Ainda com o pensamento no passado, Damon lembrou de como foi a sua reação assim que a viu, no dia do divórcio.
Ele se virou com o coração mais acelerado do que pudesse controlar.
A mulher que virou sua vida de cabeça para baixo entrava lentamente e não o encarou, à princípio.
Ela se sentou a sua frente, com o perfume familiar a invadir suas narinas. Com os sentidos atraídos por ela, tentou disfarçar seus verdadeiros sentimentos.
Ele reteve na memória, a fisionomia triste dela, entretanto, não deveria se comover.
" Resista! Não estrague tudo, cara!"
Para se conformar, imaginou o motivo daquela aparente tristeza. Sally não conseguiu o propósito de arrancar até o último centavo do seu bolso com sua ardilosa irmã Sam.
Lucca o interrompeu:
— Damon, o documento! Assine!
Sem mais, os papéis foram assinados por ambas as partes, mas não passou despercebido a ele, que momentos antes, Sally hesitou em assinar, como se quisesse declinar do divórcio.
Assim que tudo terminou, ele e o irmão, como tinham combinado, levantaram-se apressados e saíram em silêncio.
Sally, como se despertasse de um estado de torpor, seguiu atrás deles.
— Damon, espere...
Ele nem acreditava que estava ouvindo aquela voz aveludada e cheia de artimanhas chamando-o de novo.
— Vamos, Lucca, não vou falar com ela...
Mesmo sendo ignorada, Sally continuou chamando por ele, apressando os passos.
— Ah, não, Damon, estou curioso! Quero saber o que é! — O irmão parou, forçando-o a virar-se, enquanto ela chegava com a respiração curta.
Seus olhos fitaram os lábios carnudos e semiabertos da mulher , que lutava para recuperar o fôlego.
Escondendo os sentimentos contraditórios, ele falou rispidamente:
— O que foi dessa vez? Já não fui bem claro que não quero mais você na minha vida?
A palidez repentina de Sally não lhe deu a sensação de vitória.
" Droga! Estou me tornando pior que ela!"
Sally engoliu em seco. Meio trêmula retirou algo da bolsa.
Os olhos dela estavam lacrimejantes.
— Pode ser que você não me quer em sua vida ... Mas nunca foi minha intenção te magoar e só concordei com o divórcio porque essa é a única forma de fazê-lo entender que não é o seu dinheiro que eu quero.
Damon e Lucca se olharam, perplexos.
Ela ergueu a mão esquerda.
— Pegue...
O rapaz observou os dois envelopes e não sabia o que dizer. Lembrou que ela lhe disse que ia mover céus e terra para pagar o dinheiro que a irmã devia... Mas e o outro envelope? Uma carta assumindo seus erros?
Olhou-a de forma penetrante, antes de pegar os dois envelopes.
— Que é isso?
Ela umedeceu os lábios e falou emocionada:
— O primeiro é o cheque para pagar a dívida, como prometi e o segundo é uma notícia...bem...
Ele a interrompeu, com falsa frieza.
— Eu não quero nada que venha de você! Não vou mais cometer esse erro!
Com isso, ele começou a rasgar os papéis.
Sally, de olhos arregalados, exclamou algo que não conseguiu entender de tão atordoado que estava com suas próprias atitudes.
—Bom, se era só isso... Adeus!
Em desafio, deixou ainda os papéis caírem das suas mãos em frente aos olhos cinzas de Sally, que de espantada foi assumindo uma expressão de raiva.
Engolindo o choro, ela levantou o dedo indicador em riste e avisou entre dentes:
— Pois agora, senhor Petrakis, sou eu quem digo: entre nós não há volta!
— Voltar com você? Deve tá sonhando!
Sally soltou um murmúrio chocado.
Antes que ele evitasse, levou um tapa.
E rapidamente ela se virou e foi embora.
Lucca não se aguentou.
Começou a rir, zombando da situação que presenciou entre o irmão e a ex.
— Essa sim foi a melhor obra de arte de Sally! A marca da mão dela em sua cara! Que obra-prima!
O local ardia e ele acariciou a pele avermelhada do rosto.
Pior que a agressão física, era esconder o impacto que as palavras dela lhe causaram. Esboçou um sorriso amarelo, mas por dentro, o coração estava totalmente partido.
Voltando ao presente, de novo consultou o relógio. Faltavam oito horas de viagem. Tempo suficiente para sentir o coração palpitar mais forte e a ansiedade lembrá-lo que por mais que desejasse esquecer Sally, a ladra do seu coração, seria uma missão que levaria tempo.
Abriu de novo a revista. Não precisava ler a reportagem sobre Sally. Pularia essa parte. "Então, lá vai! Um, dois três e já!"
Acabou se atrapalhando e adivinha? A maldita página saltou diante dos seus olhos mais uma vez.
Tarde demais.
Não adiantava resistir. Como podia esquecê-la?
A reportagem explanava sobre a trajetória de uma simples órfã, que ao ficar adulta, formada na faculdade de Artes Plásticas, trabalhou antes como guia num museu, até realizar o sonho de ter sua própria galeria de arte e expor seus trabalhos, que cada vez mais conquistava mais admiradores e clientes de todas as áreas.
Sua exposição, segundo estava na revista, encerraria naquela noite.
Percebeu que em nenhum momento Sally citou algo a respeito da sua irmã.
Muito estranho.
Antes de continuar a ler, seus olhos escorregaram para a foto estampada na página da revista.
A mulher carismática e sorridente, deixou-o desconcertado.
"Linda como nunca! Que ódio!"
O sabor amargo que surgiu na sua boca não foi por acaso.
Definitivamente, o reflexo era de alguém que não media esforços para conseguir realizar seus desejos custe o que custasse.
Sally tinha uma aparência angelical e facilmente enganaria um homem desavisado. No entanto, mesmo assim, arrependia-se de ter sido tão duro com ela.
'Só um milagre para os dois voltarem...Não adiantava nem tentar."
Seus olhos foram novamente atraídos para a imagem. Franziu o cenho, espantado . Havia um "certo detalhe" em Sally que só naquele instante percebia. "Como não havia visto aquilo antes?" A ficha caiu e exclamou bem alto:
— Oh, meu Deus!
( Um milagre?!)
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 68
Comments
Lele “Lele” Almeida
vdd 🙏
2024-09-13
1
blog da Vavá
Eu acho que um dos papéis seria um teste de gravidez
2024-09-08
3
Jeneci Nunes
o que será que o Damon viu?
2024-06-05
2