Andressa
Estou indo para a minha primeira sessão de terapia com a psicóloga depois que tudo aconteceu, as coisas ainda pesam na minha cabeça, e para que eu não enlouqueça, resolvi procurar ajuda.
Espero meu nome ser chamado pela médica, o que demora uma eternidade. Usar tratamento público é uma maravilha, acho que já vou deixar marcado aqui meu reumatismo, para quando chegar na minha velhice eu ser chamada.
Duas horas sentada na espera, enfim, meu nome é chamado.
— Olá, Andressa, sente-se e fique à vontade.
Me sento em uma poltrona nada confortável, vou ver se consigo um trabalho noturno para que eu possa pagar uma terapia onde eu me sinta confortável.
— Vamos lá, antes de tudo, você pode me dizer seu nome, sua idade, seu trabalho e tudo que diz respeito a você.
— Me chamo Andressa... Bittencourt, tenho 20 anos, trabalho como serviços gerais em uma empresa e sou do interior da Itália.
— Muito bem, me diga, por que me procura?
— Tenho pesadelos com o que aconteceu, minha cabeça gira em torno da tragédia 24 horas por dia. Todas as noites eu sonho com o meu ex-marido me achando e me vendendo como mercadoria, ou então, me vejo em uma vida confortável, e ele leva tudo que eu tenho de novo.
Ela começa a anotar na prancheta dela tudo que eu falo. Eu sei que isso deve já ser padrão, mas eu ainda não me sinto confortável aqui.
Mas o pior vem agora, ela me dá uma receita para que eu consiga dormir, e diz que isso é tudo fruto da minha cabeça. Quando eu quiser parar de pensar nessas coisas, elas se vão.
Pois nosso cérebro só guarda aquilo que queremos. E a morte do meu pai e toda a desgraça que aconteceu deveria já ter sido cicatrizada, já que o caso ocorreu a quase um mês.
— Marque para daqui um mês com a recepcionista, se os remédios não adiantarem, a gente muda a medicação.
Não sou de bater boca com ninguém, mas tenho vontade de mandar ela tomar bem no meio do buraco de trás dela.
Me levanto e vou embora mais frustrada do que quando eu cheguei aqui. Pois eu pensei que ia sair com uma solução, acabei saindo com mais problemas, pois vou ter que gastar dinheiro para comprar os medicamentos.
Vou até um caixa eletrônico e puxo o extrato da minha conta, e somando tudo, os remédios não caberão no orçamento.
Abaixo minha cabeça e me pergunto, quando isso vai mudar? Será que algum dia eu não vou precisar contar moedinhas para que eu possa seguir minha vida com tranquilidade?
Saio dali e pego o ônibus que está passando e vou para o meu trabalho. Chego bem em cima da hora e vou tomar café antes de começar o meu trabalho.
Diariamente eu faço minhas refeições aqui, o que me ajuda muito a economizar. Somente nos meus dias de folga, que é no Domingo, que eu como em casa e sempre é algum lanche, para que não fure meu orçamento e eu passe o restinho do mês sem nada.
Aqui eles fornecem café da manhã e almoço. Normalmente eu não janto, então, não tenho problema nenhum.
Termino meu café, e antes de sair, uma mulher entra na sala. Ela me olha de cima a baixo, ela é a secretária de um dos patrões aqui da empresa.
— Oi, posso falar com você? Eu juro que vai ser rapidinho. — Olho para trás e vejo se a Marli não está vindo, pois ela não gosta que eu converse no trabalho.
— Pode sim, mas rápido mesmo, pois preciso levar esses cafés em todas as salas rsrs.
— Vi essa roupa que você está usando e gostei muito. Não é inveja, mas onde você comprou? Porque por aqui eu nunca vi uma peça desse jeito. E elas são perfeitas.
— Eu mesma fiz, pois na situação em que estou, não pude comprar uma na loja. Então, eu mesma preparei.
— Tá falando sério? Ficou muito boa. Dá uma volta, só um minuto... — Faço o que ela pediu e vejo seus olhos brilharem. — Quanto você cobra?
— Eu não sei, não fiz para vender, e sim para usar. Não tenho noção de preços dessas coisas, ainda mais aqui na cidade grande onde tudo é o preço dos olhos da cara.
— Certo, só um minuto. — Ela mexe na bolsa dela, me entrega duas notas de 100 dólares e diz: — Acha que isso dá? Se não der, eu te dou mais, só que eu quero mesmo uma peça igual a sua.
Olho para as duas notas, e foi exatamente com esse dinheiro que vim para cá, comprei os tecidos e ainda está sobrando o restinho.
— Não, isso é suficiente para fazer a roupa. Como você quer? Do mesmo estilo do meu? E de que cor?
— Quero o mesmo estilo, mas se puder fazer na cor creme, agradeço, pois é uma cor que combina mais comigo, e eu gosto dessa cor, deixa meu bumbum maior rsrs.
Dou risada junto com ela, pergunto se ela tem uma fita métrica, e ela diz que tem na sua mesa. Ela vai e volta em menos de um minuto, e eu tiro suas medidas.
— nossa, tenho certeza que você é profissional mulher.
— sou não, apenas aprendi com a minha avó, e isso salvou a minha vida aqui, já que não pode comprar nessas lojas caras.
— Verdade, aqui é tudo caro mesmo, mas pelo salário que ganhamos, dá para comprar sossegada.
Concordo com ela, digo que amanhã mesmo trago o conjunto. Ela agradece, e volta para sua mesa. Olho para o dinheiro, sorrio, pois não vou precisar usá-lo para comprar a roupa. A cor que ela quer, já tenho na pensão.
Então, vou usar o dinheiro para comprar uma máquina de costura. Quem sabe eu não agrade mais clientes com isso, e ganhar um extra fora do meu trabalho.
Ou quem sabe, eu monte uma lojinha para vender minhas roupas? Hum, acho que já tenho um objetivo a alcançar na minha vida. E se der certo mesmo, vou esfregar a cara do Hugo, no chiqueiro dos porcos do Sr. Gustavo, nosso vizinho que tem criação de gados...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 64
Comments
Ivanilde Serra
Essa médica está precisando fazer um tratamento, isso sim, como se esquece uma loucura dessa em um mês?
2024-12-16
0
Teresa Jordão
como assim cicatrizados???? dentro de um mês??? Essa médica que está precisando de psicóloga.
2025-03-01
0
Ivanilde Serra
Eu não compro, tenho certeza que não vai te ajudar em nada essa medicação.
2024-12-16
0