Capítulo 5

No escritório

HENRIQUE: E aí meu chegado que cara é essa. Aconteceu alguma coisa? Quero saber se tu vai comparecer no futebol hoje a noite. Faz o maior tempão já, que você não dar as caras por lá. A turma está sentindo a sua falta e toda a semana perguntam por você.

LEONARDO: Hoje fui ao fórum acompanhar um amigo na primeira audiência da guarda de paternidade e apesar de não ser a minha área de atuação e o meu amigo ter o seu próprio advogado o representando, pediu para que eu fosse dar uma força e assim, eu o fiz.

HENRIQUE: Tá! E aí. O que houve lá?

LEONARDO: Mais o que eu não podia imaginar é que eu encontraria uma jovem tendo uma crise de pânico e das brabas pelo que eu pude observar. Justamente no elevador que eu peguei e para sorte da garota só estávamos nós dois e eu consegui graças a Deus acalma-la, lentamente ela foi vencendo a crise e voltando a si. Mais depois de me agradecer, ela saiu tão apressada que nem deu tempo para que eu pudesse passar o contacto da ONG. Se ela não estiver sendo acompanhada precisa de acompanhamento urgentemente.

HENRIQUE: Relaxa cara Deus tá no controle de tudo meu irmão. Só mais uma coisa marquei hoje, logo depois do futebol de encontrar com aquela gatinha que estou de chaveco mor tempão. Marcamos naquele barzinho e ficou certo, dela levar uma amiga. Cara quebra esse galho para o seu velho amigo vai. Eu nunca te pedir nada. Só dessa vez.

LEONARDO:Tá! Ta!, ta! certo. Eu vou, tá! Legal.

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RAFAELA

Chego em casa e vou direto para o meu quarto já faz tanto tempo que eu não tenho essas crises mais. O pior é que dessa vez veio muito forte e se não fosse aquele cara ali naquele exato momento nem sei o que teria acontecido comigo naquele momento definitivamente ele foi o meu salvador.

BERNARDO

Assim que chego em casa, percebo logo a porta do quarto da minha irmã fechada e isso só quer dizer uma coisa. Que ela não está bem, as vezes ela tem dessas coisas de ficar triste, mal mesmo. Penso que é a saudade dos nossos pais, misturada com medo do futuro, sei lá.

Já estou acostumado com isso e nesses momentos ela não tem muita vontade de nada e sei que faz um esforço tremendo para levantar e segui com o seu dia numa boa. Mais nesses momentos eu sempre faço a mesma coisa vou até o quarto dela dou três batidas na porta para que ela saiba que cheguei e que ela não está só, que eu sempre estarei com ela, aconteça o que acontecer.

A gente é igual cão e gato, brigamos muito mais quando ela esta assim, tristona. Eu desço vou até à padaria da esquina compro um potão de sorvete e coloco um filmezinho pra passar e a gente maratona aquelas comédias românticas previsíveis, que ela adora e que para mim, é uma espécie de tortura, mais só assim consigo tirar uns sorrisos dela. E vê-la feliz é a minha maior alegria.

RAFAELA

Quando o Bernardo me ver com a porta do quarto trancada ele sabe que não estou bem e ele tem uma maneira especial de me tratar nesses momentos, é como se eu fosse para ele uma menininha de quatro ou cinco anos. Ele compra um potão de sorvete,faz pipocas e assistimos aos meus filmes preferidos de comédia romântica, e eu me divirto mais com as caras que ele faz, enquanto assiste ao filme e com os seus comentários sarcásticos que só ele tem. Do quer com o próprio filme em si. Também aproveito mesmo aquelas cenas onde o casal apaixonado se declara um para o outro e me acabo de chorar com esse pretexto, e ele o meu irmão me dar colo e simplesmente não pergunta nada, e ele também não fala. Eu também não falo. Ele não precisa-me ouvi. Também não quero que ele me ouça. Só preciso que ele esteja ali do meu lado. Saber que não estou sozinha no mundo. Apenas isso. E não tem preço.

E como se fosse um roteiro já escrito e encenado várias vezes escuto os gritos do Bernardo. 📢📢📢

BERNARDO: Rafaelaaaaaaaa corre aqui já coloquei o filme anda maninha.

RAFAELA: Já estou aqui, pega a pipoca. Qual o filme você escolheu para a gente assisti primeiro.

BERNARDO: Claro que escolhi o seu filme preferido COMO SE FOSSE A PRIMEIRA VEZ com o babaca do Adam Sandler.

RAFAELA: Não fala assim dele irmão.

BERNARDO: Como não o cara só faz personagem pastelão.

RAFAELA: Nada disso, não fala assim, tem aquele filme GOLPE BAIXO muito bom e inclusive você gosta bastante desse. E também têm aquele outro mais pro lado do drama, como chama o nome desse, pera eu vou lembrar, é humm!....lembrei CLICK. Está vendo o melhor ator do mundo. Vai da comédia ao drama sem perder o rebolado. Ele é bom sim, não faz essa cara.

BERNARDO: Tá!, Tá!. Tá bom você venceu. Mais não precisa exagerar o melhor do mundo, magrela ai já é demais, né. Não fossa caramba. Agora deixa eu curti aqui a atuação da gatissima a eterna pantera minha preferida Drew Barrymore

RAFAELA:Vocês homens são todos tarados. Só pensam em peito e bunda.

BERNARDO: E vocês, mulheres são tudo emocionadas demais, só pensam em romantismo, tudo é romântico.

RAFAELA: Tá bom Bernardo deixa de ser chato se não quem vai escolher o próximo filme serei eu e até já sei como te castigar por esses seus (comentários) bestas, dúvida? Maninho.

BERNARDO: Nãooooooooooo rsrs...

Me devolve o controle agora, Rafaela.

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Enquanto isso no barzinho o papo rende solto entre Henrique e a sua acompanhante e para ele a noite é apenas uma criança, e vai ser prazerosamente longa e pelo que parece a estratégia de levar Leonardo como suporte foi bem sucedida. Já Leonardo, por outro lado encontra-se terrivelmente entediado com o papo da moça a sua frente e não resta a ele menos do que ser forçadamente educado naquele momento.Assim as horas vão passando e já na madrugada precisamente por volta das duas horas o casal mais empolgado da mesa decide ir embora para alívio do Leonardo, que hoje não tá pra caça não, pois a loira siliconada toda oferecida a sua disposição, não lhe despertou nada, coisa alguma. Então ele decide dar por encerrado o encontro daquela noite e parte para o seu apartamento a fim de ficar apenas na boa companhia de uma boa garrafa do seu vinho preferido, enquanto simplesmente não faz nada e pensa em nada. Um momento unicamente dos homens e que só eles entendem essa coisa da "caixa do nada" o tempo em quer ficam presos por horas e horas. Mais mesmo assim em alguns momentos desse estado incrivelmente relaxante, a imagem da garota que ele ajudou no elevador se faz presente o deixando dessa forma um tanto curioso por não consegui esquecer a bela jovem ao mesmo tempo que não consegui lembrar claramente da sua fisionomia e decerto que se a encontra-se novamente não a reconheceria mesmo.

Porque as vezes simplesmente, guardamos a intensidade dos momentos e não quem ou quer provocou em nós tamanha emoção. Pois somos tomados por uma necessidade angustiante do viver e do senti, que pulsa freneticamente em nós, e assim seremos regidos por laços que vão, mais além do nosso entendimento.

))QUEM é ela, PORQUE eu estive ali naquele momento, VOU vê-la novamente, PORQUE não consigo esquecer ela.(( São algumas das perguntas que se alimentam da curiosidade inquietante do Leonardo e aos poucos elas serão sim, devidamente respondidas pela vida.

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