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...📍Thiago Lacerda:...

Nascido no Brasil, me mudei para Nova Iorque, na esperança de mudar de vida. Numa melhor oportunidade de crescer e fortalecer meu negócio, e também mudar a realidade da minha família, que sempre me apoiou .

Foi difícil, mas eu consegui o dinheiro, fiz todos os procedimentos e embarquei. Uma das melhores decisões que eu já tomei na minha vida. Nenhum dia de adaptação foi fácil, ser aceitado pior ainda. Mas me considero um vencedor.

Estou morando aqui a quase uma década, já possuindo a dupla cidadania. Minha vida mudou totalmente, tudo que eu planejei se concretizou. Minha boate agora é famosa, badalada, e me rende uma extra mais que o suficiente.

Moro num bom apartamento, bem localizado. Não tenho do que reclamar. Mando sempre ajuda para a minha família que ficou no Brasil, e sempre que posso, vou visitá-los.

Poderia dizer que tenho tudo na vida, mas não é verdade. Tenho dinheiro, apesar de não ser um milionário magnata. Tenho carro, casa própria, um negócio que vai de vento em popa. Em bens materiais, posso dizer que sou um homem realizado. Mas falta o que eu mais queria: uma família.

Não tive muito tempo para sair, curtir a noite, conhecer pessoas novas, entrar num relacionamento sério, casar e ter filhos. Namorei sim, mas nenhum deles foi para frente. As americanas não estão acostumadas a entrar num relacionamento com um brasileiro. Já até sair com algumas conterrâneas aqui, mas não deu certo do mesmo jeito.

Hoje, com 27 anos, sou um homem solitário.

Quero muito casar com uma mulher que me ame e mereça o meu amor, ter filhos, uma família grande. Os levar na escola, brincar no parque, viajar. Coisas simples, mas que eu dou um imenso valor.

É isso que eu quero.

O último romântico da terra.

—Ei cara, tá no mundo da Lua?—Vejo dedos se estalerem na frente do meu rosto, me tirando dos meus pensamentos.—Falando contigo, e você nada.

—Estava aqui pensando em umas coisas.—Coço a cabeça.—Mas pode falar, o que é?

—A boate foi alugada. Festa de gente rica, sabe como é. Com tudo, garçom, e até você de quebra.—Gargalha.—Parece que pensaram que você era um empregado aqui. Falaram assim, "não dispensamos também o barman". Tirei uma onda com eles, patrão né?

—Quando vai ser?

—Semana que vem. Sexta-feira, sábado e domingo. E ofereceram uma grana altíssima, mas do que a gente costuma cobrar.—Avisa.—Queria estar infiltrado aqui de garçom, para aproveitar o festão. Deve haver mulheres bonitas, elegantes.

—É só vestir o uniforme.

—Não. Nunca que me sujeitaria a um trabalho tão superior. Me respeite que eu sou gerente de vendas.—Empina o nariz.—Vocês são a ralé deste lugar.

—Tá bem engraçadinho hoje em?—Cruzo os braços.

—Não posso deixar a tristeza me dominar irmão. Brincadeiras a parte, estarei passando um tempo com minha gata nesses dias. Ela reclama que eu não tenho tempo para o nosso casamento. Mas é claro que eu não vou ter. A mulher já inventou outra cirurgia plástica, você acredita? Tenho que até fazer horas extras agora. Ela quer me falir.

Leonardo é um palhaço. Não há tempo ruim para ele. Tudo é motivo de festa e algazarra. Brasileiro né.

—Mas tá ficando ainda mais gata. Investimento que terei retorno.—Esfrega uma mão na outra.

—Me poupe desta parte, por favor.

—Eu nem ia falar nada, mente poluída.—Estreita os olhos para mim.—Intimidade minha e da minha esposa, você não tem que saber de nada não.

—Você já pode sair Léo.—Aponto para a porta.—Seu expediente acabou a mais de uma hora, e você continua aqui. Vai apanhar da Adriana quando chegar em casa. Nem vai adiantar vim de óculos escuros amanhã, todos irão ficar sabendo.

—Você é um língua solta. Não sabe guardar segredo, fofoqueiro.—Me acusa.—E aquele olho roxo não foi ela que me bateu. Quem vai acreditar que eu dormir no vaso sanitário e caí de cara no mármore da pia? A coitada que levou a culpa.

—Você deveria acionar a Maria da Penha.

—Tchau Thiago. Falso.—Vai até a porta.—Entre ser só seu amigo e não ser nada, eu prefiro ser....nada...

—Até amanhã.—Mexo os dedos.

Antes de sair, me dá o dedo do meio, com uma cara de deboche. Devolvo o ato.

—Depois que for demitido por justa causa, não vá reclamar no Globo Repórter. —Digo alto, para que ele possa ouvir.

—Celso Russomano, seu bocó.—Grita de volta.

Os finais de expedientes aqui, são as melhores horas da semana. As gargalhadas são certas, zoações. Todo dia uma resenha.

Toda a equipe é brasileira. Fiz questão dessa exigência na hora de contratar. Sofremos muito com a xenofobia aqui, e não é fácil conseguir um emprego. Hoje, somos em 21. Mas pretendo expandir ainda mais, colocar mais pessoas para trabalhar.

Tudo dará certo.

Tudo mesmo.

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