Capitulo 5

Olho para meu pai, que está com uma expressão vazia, e olhava para o nada.

O abraço.

Ficamos ali por um bom tempo. Até que então decidimos ir vê-la.

Os dias foram passando. Eu revezava com meu pai e Edna para ficar com minha mãe no hospital. Meu pai parecia que tinha envelhecido uns 10 anos... Estava totalmente abatido, não existia tratamento que pudesse realmente curar ela, e não tinha dinheiro no mundo que poderia dar mais tempo para o amor da sua vida.

Quando estou indo para o quarto em que minha mãe estava, escuto meus pais conversando.

"Querido, me promete algo" minha mãe diz

"Sim meu amor, diga o que você quer e eu prometo que irei até o fim do mundo pra cumprir com minha promessa" meu pai responde beijando sua mão.

"Me prometa que você será feliz. Não se feche para o amor só porque não estarei aqui. Você merece ser feliz. Você foi um marido incrível, o meu primeiro e único amor. Você foi um pai maravilhoso pra Lauren. Me prometa que será feliz. Você merece ser feliz" Minha mãe diz

Meu pai começa a chorar.

Me escoro na parede,e vou descendo até sentar no chão. Abraço meu joelho e começo a chorar.

Não estava pronta pra deixar minha mãe ir. Não queria deixar minha mãe ir....

Passado algumas semanas, minha mãe recebeu alta do hospital. O tratamento estava trazendo um pouco de alivio pra ela. Sabiamos que não era a cura, e isso deixava meu coração despedaçado.

Voltamos a rotina com algumas adaptações.

Minha mãe ia ter que usar oxigenio pra ajudar ela a respirar, já que seus pulmões estavam comprometidos . Meu pai não poupou esforços para achar o melhor tratamento que pudesse trazer um pouco de conforto pra minha mãe. Até o cilindro de oxigênio seria de última geração, para que não fosse um fardo, já que ela teria que andar pra onde fosse com esse cilindro.

Começo meu trabalho em uma empresa de arquitetura. A Winstom Company, era uma das maiores empresas do ramo.

Apesar de ser uma ocasião alegre , já que era meu primeiro emprego que consegui sem ser por causa do nome da minha familia ou sua influência, mas sim pelo meu esforço e mérito, ainda assim não consigo ficar feliz. Depois do trabalho vou pra casa.

Quando chego no corredor sinto o cheiro de algo assando. Chocolate...Bolo de chocolate. Abro a porta e me deparo com minha mãe na cozinha.

"Mãe o que a senhora está fazendo aqui !! Era pra senhora está descansando! " Falo indo em sua direção e a abraço

"Ai eu não aguento mais ficar deitada na cama, desse jeito eu vou criar mofo" ela fala rindo ." A Edna me ajudou aqui , ela saiu não faz muito tempo. Além disso, estava com muita saudade. E eu tenho uma surpresa pra você"

"Se for o bolo de chocolate eu já amei ", falo sorrindo

"Isso é só um mimo, sei que é seu preferido" ela fala indo em direção ao meu quarto. Olhar ela com aquele cilindro me partia o coração, mas mesmo assim ela transmitia paz. Acho que ela tentava se manter forte , pra que a gente conseguisse suportar " Senta no sofá que eu ja volto "

Sento no sofá sem entender nada

Ela volta com uma caixa , eu me levanto e ajudo pegar. Quando olho dentro, dois pequenos seres peludos , me encaram de volta com os olhos arregalados.

"Eu...não acredito mãe... eu sempre quis ter um gato, agora eu tenho dois? É sério?" digo sorrindo, nos sentamos no sofá e ela diz

"Sim, é muito sério...Filha, eu sei que não vou ficar pra sempre ao seu lado, então eu quero que você cuide desses dois gatinhos, pois eles vão estar aqui no meu lugar, pra te ouvir, te dar carinho, te fazer companhia e te consolar quando estiver triste"

Começo a chorar e a abraço. Depois de um tempo ela me solta e fala:

"Agora você tem que escolher um nome pra eles. A rajadinha é fêmea, e o cinza é macho"

Enxugo as lágrimas e tiro eles da caixa e coloco no meu colo. " O cinza tem cara de Smoke. Agora a rajada eu não sei..."

"Que tal Lilith?" Ela diz e eu concordo

Comemos o bolo, conversamos e rimos por algumas horas, até que dá a hora de ir embora. A acompanho até o carro, e o motorista abre a porta pra ela. A abraço forte e me despeço.

"Eu te amo mãe" digo

"Eu te amo muito mais minha filha" ela diz e vai embora

Os meses foram passando. Em uma noite recebo a ligação do meu pai dizendo que a saúde dela piorou, e ela teria que voltar pro hospital. Isso me despedaçou ainda mais.

Novamente nos revezavamos para passar o maximo de tempo possivel com ela.

"Filha pode ir pra casa, eu vou ficar com sua mãe" meu pai me disse colocando a mão no meu ombro.

Me levanto da cadeira eu me despeço deles. Dou um abraço forte na minha mãe.

"Eu te amo muito mãe. Amanhã estarei de volta pra gente rir mais um pouco"

"Eu também te amo muito, minha filha. Estarei esperando , quero mais atualizações sobre aquele rapaz bonito do seu trabalho" ela diz rindo

"Pode deixar que amanhã a gente fofoca mais um pouco" digo rindo

Quando estou indo embora,minha mãe me chama.M viro e ela diz

"Filha, eu quero que você seja muito feliz. Siga seus sonhos, aproveite sua vida ao máximo, ame ao máximo. Apoie o seu pai nas decisões que ele tomar, mesmo que você não entenda, preze também pela felicidade dele. Eu fui muito feliz ao lado do seu pai, e fui muito feliz sendo sua mãe. Eu vou sempre amar vocês com todo meu coração."

Lágrimas rolavam pelo meu rosto sem parar, quase como uma cachoeira. Corri para os braços dela e dei um último abraço. Meu pai nos envolveu num abraço coletivo, e ficamos ali os três por um bom tempo.

Cheguei em casa, com uma recepção calorosa. Meus gatos estavam crescendo. Faço um pouco de carinho neles e vou para o quarto. Tomo um banho e vou me deitar.

Já passava da meia noite. Acabei adormecendo.

Algumas horas depois acordo com meu telefone tocando.

Já sabia o que seria.

Comecei a chorar alto e abraçar o travesseiro com força. Não conseguia sair do lugar. Não podia estar acontecendo. Por que o universo estava sendo tão cruel comigo?

O telefone toca de novo. Dessa vez atendo.

Meu pai aos prantos fala: " Lauren....Sinto muito.....sua mãe......" mais choro, dos dois lados.

Meu mundo não estava ruindo, ele estava completamente destruido. Era como se eu estivesse caindo em um abismo profundo, sem fim. Como se minha alma tivesse sido sugada do meu corpo. E apenas meu corpo estava ali, sem vida....sem sentido.

*De volta ao presente*

"Sinto sua falta mamãe" Quando digo isso Lilith e Smoke sobem na cama , e deitam do meu lado, ronronando alto, quase como uma canção de ninar. O que me ajuda a pegar no sono.

Algumas semanas se passaram . Consigo achar outro emprego. Seria temporário. Mas me ajudaria a mudar os ares. Estaria fazendo algo que gosto.

Desde que sai do meu emprego na Winstom, comecei a me dedicar mais à música. Queria pôr pra fora tudo que eu sentia. Ia me ajudar a esvaziar a cabeça. E com isso, estava cantando na Le Truss, alguns dias na semana. E fazendo alguns eventos , como casamentos, festas de aniversários entre outros. Claro que a maioria, foi de pessoas conhecidas, mas mesmo assim estava gostando.

Sei que era apenas uma fase.

Mas iria aproveitar minha vida ao máximo e fazer o que me deixava feliz, até que eu não tivesse mais escolha.

Recebo uma mensagem de um número desconhecido

"Oi, Gostaria de contratar você para cantar em um evento. Vai ser um casamento. Ouvi você cantando na Le truss, e pesquisei mais sobre suas músicas. E queria incluir algumas das suas musicas no repertório. Pagarei o valor que pedir. Será nesse final de semana."

"Olá" respondo" Claro será um prazer. Tem alguma música em específico que gostaria de cantar"

"Sim. Para a dança dos noivos gostaria que cantasse 'LIGHTWEIGHT'' a pessoa responde.

Um gosto amargo preenche minha boca. Sinto um leve aperto no meu coração. Era a musica que eu tinha dedicado para aquele pamonha do meu ex noivo.

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