Tronos

Os Tronos (em grego clássico: θρόνος, pl. θρόνοι; em latim: thronus, pl. throni) são uma classe de seres celestiais mencionados pelo Apóstolo Paulo na Epístola aos Colossenses 1:16. De acordo com o Novo Testamento, esses altos seres celestiais estão às ordens a serviço de Cristo.[]

São chamados também de erelins ou ofanins ou algumas vezes de Sedes Dei (Trono de Deus). São identificados com os 24 anciãos, que perpetuamente se prostram diante de Deus e a seus pés lançam suas coroas.

Tronos

Para São Tomás de Aquino, cada classe de anjo é chamada de “coro”. Aos tronos, compete manter a segurança do poder divino e delegar missões para os coros inferiores. Geralmente, são representados como jovens e bonitos ou como rodamoinhos de luz. São amantes da música e vivem com harpa e cítara nas mãos – é por meio do som que eles mantêm o trono de Deus. É possível que muitos deles tenham caído para o inferno junto com Lúcifer.

Enquanto eu olhava, vi ali quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a cada um deles…, as quatro rodas tinham o mesmo aspecto como se estivesse uma dentro da outra, ao se moverem caminhavam nas quatro direções e não se voltavam” (Ez 10,9-11). Os tronos, ou ofanins em hebraico, são os seres espirituais que estão próximos do trono de Deus junto com os serafins e querubins. Na visão de Ezequiel, eles formam as “rodas” do carro de Deus. Caminham juntos ao lado dos querubins e possuem a forma de fogo, tendo o seu reflexo límpido como o crisólito (Ez 10,9). Eles formam o terceiro coro da primeira hierarquia celeste. Possuem uma característica singular no modo como adoram a Deus. Se os serafins queimam na presença do Deus Todo-poderoso, e os querubins possuem a graça do sustento da shekinah divina, a tal ponto de ter em meio a eles as brasas da presença do Senhor, os Tronos, por sua vez, são habitados por Deus.

De fato, os anjos do terceiro coro da primeira hierarquia celeste possuem a graça de serem chamados de SEDE DEI (trono de Deus), no sentido que são o “assento” onde Deus possui seu trono. Com esses maravilhosos seres celestiais, aprendemos a dimensão da adoração feita e vivida na comunhão e na unidade, buscando se assemelhar ao modo como Deus se relaciona consigo mesmo, isto é, em um movimento de amor que sai de si em direção ao outro e ao mesmo tempo volta para dentro de si.

1 – Movem-se como rodas de fogo: movimento de amor

Os tronos são normalmente representados como rodas aladas que estão entrelaçadas entre si. Na teologia bizantina, a luz da visão de Ezequiel, os tronos são as “rodas” do carro de Deus. Enquanto os querubins sustentam a glória do Altíssimo, os tronos, por sua vez, carregam em si a presença inefável do Todo-poderoso. Mas por que roda?

No mundo antigo, a roda tinha o significado de movimento que a divindade realiza em direção a alguém2. Neste sentido, podemos dizer que os Ofanins possuem em sua natureza angélica a capacidade de adorar a Deus em uma atitude de constante saída de si, fazendo com que a sua adoração não seja algo externo somente, mas profundamente íntimo e secreto.

Então, o que podemos aprender é que a relação desses com o Senhor se constitui tão profunda a ponto de esses se moverem como rodas levando sobre si a onipresença divina em sem íntimo. A vida desses anjos está profundamente ligada ao desejo constante de servir a Deus em intimidade e unidade, comunicando aos outros das hierarquias inferiores a maravilhosa realidade da habitação de Deus dentro do coração de cada adorador3.

Sendo habitados por Deus, esses nossos irmãos se tornam o modelo de como é a vida de um adorador. Eu gostaria de fazer uma analogia de como os santos tronos poderiam nos ensinar sobre essa inabitação de Deus dentro deles.

Imaginemos uma lâmpada. Jesus nos ensinou que nós somos a luz do mundo (Mt 5, 13-16). Ora, a luz da lâmpada não lhe pertence, porque a lâmpada (lampião por exemplo) carrega dentro de si a luz do fogo que ilumina do seu interior para fora. Nesse sentido, podemos dizer que ser luz do mundo para o cristão é levar em seu seio a presença d’Aquele que habita a nossa alma, isto é, o próprio Deus Uno e Trino. Não somos nós a luz, mas Aquele que habita em nós e veio a este mundo (Jo 1, 9) é a única fonte de iluminação em meio às trevas. Portanto, o que aprendemos com esses irmãos é que eles são portadores da presença de Deus para os anjos e homens, como uma lâmpada que ilumina de dentro para fora.

2 – Carregam em si a presença de Deus

Uma outra característica dos santos tronos é aquela de “carregarem” a gloria de Deus. Ao mesmo tempo que são comparados a rodas incandescentes que levam de um lado para outro a inabitação divina dentro de si, eles também são considerados os assentos de Deus. Ora, tal analogia a um assento nos dá a ideia de que eles estão abertos a acolher em si a presença do Rei e toda a Sua majestade. Portanto, podemos também dizer que esses nossos irmãos estão profundamente ligados à realidade de governo e autoridade que emana diretamente de Deus4.

São Tomás de Aquino afirma que os tronos, por terem esta característica de acolherem em si mesmos a presença do Senhor, podem ser considerados os anjos que estão em maior intimidade e proximidade com Deus, uma vez que o próprio Deus a toca com a Sua presença fulgurosa ao “assentar-se “ neles. Este assentar deve ser entendido como uma espécie de posse, e de habitação5. Sendo assim, a união destes com o Senhor faz sim que estes não se corrompam, nem mesmo se deixem levar por outras distrações, uma vez que possuem em si mesmos toda a fonte de toda bem-aventurança. Já aqui aprendemos uma grande lição com os ofanins, a plenitude da nossa existência não está na beleza exterior e nas simples aparências, mas na riqueza interior da presença do Todo-poderoso dentro de nós.

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