Capítulo 10

...🆅🅰🅻🅴🅽🆃🅸🅽🅰 🅼🅾🆁🅴🆃🆃🅸...

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...Recebi a orientação de tomar banho e ir para a cama. Suas palavras soavam como uma ordem fria, tornando o quarto ainda mais opressivo. Sentia-me vulnerável, obedecendo, ciente de que minha autonomia fora totalmente tirada. Ele era muito maior, eu não podia bater de frente com ele....

...— Cuide, vá tomar um banho e venha me satisfazer. — Disse livrando-se da roupa que vestia, e deitou-se sobre a cama....

...Caminhei até o banheiro, sentindo meu sangue esfriar nas veias. Tirei minhas roupas deixando algumas lágrimas escaparem. Liguei o chuveiro, sentindo a água morna lavar meu corpo e levar junto às lágrimas....

...Demorei bastante no banheiro, buscando refúgio momentâneo na água que caía, uma tentativa de lavar não apenas o corpo, mas também a sensação sufocante que me envolvia. Cada minuto sob o chuveiro era uma pausa desesperada, uma fuga temporária da realidade sombria que me aguardava fora daquele espaço. Parece que eu estava prestes a entregar a minha pureza pela primeira vez, a pureza que entreguei ao homem que era tão importante em minha vida. Mas, era como se eu estivesse pura novamente, já que durante esses quatro anos eu não me entreguei a nenhum homem....

...O chuveiro estava ligado, a água entretanto, não conseguia lavar as marcas invisíveis da indignidade e do desconforto que se acumulavam. Mesmo enquanto me demorava no banho, sabia que em breve teria que enfrentar novamente a cruel realidade que se desenrolava além da porta....

...Meu coração batia freneticamente no peito, um eco acelerado da ansiedade que envolve cada fibra do meu ser. O som pulsante ressoava no silêncio do banheiro, como se meu corpo tentasse expressar a agonia que palavras não podiam transmitir....

...Meus pensamentos foram imediatamente para Renner, amanhã será seu aniversário e eu não irei está com ele....

...— Meu filho, eu te amo tanto, sinto tanto a sua falta. — Chorei, escorregando pela parede até chegar no chão....

...As palavras, carregadas de saudade e dor, escaparam entre soluços enquanto as lágrimas se misturavam ao desespero. Cada frase era uma expressão visceral do amor perdido e da ausência insuportável. No chão frio do banheiro, entreguei-me à tristeza que ecoava naquelas palavras, permitindo que a dor fluísse em lágrimas silenciosas....

...Uma batida na porta fez com que eu despertasse imediatamente para a vida real, e me levantasse rapidamente do chão....

...— Cadê você, brinquedinho? Morreu no banheiro? — indagou o homem. — Venha logo, não se faça de inocente, porque sei que não é. Eu estou louco para pôr minhas mãos em você, e explorar cada buraquinho desse belo corpo....

...A voz dele impregnada de sarcasmo e autoritarismo, reverbera no quarto. A sensação de estar sob vigilância constante era como uma corrente que me prendia a esse pesadelo insuportável. A realidade cruel aguardava do lado de fora da porta, e eu sabia que não havia escapatória possível. Olhei para o ralo, desejando ao menos ser uma formiga para poder fugir....

...Respirei fundo, tentando reunir qualquer resquício de coragem que restava dentro de mim. A porta se abriu, revelando a figura do homem que exercia controle implacável sobre minha existência. Seu corpo nu estava à mostra, virei o rosto, eu não queria olhar e muito menos me entregar a um estranho....

...— Já estava na hora, não é? — ele disse, o tom de desdém acentuando cada palavra....

...Deixando para trás a breve pausa que me ofereceram um momento de refúgio. Segui em direção ao homem, cada passo uma resignação forçada diante da realidade imposta. Seus olhos, carregados de domínio, examinavam-me como se eu fosse uma posse, um objeto destinado a satisfazer suas vontades. Engoli o seco da garganta, ao perceber que o momento aproximava-se....

...— Você não pode escapar do seu destino, brinquedinho. — Ele proferiu, reforçando a sensação de prisão que me envolvia....

...Meu olhar pairou sobre a cama, eu me via presa em um ciclo de submissão e desespero, consciente de que a luta contra essa realidade cruel seria uma batalha incessante e exaustiva....

...— Coloque isso e faça uma dança sensual para mim. — Ele me estendeu as mãos e me deu a máscara que eu estava usando mais cedo....

...As palavras dele cortaram o ar, introduzindo mais uma exigência de submissão. Uma máscara de obediência se instalou em meu rosto, enquanto eu obedecia à ordem, ciente de que resistir só aumentaria a crueldade da situação, e faria aquele ogro maldito, cumprir suas ameças de me punir, se eu fizer algo dar errado....

...A música começou a tocar, e, naquele momento, a dança forçada não era apenas um ato físico, mas uma representação simbólica da minha rendição contínua a um poder que transcendia meu controle. O corpo, antes meu, tornou-se um mero instrumento nas mãos daquele que detinha o domínio absoluto. Cada toque seu, me dava asco....

...Nesse meio tempo, quando aquele homem me puxou para si, alguém bateu na porta do quarto. Ele praguejou algo em hebraico e se dirigiu até a porta. Aproveitando a oportunidade, corri até a cama e me cobri com o lençol, uma tentativa desesperada de recuperar um mínimo de privacidade e resguardo já que eu estava sem roupa....

...Os murmúrios na língua estrangeira do homem e os sons abafados da conversa que se desenrolava na porta eram um breve alívio. A cama, embora um refúgio momentâneo, tornou-se meu esconderijo, uma tentativa frágil de escapar momentaneamente da cruel realidade que se desdobrava do lado de fora....

...Uma voz familiar, que eu reconheceria a quilômetros de distância, invadiu o quarto, assim como o homem invadiu. Seus olhos encontraram os meus. E naquele instante, eu o reconheci. Meu coração bateu forte no peito....

...O encontro de olhares foi como um raio de luz em meio à escuridão. Naqueles olhos conhecidos, encontrei um vislumbre de esperança, uma promessa de resgate em meio ao pesadelo. ...

...Eu o conheci, mas ele talvez não me conheça por causa da máscara....

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