Andressa.
E deu certo, muito certo mesmo. Minha terapia virou ser uma estilista amadora. Conforme eu ia entregando as roupas, ela ia me pedindo mais e me pagando mais, e pude começar a juntar dinheiro.
Abri uma conta no banco e comecei a guardar o dinheirinho lá, pois tinha medo de ser roubada na pensão. Com esse medo, aluguei um apartamento pequeno, mas que ninguém tivesse acesso a ele, a não ser eu.
Ela começou a me indicar para suas amigas, e havia dias em que eu não dormia a noite toda, porque estava fazendo as peças. Trabalhava no outro dia, morta de cansada, mas estava valendo muito a pena.
Mas chegou uma hora em que o meu corpo não aguentava mais. Não conseguia dar conta disso tudo, então resolvi pedir demissão. Com o dinheiro ganho, aluguei um ponto onde nos fundos havia uma parte em que daria para eu colocar a máquina. Na frente, venderia as peças.
Comprei mais duas máquinas e deixei de reserva, caso uma quebrasse, eu teria outra acessível. Comecei a minha produção e aos poucos fui enchendo a minha loja de roupas exclusivas, mas com preços justos. Eu tinha passado por tantas dificuldades que desejava que mesmo quem não tinha muito dinheiro, assim como eu, pudesse comprar uma peça de roupa.
Uma mulher entrou na minha loja, observou tudo, olhou para mim e me fez uma proposta.
— Suas roupas são muito bonitas, não se encontram outras peças iguais em nenhum lugar.
— Eu mesma que faço, senhora. Procuro sempre estar modificando para que sejam peças únicas.
— Eu tenho uma loja de grifes. Quero que trabalhe para mim. Pagarei 1000 dólares por mês.
— Se tivesse me conhecido quando cheguei aqui na capital, eu teria aceitado com o maior prazer. Mas agora não. Agora eu quero ter o meu próprio negócio e prefiro fazer e vender.
Ela olhou para mim de um jeito que não gostou da minha resposta. Mas eu não queria largar o que eu tinha construído do zero para voltar a trabalhar para os outros, mesmo que o salário fosse vantajoso.
Ela sorriu e saiu da minha loja. Espero que ela não me dê dor de cabeça, pois percebi pelo seu sorriso que isso não ficaria por isso mesmo.
Pois é, e não ficou. Aos poucos as minhas clientes foram embora e eu fui perdendo vendas. Será muito difícil me erguer novamente.
Um dia, após mais um dia de fracasso, fechei a loja e resolvi caminhar pelas lojas para tirar ideias de novos modelos para fazer novas fabricações. Foi aí que me deparei com uma lojinha que estava vendendo peças exclusivas por um preço abaixo do meu.
Foi aí que percebi a importância da concorrência. Nem entrei na loja, mas notei que algumas das roupas na vitrine eram muito parecidas com as minhas. E foi aí que eu me tornei uma mulher competitiva.
Voltei para o meu apartamento e comecei a pensar em uma forma de reverter isso. Tenho certeza de que aquela loja é daquela mulher e eu não posso deixar que ela me derrube.
Comecei a folhear revistas de moda e procurar novas roupas. Trouxe uma das máquinas para cá e comecei a fazer as produções. Uma das coisas a mais que fiz foi criar roupas plus size, assim teria um público maior.
Essas novas peças não levei para a loja. Tirei fotos delas e deixei aqui no meu apartamento. Quem se interessasse, eu mostraria a foto e levaria no outro dia.
Baixei os preços das roupas que eu tinha na loja e coloquei uma placa na frente. As minhas clientes voltaram e eu pude apresentar as novas peças. Voltei com minhas vendas com tudo.
As peças da loja se esgotaram e eu fui fabricando mais e mais. As peças de casa, fui deixando lá somente para as mais importantes, já que o tecido era melhor e eram diferentes de tudo.
Assim fui crescendo na vida. A mulher tentava me derrubar, mas eu sempre dava a volta por cima. Com tudo isso, fui aprendendo sobre como ser cada fez mais competitiva e sempre querer estar no ranking das lojas mais vendidas da Itália.
Até que teve um desfile de moda e eu, estando entre as primeiras, recebi um convite. Claro que aceitei. Fabriquei roupas novas e as levei somente no dia do desfile.
Todos amaram meus vestidos e com isso ganhei muitos clientes, principalmente empresas maiores. Fizeram tantas encomendas que fui obrigada a contratar mais gente para trabalhar comigo e abrir mais lojas.
Minhas roupas começaram a ganhar fama e eu comecei a subir de verdade. Abrir firma e Formei a minha própria grife, nomeei de Loren Model, pelo abreviação do sobrenome do meu pai.
Já não tinha mais a preocupação do que iria comer amanhã ou se conseguiria pagar minhas contas. Estava tudo indo muito bem.
Comecei a enviar dinheiro para a minha mãe, mas na conta da amiga dela, já que minha mãe não tinha conta, tudo estava em nome do meu pai. Consegui um advogado para que ela recebesse uma pensão do meu pai e também para tratar do caso do Hugo.
Depois de alguns dias, o advogado entrou em contato comigo e marcamos de nos encontrar em uma lanchonete. Quando cheguei, ele já estava me esperando e se levantou ao me ver.
— Senhora, a pensão para sua mãe eu consegui. No próximo mês, ela começará a receber. Mas no caso do seu marido, eu ainda não consegui nada. Os documentos que vocês assinaram eram legais e ficou como se ele tivesse comprado tudo e não como uma doação.
— Como compra, se ele não pagou nada?
— Mas foi isso que ele colocou no contrato. Que vocês venderam para ele a fazenda e ele pagou no dinheiro em espécie. Fica impossível de provar que ele não pagou.
— Mas e as contas dos bancos que ele também pegou?
— Também está no contrato. Ele alega que seu pai passou junto com a fazenda, pois eram os lucros da mesma.
Fecho meus olhos. Isso está me tirando do sério. Ele tinha tudo planejado, tudo arquitetado para fazer isso no dia do nosso casamento.
— E tem mais. Se fosse a senhora, entraria com o pedido de divórcio o quanto antes. Ainda estão casados legalmente e ele pode ter direito a parte do dinheiro que a senhora está conseguindo agora.
— Ele tem direito? — ele concorda com a cabeça. — Então eu também tenho direito à fazenda?
— Tem, mas como a senhora mesma disse, foi ameaçada para sair de lá. Como vai voltar?
— Então entre com o pedido de divórcio. Vou dar um jeito de tirar as coisas que estão no meu nome por um tempo. Aquele infeliz não levará mais nada meu...
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Atualizado até capítulo 64
Comments
Jucileide Gonçalves
Caramba! Ela tem que urgentemente se divorciar antes que ele descubra tudo e vá atrás dos direitos.
2024-12-14
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Ivanilde Serra
Muito bom Andressa, está no caminho certo
2024-12-17
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Wilma Lima dos Santos
Meu Deus, essa coitada não tem um minuto de paz
2024-11-27
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