Capitulo 2

Branca igual papel.

Era como eu estava. Todo o meu sangue havia sido drenado do meu corpo. O meu estômago, revirava e eu me segurava para não colocar pra fora a barra de cereal que comi como café da manhã.

Porque a sala estava girando tanto?!

Respira Lauren, você não vai se mostrar vulnerável, não aqui e não agora.

" Se me dão licença eu vou começar a organizar a agenda" forcei um sorriso, me virei e sai dali.

Fui em direção as escadas e comecei a subir para o terraço.

Não sentia as pernas.

Parecia que não só o sangue estava sendo drenado de mim, mas também todo o ar a minha volta.

Abri a porta do terraço.

Gostava daquele lugar, ninguém ia ali com frequência, e nessa hora agradeci imensamente esse fator.

Me encostei na porta fechada e fui descendo, perdendo as forças das pernas, até sentar no chão, e deixar as lágrimas caírem.

Uma por uma.

Chorei até toda a água do meu corpo secar.

Não sei quanto tempo fiquei ali sentada. Apenas torcendo pra que a Terra se abrisse no meio e eu me jogasse lá dentro.

"Noivo?! ...Como ele... pode? A gente ....ia se casar!! Como alguém pode ....se esquecer disso de uma hora pra outra?" Falei entre soluços.

Parece que falar em voz alta tornou tudo mais palpável e com um gosto amargo. Um verdadeiro misto de sentimentos. Raiva, tristeza, nojo, não sabia definir um por um.

''Aquela cobra nojenta da Ellen, sabia de tudo !! Por que o Harry simplesmente ficou la parado com cara de pamonha?!! Ele...Ele propôs..."

Fiquei ali sentada, parada, como um zumbi, tentando assimilar tudo.

Não, isso não tava acontecendo!!

Será que era só um sonho? Se eu fechar os olhos com certeza quando eu abrir eu vou estar no sofá esperando o Harry e a gente vai rir desse sonho bobo....

Abro os olhos....

Ainda estou no terraço. No estado mais deplorável possível.

Não sei quanto tempo se passou, mas o suficiente para meu celular começar a vibrar.

''Onde você está? Eu posso explicar" mensagem do Harry.

Sim ele teria que explicar. Pode ter sido so uma confusão....

Poucos minutos depois ele estava no terraço.

" Olha...eu posso explicar" ele disse

"Então começa!!" disse cheia de raiva

"Bem.. Eu....Ela...." Ele abaixou a cabeça e suspirou: "Sim, eu estou noivo daquela moça que está lá embaixo. Os nossos pais acharam melhor assim pois iria beneficiar ambas as famílias, visto que ela é...você sabe...do mesmo padrão que eu, e você sabia que não ia ser pra sempre... Não dá pra alguém como eu casar com uma simples secretária...."

"Então é sobre isso que se resume? Dinheiro?" Digo incrédula " Esse é o motivo mais idiota que eu conheço, estavamos noivos. NOIVOS!! E você simplesmente some, não fala nada e me aparece noivo de outra?! O que eu era pra você ? Um passatempo?" disse com raiva

"Não! Eu te amei, de verdade... Só que não dá pra viver só de amor... Eu não poderia continuar com alguém..."

"Alguém de classe social mais baixa, certo?!" Falo com um sorriso debochado

" Você nao me amou. Quem ama não faz esse tipo de coisa! Achei que você era diferente,até mesmo diferente da sua irmã...mas vejo que vocês são um bando de fútil que só se importam com status!.... Tomara que você seja muito feliz senhor Page" disse a última frase com deboche indo em direção a porta.

Não conseguia ficar mais nem um minuto ali.

"Lauren espera....só uma coisa..." Ele disse com a cabeça baixa " Será que voce poderia devolver o anel que eu te dei? Ele foi um pouco caro..."

Fiquei em choque, depois de tudo ele ainda tem a coragem de falar uma asneira dessa....

"Claro!" Tiro o anel do dedo e vou me aproximando, mas passo por ele e vou em direção ao parapeito e arremesso o anel.

" SE QUER TANTO ESSA PORCARIA ENTÃO VAI LÁ PEGAR, ACONSELHO A IR POR AQUI QUE VAI MAIS RÁPIDO" Disse ao berros apontando para o parapeito.

Ele me olha em choque.

Vou embora mas antes de chegar na porta , me viro e digo " E eu me demito senhor Page" digo o nome dele com bastante nojo.

Desço as escadas com o coração na garganta. Lágrimas escorrendo sem parar.

Vou até minha mesa pego minhas coisas e vou embora, ignorando todos os olhares.

Vou pra casa e termino de chorar lá.

Passada as horas, tento comer alguma coisa. Também não ia me deixar definhar por conta de um mau caráter.

Como algo leve e me arrasto até a cama.

Meus gatos sobem e me fazem companhia. O ronronar deles era como uma canção de ninar.

Acordo assustada com um barulho alto.

Paredes tremendo e uma música tão alta que é como se tivesse vindo do meu apartamento.

Meu vizinho baladeiro escolheu o pior dia pra começar uma festa e me tirar do sério.

Era raros os dias que ele colocava música alta a noite. Geralmente ele colocava de dia, no mesmo horário que saio pro serviço. E as poucas noites que ele colocou não estava tão alta, então não me incomodava .

Mas hoje não. Hoje ele colocou no último volume. E o dia hoje não estava sendo bondoso comigo. Levanto furiosa

Bato com todas minhas forças na porta, mesmo achando que seja impossível alguém escutar alguma coisa com o barulho da música.

Bato de novo. Nada.

Começo a bater sem parar , até que a porta se abre.

Um homem sai, ele escora o braço no batente da porta, ele era alto, pele morena e pelo visto com corpo definido..muito definido...

"Cuidado pra não escorrer" Ele disse, fazendo gesto como se eu tivesse babando.

Bem...realmente, eu estava e nem tinha percebido.

Olho pra ele, ele estampava um sorriso que poderia iluminar toda a cidade de Nova York. Seus traços eram muito bonitos. A boca parecia que tinha sido desenhada, os olhos tão negros quando a noite.

Me recompus , até por que não ia resolver nada eu ficar babando por ele.

"Olha, dá pra falar pro dono da casa abaixar o volume , tá impossivel dormir" falo quase que aos berros

"Eu sou o dono. Mas pode deixar que eu abaixo sim, não achei que fosse incomodar" Ele fala sem tirar o sorriso do rosto, e me olha de cima a baixo. " Só cuidado pra não pegar um resfriado"

Fiquei meio sem entender, até que olhei pra baixo e vi... estava apenas com o pijama...um vestido de cetim curto....

Droga!! tinha esquecido de por o roupão.

Vendo que comecei a ficar vermelha igual um pimentão seu sorriso se abriu mais ainda

" Se cuida linda" ele diz e fecha a porta.

Escuto a musica diminuir.

*Reage Lauren, vai ficar parada ai no corredor babando no vizinho ? Vai pra casa dormir* pensei, e fui pra casa e consegui dormir um pouco.

Passado alguns dias Daisy me liga

"Amiga acabei de chegar de viagem, tenho que te encontrar pra te dar sua lembrancinha. E nem adianta dizer que não precisava, era a sua cara então eu tive que comp....amiga? Amiga tá tudo bem?"

Tudo que ela ouvia era meu choro alto

" Ele...tá...noivo...de outraaaaa" falava entre soluços

"Como é?!!! Amiga ja que eu estou chegando ai"

Alguns minutos depois Daisy estava no meu apartamento , e eu contei pra ela tudo que havia acontecido

"Mas que BABACA!! Não, isso não vai ficar assim!! Quem ele pensa que é pra fazer isso com minha amiga? Mas isso não vai ficar assim mesmo , eu vou dar na cara dele e daquela jararaca!!" disse Daisy furiosa, o que ficava até engraçado, dada a personalidade calma dela e sua voz serena , até brava ela acabava ficando fofa.

"Olha não é pra fazer nada, eu não quero mais nada com ele, pedi demissão. E quanto ele pediu o anel de volta eu taquei de cima do prédio e mandei ele buscar" ao falar isso a gente começou a rir .

"Pelo menos você não abaixou a cabeça. Estou orgulhosa" disse enquanto me abraçava " E então o que vai fazer agora? Vai voltar pra casa dos seus pais?"

"Não. Não quero voltar...eu amo meu pai, e a Olivia é amorosa...mas eu não quero sair daqui....eu vou me virando" Digo.

Olivia era minha madrasta, era uma pessoa amorosa e gentil, mas eu ainda não conseguia aceitar....sentia falta da minha mãe, e apesar de Olivia sempre ter deixado claro que nunca queria substituir minha mãe, ainda assim não conseguia...precisava de mais tempo.

"Tá beleza, no minimo a gente vai ter que sair pra encher a cara " disse Daisy

"Não amiga, não vou ficar te alugando pra ficar na fossa comigo, você acabou de voltar de viagem, vai aproveitar seu marido" disse pra ela

" Olha, ta tudo bem. Emmet teve que ir pra cidade vizinha resolver algumas coisas da empresa, então hoje a gente vai encher a cara até a gente esquecer o rumo de casa" disse rindo

"Já disse que te amo hoje?" disse abraçando Daisy e rindo

"Hmmmm, hoje não" Daisy diz e dá uma risada" Tá agora vai lá se arrumar, e põe a roupa mais bonita que encontrar, quero você arrasando" disse Daisy tentando me animar

" Sim senhora " fui em direção ao banheiro

Tomei um banho e comecei a me arrumar.

Coloquei uma regata preta, uma mini saia cinza com xadrez preto, e uma bota preta ate quase o meio da coxa. Deixei o cabelo solto, e uma jaqueta de couro pra completar o look caso fizesse frio.

Vou pra sala e escuto um assobio

"Fiu fiu, Lauren Collins senhoras e senhores" disse Daisy

"Só voce mesmo pra me fazer rir ainda mais agora " disse enquanto íamos em direção a porta.

Fomos ao Le truss , um bar que a gente sempre ia juntas. Era um ambiente bem confortável, um pouco mais chique, e mais reservado também. Tudo que eu precisava era de um conforto dentro de um copo.

'Sejam bem vindas" disse o barman com um sorriso "Faz tempo que não vejo vocês por aqui. E então o que vocês vão pedir hoje?"

"Coloca tudo que você tiver ai dentro de um copo e me da por favor" disse sentando no banquinho e apoiando as mãos na bancada

Como disse era um lugar mais chique. A bancada era de mármore, preta brilhosa , combinando com os banquinhos. A parede atrás do barman, era toda de espelho, com algumas estantes com bebidas, e alguns lustres acima da bancada,com uma luz mais amarela. O que deixava o ambiente mais intimista, mas ao mesmo tempo confortável.

" Pra entrada a gente vai querer duas tequilas. Hoje o que a gente precisa é que os copos não fiquem vazios" disse Daisy

O barman sorrindo, preparou as doses.

Era como se minha alma voltasse a vida. O líquido quente ia descendo pela garganta e acendendo todos meus sentidos.

Depois de mais umas 7 doses ja começava a sentir meu corpo em outro plano.

Depois de mais algumas doses de tequila, whisky, vodka e mais algumas coisas que não lembro , já era hora de voltar pra casa.É claro, se eu lembrasse onde era.

Fomos em direção ao uber, uma se apoiando na outra.

Chegava a ser cômico, se no fundo não fosse tão triste.

Fomos até meu apartamento e me despedi de Daisy. Sem saber como, entrei no elevador e fui até minha porta.

Coloquei a chave na fechadura, mas não entrava.

Tentava de novo e de novo, mas nada, tentei abri a porta, sem sucesso. Já a que estava trancada e a chave não entrava de jeito nenhum.

"Smoke ajuda a mamãe e abre a porta" dizia da forma mais deplorável possível , como se um gato fosse realmente destrancar a porta e abrir pra mim.

" Por que não abre!!" Já nervosa, sacudi mais um pouco até que se abriu, tão forte que cai sentada.

"Ei! O que pensa que tá fazendo ?" uma mulher disse

" Eu estou tentando entrar no meu apartamento. Espera, o que você está fazendo no meu apartamento?" disse pra ela

"Seu apartamento? Como assim seu apartamento? Dylan? O que essa mulher tá falando?" Ela fala com alguém que está dentro do apartamento, até que ele vem em direção da porta.

"Oi linda. O que você está fazendo ai sentada no corredor? " Disse Dylan.

Ou melhor meu vizinho gato. Na verdade meu único vizinho, até por que como aquela empresa idiota conseguiu comprar todos os outros apartamentos só sobrou nós dois.

Percebendo a burrada que fiz disse: "Há me desculpe, eu estava tentando entrar no meu apartamento mas acabei errando a porta.....me desculpa, nem pra abri a porta eu presto..." lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

E assim, começa os estágios vergonhosos da embriaguez. Tomara que eu consiga manter o resto da minha dignidade intacta e não vomite.

" Ai fala sério, Dylan. Vamos pra dentro continuar o que a gente tava fazendo. Deixa essa bêbada ai, vamos?" disse a mulher num tom muito irritado.

Dylan continuava parado me olhando

Comecei a ir engatinhando até a minha porta, fingindo ser invisivel.

"Dylan fala sério. Você vai ficar parado ai ou vai entrar? Se você não fizer nada eu vou embora" disse a mulher que estava com ele

" Fique á vontade , pode ir " disse Dylan me encarando

Percebendo isso ela fala "Não acredito que você prefere ficar com essa bêbada do que comigo!?"

"Prefiro ficar com qualquer pessoa menos com você, uma pessoa fútil e vazia. Você achou mesmo que vindo aqui , ia conseguir alguma coisa comigo?" Disse dylan num tom frio e sério

Tentei ficar o mais imóvel possível na minha porta, quem sabe assim eles esqueciam da minha existência.

Só ouvi a mulher bufar de raiva e ir embora.

Quando fui me erguer, para por a chave, sinto uma mao quente e macia pegar elas da minha mão de forma delicada.

"Deixo que eu te ajudo linda" disse Dylan abrindo a porta pra mim. "Você acha que consegue ficar de pé?"

Neguei com a cabeça.

Ele se abaixou pegou meu braço e passou em volta do seu pescoço. Com a outra mão ele segurou minha cintura e me pôs de pé como se eu fosse feita de pena.

Estavamos muito pŕoximos. Senti sua mão apertar minha cintura e puxar pra mais perto dele.

Seu corpo era quente, como se estivesse em chamas.

Por que meu coração estava tão acelerado? Era por causa do álcool?

Senti o seu rosto se aproximar.

Como um imã me puxando, meu rosto foi se movendo até perto do dele. E então nossos lábios estavam ali. A centímetros de distancia.

Ele ia mesmo me beijar?

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