fica mais fresco e ainda se quebra economizo a luz. O tempo não está tão quente e o vento entra rapidamente.

Pego um vestido rosa que usei no começo da semana. Me lembro que estava usando ele quando eu vi meu Deus grego na floricultura.

Me pego sorrindo ao me recordar de Victor. Depois que vendi as flores para ela naquele dia eu nunca mais o vi. Lembranças de nossa conversa surgem em minha memória. Algo em mim me faz querer encontrar de novo com ele. Ligo o celular e pareio com a mini caixa de som que tenho. Procura a música só James Arthur e contemplo.

🎶Train Wreck de James Arthur

🎼Laying in the silence

Waiting for the sirens

Signs, any signs I'm alive still

I don't wanna lose it

But I'm not getting through this

Hey, should I pray?

Should I pray? Yeah

To myself, to a god?

To a saviour who can

Unbreak the broken

Unsay these spoken words

Find hope in the hopeless

Pull me out the train wreck....🎼

Enquanto escuta a canção que roça em meu coração Victor aparece novamente em meus pensamentos. A música melancólica e triste me faz indagar. Por que ele escolheu essa canção como sua favoritas? Concluo minha arrumação com meu corpo pedindo descanso.

Tiro minha roupa ali mesmo com a janela aberta. Faço isso por que sei que a casa ao lado a tempos não mora ninguém. Não há perigo de verem então eu tiro quase tudo. Fico só de sutiã e calcinha. Vou para o meu banheiro e tomo um banho relaxante. Lavo os meus cabelos com shampoo, os trato com a máscara e depois finalizo com um condicionador.

Saio enrolada na toalha ainda e cabelos molhados. Passo meu creme corporal em meu corpo e quando vou me vestir meu pai bate na porta.

-Adele! Adele ! -Chama Sebastião

-oi paizinho!- Responde prontamente Adele abrindo a porta

- Filha você se trocou com a janela aberta?- Interroga Sebastião entrando no quarto apressado, apontando para a janela e caminhando em direção dela

- Sim pai, queria deixar o vento entrar e eu abri. Mas por que o senhor está perguntando? - Adele questiona o pai

- Minha filha nunca mais faça isso! Fiquei sabendo agora pelo Francisco aqui da frente que a casa do lado foi alugada hoje por um homem! - Sebastião avisa colocando a cabeça pra fora da janela e olhando para os lados para saber se alguém viu a filha.

- Hã?! Aí...eu não sabia!- Adele assustada arregala os olhos e coloca a mão na boca.

- Pois agora está sabendo. Se for se trocar que seja no banheiro ou com as cortinas fechadas- Sebastião diz colocando a cabeça para dentro e já fechando as cortinas

- Tá bom paizinho- Eu não vou mais me trocar com a janela aberta- Adele desconcertada

- Bom sair e deixar você terminar de se vestir. Boa noite filha! - Sebastião diz beijando a filha na testa.

- Boa noite paizinho- Adele responde beijando a mão do pai.

Depois que meu pai entrou no quarto e me falou que a casa ao lado foi alugada por um homem eu gelei. Será que meu vizinho me viu sem roupa? Aí que vergonha meu pai eterno! Não fui pro only f@ns mais mostrei meu popozão. E agora? Ah! agora e tarde, pra chorar o leite derramado. Eu não sei e não quero saber e nem vou mais pensar nisso. Melhor dormir e descansar meu juízo.

Me visto e Caio nllogo no sono. Não demora muito e o celular desperta. Já é de manhã. Nem parece que dormir. O tempo passou rápido que nem deu pra sonhar. Me levanto feito um zumbi. Ainda sonolenta vou fazer a minha higiene e algumas tarefas domésticas antes de ir pra faculdade.

Faço o café da manhã e estranhamente meu pai ainda dorme. Vou até o quarto dele para vê-lo. Meu coração com medo me traz já um desespero. Abro a porta e o vejo deitado na cama. Me aproximo devagar e coloco meus dedos perto do nariz dele para saber se ele tá respirando. Ao sentir a respiração dele respiro aliviada.

O medo que tenho de perder ele e muito grande. Eu só tenho ele na minha vida e mais ninguém. Eu levo pra ele o café na cama. Devagar o acordo e peço para comer.

- Paizinho?! Paizinho?! Hora de acordar, tomar café pra poder tomar o remédio! Hã? Vamos levantar o senhor não pode perder a hora da medicação- Fala Adele com calma e carinho.

Ele me dá um meio sorriso. E aí, isso me fazer temer. Ele parece estar mais pálido do que nunca e sem forças.

- Oh! Filha, já tá na hora? - Pergunta Sebastião

- Sim! Olha eu trouxe seu café e seu remédio.Ta aqui- Adele responde e entrega a bandeja com a refeição e o comprimido

-Queria só descansar mais um pouco- Diz Sebastião passando a mão no rosto

- Tá tudo bem com o senhor? O senhor tá sentindo algo? - interroga Adele com um semblante de temor

-Ah! Não! Fique tranquila filha. Estou assim cansado por que assisti um filme até tarde...obrigado pelo café, mas não precisa ter trazido aqui. Era só me chamar que eu tinha descido.- Fala Sebastião tentando acalmar a filha.

- tem certeza que tá as sentindo bem?- questiona Adele desconfiada

- Tenho..tenho sim! Ah! deixe de pensar besteiras e vá pra sua faculdade. Desse jeito você vai se atrasar. - Sebastião fala puxando Adele para beijar a cabeça dela e se despedir.

- Não minta pra mim eim! Se não estiver bem me siga!- Fala Adele com um tom firme em sua voz.

- Olha bem pra minha cara e me diz se eu lá sou homem de mentir ? Va pra sua faculdade agora! - Sebastião bravo resmunga

-Rum! Está bem... então tchau paizinho, Qualquer coisa me liga que eu venho correndo.- fala Adele beijando a mão do pai na despedida ainda preocupada

Saio de casa com o coração na mão. Entro no carro e ao dar a partida ele não liga. Ótimo! Um "presente" logo de manhã. Tento várias vezes e nada. Gasolina sei que tem e as velas foram trocadas. Abro o capô, mexo nas velas dou batidinhas na bateria com a chave de fenda, vai que dá certo. E bora lá!

Entro no carro e denovo dou a partida mais nada dele funcionar. Maravilha! Agora o que tava ruim ficou pior. Além do carro quebrado estou atrasada. Abro o capô novamente, mas dessa vez já desanimada. Quando derrepente ouço uma voz rouca e grave que mais parece um trovão.

- Quer ajuda?- pergunta Victor encarando Adele com as mãos na cintura

Me tremo toda na base.Quando olho pra ver o dono da voz eu nem acredito.

-Victor? Você aqui?- Fala Adele surpresa

- É acho que somos vizinhos! - Responde Victor sorrindo de lado.

Nesse momento eu fico sem acreditar. como assim ele é meu vizinho? E pra piorar ainda mais eu lembro do que meu pai falou da janela e putz! será que ele me viu? Nesse momento não consigo mais olhar nos olhos dele. Sinto meu rosto esquentar.

- Vi que o carro não deu a partida o que aconteceu?- Fala Victor abrindo a grade que separa as suas casas e se aproximando de Adele.

Ele se aproxima mais de mim me encarando. Nessas hora não sinto mais o chão debaixo dos meus pés. Eu abro a boca para falar, mas minha voz desapareceu. Apenas sou com os ombros e sorrio forçadamente. Sinto o perfume dele amadeirado intenso. Ow perfume gostoso. Ele se abaixa um pouco para olhar o motor do carro.

-Éh! Acho que agora você não vai mais a lugar nenhum com esse carro.- fala Vitor com cara de pesas levantando as sobrancelhas

-P.p...por...por que? - Adele gagueja

-A bateria! já era! Agora só uma nova!- Victor fala com um tom de voz sedutor

-ah!...Não uma nova é os olhos da cara.- Adele fala triste e olhando para o relógio com preocupação

-Precisa ir a algum lugar? Posso te dar carona!- Victor fala com segundas intenções

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