Capítulo 02

O meu tio apontava para o Luca que estava sentado do lado do meu pai. Ele me beijou e me sentou ao seu lado, quase tirou o meu pai do lugar dele para ficar perto do Luca.

LUCA: Sabe que amamos muito vocês, todos são muito importantes para nós.

MATTEO: Sei disso, Luca, e sinto um orgulho imenso por te ver assim, realmente tem tudo do seu pai, principalmente a seriedade.

Fiquei estranha de novo e comecei a sentir muita falta de ar. O Meu tio percebeu e procurou acalmar-me.

MATTEO: Desculpa, te apertei demais... Estou aqui minha pequena, vou cuidar de você para todo sempre...

Ele sabe como me fazer ficar tranquila, embora já tenha 17 anos, ainda sinto muito mal quando sou tocada, parece que vou carregar isso para todo sempre.

A minha mãe me preparou um chá, e fui logo tomando para me sentir melhor, em seguida subi para tomar banho e me vestir para o jantar. Como está a minha aparência? Horrível, não sou igual às outras meninas que gostam de maquiagens, roupas de grife e são lindas. Sou apenas a Liz, com uma pele horrível, com acnes e muito mais. Ninguém nunca olhou para mim.

HELENA: Liz, sempre mandamos dinheiro para vocês, e tinha uma pessoa responsável para fazer compras, sem contar as roupas que sua tia Emily te mandava.... Não entendo, só tem moletom?

EMILY: Helena, ela se sente bem assim... Tudo bem Liz, vem sentar-se do meu lado.

"Mãe, não gosto daquilo... Me sinto muito melhor assim."

HELENA: Ok, mas vamos sair para fazer compras, tem que comprar umas roupas melhores.

"Tudo bem, como a senhora quiser..."

Depois do jantar fui para o meu quarto, estava exausta e queria muito dormir. Já estava deitada quando o meu pai bateu na porta.

HUGO: Filha... Só vim desejar uma boa noite.

"Boa noite pai, até amanhã."

HUGO: Boa noite meu anjo, até amanhã...

O meu pai saiu, fui para cama. Normalmente durmo muito rápido, mas ver o Enzo me fez uma confusão na cabeça, todas as vezes que fechava os olhos lá estava, a imagem do sorriso dele, os seu perfume entranhou no meu nariz que não me deixava em paz.

Saí do meu quarto e fui para o quarto do Luca, nossa convivência não mudou em nada, ele ainda cuida de mim como antes.

LUCA: Oi Liz... Está tudo bem?

"Não, posso dormir aqui?"

LUCA: Vem aqui... Já imaginava que ia ficar assim, acho que foi uma péssima ideia ter voltado.

"Amanhã vou falar com o papai e a mamãe, já quero ir logo para lá."

LUCA: É muito jovem para destruir a sua vida assim, e o Enzo não vale a pena, pode se apaixonar de novo... Na verdade, penso que nem é paixão, eram só duas crianças.

"Não sei do que está falando."

Entrei debaixo do cobertor, Luca me cobriu e deu um beijo na minha testa. O meu irmão é tudo para mim, ele me dá carinho, me protege e cuida de mim, e simplesmente o meu herói. Gosto de segurar a sua mão para dormir, e assim foi.

LUCA: Nunca me disse nada, mas sei que gosta dele e que é por isso que quer se trancar naquele lugar... Não faz isso, Podemos voltar para a Alemanha, e pode gostar de outra pessoa.

"Então né Lucas, por que não gosta de outra pessoa também? Pode esquecer ela e ficar com outra garota..."

LUCA: Vai dormir Liz...Deixa de falar bobagens...

"Estamos predestinados ao sofrimento, pessoas infiéis e ingratas... É melhor ela nem aparecer aqui, por que do jeito que aquele babaca tem agido, é capaz de ficar com ela."

LUCA: Ele não é louco... Estou com muita raiva dele, se ficar falando demais soco a cara dele... Infeliz...

"É melhor irmos dormir, não vamos ganhar nada falando do Enzo e da Lavínia."

LUCA: Não fala o nome dela...

Depois de conversar um pouco, acabei dormindo. Pela manhã, acordei com alguém passando a mão no meu rosto. Abri os olhos e Luca estava acariciando o meu cabelo e os meus pais em pé ao lado da cama.

HELENA: Bom dia meu amor... Deveria ter ido para o nosso quarto, adoraria dormir assim com você.

"Bom dia... Bom dia pai, estão aqui há muito tempo?"

HUGO: Não, acabamos de acordar o Luca... Está tudo bem? Por que dormiu aqui com o seu irmão?

LUCA: Ela sempre faz isso quando está em crise... Está tudo bem.

HUGO: Ok, mas já estão grandes para isso...

Me ajeitei próximo do Luca, ele foi e me abraçou ainda mais.

LUCA: A Liz é e sempre será a minha menina, minha irmãzinha... Sei o que está dizendo pai, mas não me importo com o que os outros pensam, para mim a única coisa válida é cuidar dela.

HUGO:Ok, me perdoem... Estou errado, mas vamos descer e tomar o café da manhã em família... Estou com saudades dos meus filhos.

Ele saiu do quarto em seguida, a minha mãe ficou me olhando séria, sei que já está imaginando coisas.

HELENA: Filha, vem comigo... Vamos conversar um pouco... E trocar de roupa.

Fiz como ela disse. Fui para o meu quarto, tomei banho. A minha mãe ficou lá perto de mim e assim que saí do chuveiro ela começou a fazer um monte de perguntas.

HELENA: Os dois saíram de dentro de mim, sei muito bem que estão com problemas, quero que me fale, Liz.

"Estou bem mãe, só mudei de planos... Não quero fazer faculdade nenhuma, quero ir para um convento."

A minha mãe ficou pálida. Ela colocou as mãos no rosto e depois no peito, ela puxou o ar bem fundo, mas a impressão que tive é que não entrou nada, por que logo em seguida ela desmontou-se no chão.

"MÃE... Mãe..."

Ela colocou a mão na cabeça e começou a chorar, o meu coração doía sem saber o porque. Saí e chamei o Luca, mas quando estávamos voltando dei de cara com o meu pai.

HUGO: O quê está fazendo de tolha no corredor Liz, onde está a sua mãe?

LUCA: No banheiro, desmaiada...

O meu pai também ficou pálido, ele se virou correndo e foi para o meu quarto. Ao entrar no banheiro, a minha mãe estava se levantando sozinha, ele nem esperou ela falar nada, segurou ela nos seus braços e colocou na minha cama.

HUGO: Amor... Helena, o que houve...

HELENA: Já estou bem... Foi só um mal-estar, já passou.

HUGO: O que aconteceu Liz?

"Nada, só falei que não quero ir para a faculdade... Pai, quero ir para um convento."

Ele ficou pálido, mudo e com os olhos arregalados, a minha mãe começou a chorar novamente com a mão na cabeça, não entendia a reação estranha deles. O meu pai simplesmente ficou me olhando sem dizer nada.

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