OBSERVADA

Adele

Minha manhã estava começando tranquila. Mas minha paz foi quebrada pelo chato do funcionário da loja vizinha. Eu não gosto dele porque o cara vive dando em cima de mim e me olhando como um pedaço de carne. Insistente como só ele entra na floricultura com uma desculpa esfarrapada querendo trocar dinheiro. Esse sei muito bem o que quer.

Eu não brecha e nem mole. Não tenho intenção nenhuma de namorar e muito menos de namorar ele. Não que eu tenha preconceitos por ele ser um vendedor, não, não é isso. Apenas deu "química" sabe. E mesmo se tivesse dado "liga" eu ia sair correndo e chutando pra longe. O motivo? O rapaz é o maior galinha. Sim, senhoras e senhores. Ele é como a maçaneta da porta do supermercado. Todas pegam.

O cara se achando o maior já me chega cheio de intimidade me chamando de gatinha. Só não sei uma "bolacha" na cara dele porque ainda tenho educação. Mas em se tratando dele, a minha educação posso perder a qualquer momento.

Mesmo eu despachando ele insiste em pedir troco. Se achando o mister universo o cara se aproximava cada vez de mim e eu tentava me afastar, mas sem sucesso. Fui para atrás do balcão pensando que ali seria uma barreira. Mas para minha surpresa o rapaz praticamente se deitou no balcão. Mando ele ir embora e ele finalmente sai sem dizer mais nada. Quando ele sai respiro aliviada e ao olhar para o lado quem eu vejo? Vejo o Deus grego!

Estranho isso? Sim! O que ele quer aqui de novo? Me aproximo para atendê-lo. Ele parece confuso sem saber que arranjo comprar. Ele escolhe um arranjo de rosas vermelho e confesso, aquilo mexeu um pouco comigo. Presentar alguém com uma rosas vermelhas só significa uma coisa, paixão. Imaginei logo que ele era comprometido. Meu coração sentiu uma dorzinha. Confesso que fiquei tristinha.

Mas queria ter certeza. Fiz uma afirmação, Joguei verde para colher maduro. E para minha surpresa ele me diz que era solteiro. Ui! Agora gostei. Mas não me animei. Onde no mundo um homem como aquele iria notar, ou até mesmo se apaixonar por alguém como eu? Só em livros de romance e novelas. Na vida real isso é muito raro.

Conversando com ele o chamo de senhor por educação, mas ele não gosta e me pede para chamá-lo pelo nome. Victor! Gostei do nome e do dono dele também. Olho para ele e explico os significados das cores das flores.

Victor me olha fixamente. Ele parece estar tão atento ao que eu falo que me sinto até importante. Como se eu fosse uma palestrante. Nos trocamos olhares, mas melhor eu não me iludir. Pergunto logo a cor da flor que ele quer para o buquê. Victor volta a escolher de acordo com a pessoa que vai presentear.

Eu vou até o freezer e seleciono as rosas. Início o arranjo e ele puxa uma conversa. Não sei muito bem onde o Deus grego quer chegar, mas a dúvida fica no ar. Será que está apenas sendo simpático? Ou está querendo me paquerar?

Bom, eu estou ali pra trabalhar, conversar e escutar também fazem parte do atendimento ao cliente. Como ele está sendo respeitador continuo a dialogar. Gentileza gera gentileza. E assim finalizo o arranjo, concluo meu atendimento e sofro com a saída do meu Deus grego.

Digo "meu" só como uma maneira de falar. Por que meu mesmo, só se for em sonhos. Deve ter uma filha enorme atrás dele. E Nossa mãe! Ele saiu da loja, mas parece que o perfume ficou. Respiro fundo fechando os meus olhos apreciando mais aquele aroma. Aí! perfume gostoso. Amadeirado intenso. Quando eu tiver dinheiro vou comprar um desses pra dar de presente pro meu pai. Não pai não! Pra dar pro meu namorado. Isso quando eu tiver um. O perfume é tão bom e tão envolvente que até excita a gente. Ui!

Depois que ele saiu, mais clientes foram chegando. O dia foi mais agitado. Levanto as mãos pros céus para agradecer. Obrigado senhor! Pelo abeçoado dia. A receita foi boa, nunca tinha vendido tanto durante a semana sem ser data comemorativa. Acho que meu Deus grego me trouxe sorte.

A noite caiu e já está ficando tarde. Depois que atendo o último cliente já vou organizando tudo para ir embora. Saio para fora da loja, pego o cavalete e as flores que deixei na exposição para guardar. Naquele momento sinto uma forte sensação de estar sendo observada.

Na mesma hora eu paro o que estou fazendo e procuro na rua com olhar alguém que possa estar me observando. Mas não vejo ninguem. A sensação ainda estranha continua. É como se tivesse alguém ali, perto de mim, me olhando.

A rua não está deserta. Pelo contrário está movimentada. Mil pessoas passam de um lado para o outro ali. Algumas me olham e outras não. Mas não me refiro as pessoas que estão passando e que me olham de relance. Não sei se estou ficando doida ou se isso é fruto da minha imaginação. Um frio na espinha me sobe.

Pego os objetos fora da loja rapidamente e entro na floricultura. Guardo tudo e organizo a loja depressa. Recolho o lixo para colocar pra fora. Quando estou fechando a porta sinto novamente aquela sensação de estar sendo observada.

Olho para os lados e de novo não vejo ninguém. Abro rapidamente minha bolsa e pego a chave do carro. Ouço som de passos vindo em minha direção. Eu mesmo nervosa reúno o "pingo" de coragem que tenho e falo alto querendo saber se tem alguém ali.

- Oi! Quem tá aí? - Fala Adele com a voz trêmula

- Quem tá aí? - Fala Adele indo em direção ao beco escuro do lado da floricultura.

-Miau, miau.....- mia o gatinho saindo do beco escuro

-Aí! Que susto, gatinho.kkkk- Adele sorrindo Aliviada diz. Ela se abaixa e faz carinho no gatinho.

-Ow! Fofinho o que faz aqui no escuro? quer me dar um susto? Pois se queria me assustar conseguiu....KKK - Fala com uma voz manhosa enquanto continua a fazer carinho no animal.

- Tchau gatinho!- Se despede Adele.

O medo definitivamente faz a gente pensar coisas ruins. Confesso que pensei que daquele beco ia sair um assaltante. Mais ainda bem que saiu um gatinho fofinho. Depois de fazer carinho no gatinho volto a caminhar em direção ao estacionamento.

Nessa hora escuto o barulho de uma lata de lixo cair. Juntamente com aquele ruído ouço novamente o som de passos vindo do beco . Eu que não fico mais ali. Nessa hora deixo de bancar a detetive. Atravesso a rua quase que correndo olhando para atrás. Não vejo ninguém, mas não vou pagar pra ver.

Chego no estacionamento e olhando ao meu redor entro em meu veículo e depressa. Ligo o carro e saio rápido. Nao sei se foi coisa da minha cabeça ou se foi real. Mas eu é que não vou dar mole para descobrir no final.

Vou finalmente pra casa. Descansar de mais um dia exaustivo de trabalho. Ligo o som do carro e coloco a música da Adele, Rolling in Thales deep. Faz tempo que não escuto essa música. Quase que instantâneamente me lembro de Victor. Meu Deus grego acaba me visitando em meus pensamentos. Até o cheiro do perfume dele começo a sentir. Ow! Loucura. Mesmo sem querer me pego relembrando nossa conversa se hoje mais cedo. Sorrio comigo mesmo. Como sou boba.

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Comments

Zete Campos

Zete Campos

tô amando essa história parabéns autora pelo seu trabalho.

2024-11-13

0

Carleuza Almeida

Carleuza Almeida

Será que era o Deus grego🤔

2024-10-26

0

Arlete Fernandes

Arlete Fernandes

Deve ser o estrupício do vendedor do lado cúbica do ela! Ela tem que ficar mais esperta!

2024-09-16

0

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