Capítulo 15

O Posto de saúde está lotado— mas isso é normal para um local público. Henrique já havia comentado com um amigo sobre o caso de Noah e eles não precisaram enfrentar fila e foram direto para a sala do Doutor Afonso— um senhor de 66 anos conhecido como um dos melhores médicos da cidade.

Henrique bate na porta e espera até o médico atender-lhe:

Afonso: Bom dia, como posso ajudá-lo?

Henrique: bom dia. Eu me chamo Henrique e o meu amigo Saulo disse-me para procurar o senhor para conseguir uma vaga para o meu afilhado Noah. Ele é autista grau 3 e precisa de tratamento urgente.

Afonso: Ah! Me lembro de você meu jovem- ele aperta a mão dele- você não era namorado daquela modelo Aline?

Henrique: nós não estamos mais juntos, mas sim, sou eu mesmo. O senhor pode nos ajudar?

Afonso: é claro, você veio ao lugar certo. Eu sou neuropediatra e irei consultá-lo hoje. Por favor, entrem- ele se vira para Beatriz e pergunta— você é a mãe da criança?

Beatriz: sim senhor e trouxe os documentos dele.

Afonso: perfeito. Se importa de ficar lá fora Henrique ou prefere entrar com eles?

Henrique: tudo bem para você Bia, se eu ficar?

Beatriz: é claro, fique aqui conosco.

Afonso: tudo bem, vamos começar com a avaliação desse pequeno- ele observa Noah que olha de volta a mãe um pouco assustado devido o médico estar com vestes brancas- fique tranquilo rapazinho que irei apenas lhe observar, sem precisar tocá-lo.

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O Neuropediatra Afonso avalia o menino de acordo com as informações que a mãe lhe passa e o mesmo anota tudo numa folha. Depois, ele faz um encaminhamento para que o menino possa fazer o exame de Encefalograma e dá as instruções de como deve ser feito antes do exame.

Afonso: Beatriz, esse exame verificará se há alguma anomalia, como epilepsia ou outras doenças neurológicas. Ele precisará chegar aqui com oito horas de jejum, mas não poderá beber água. Também precisará lavar a cabeça dele um dia antes com sabonete neutro ou de coco e à partir das 4h da manhã ele não poderá mais dormir. Iremos sedá-lo alguns minutos antes do exame ser iniciado e se ele dormir antes, poderá atrasar esse processo. Alguma dúvida?

Beatriz: por quê ele não pode dormir doutor? Ele ainda é tão pequeno para entender essas coisas e já dorme pouco.

Afonso: eu imagino, mas para que o exame tenha um resultado preciso, ele não pode dormir. Você terá que chegar aqui às 5h30. Eu chegarei bem cedo também e darão a sedação nele. Haverá outras crianças para serem atendidas e o primeiro que dormir, fará o exame.

Beatriz: tudo bem e para quando é esse exame?

Afonso: normalmente demoraria um mês para ele fazer o exame, mas como você foi indicado pelo Saulo, eu consigo encaixar uma vaga para amanhã. Você mora longe daqui?

Beatriz: não, há quinze minutos da minha casa.

Afonso: ótimo. Então pode deixar ele dormir até às 5h. Provavelmente o exame começará à partir das 8h, mas será de responsabilidade sua que ele não tenha se alimentado durante o período de oito horas e nem deixá-lo dormir mais quando chegar aqui.

Beatriz: tudo bem, eu consigo assumir isso.

Afonso: perfeito. Você já conseguiu os outros profissionais da saúde para ele?

Beatriz: ainda não.

Afonso: se você tiver o encaminhamento, leve para o doutor Sérgio que é o terapeuta infantil Ocupacional e para a Psicóloga Eloá.

Beatriz: tá bem. Eles estão trabalhando hoje?

Afonso: sim. A sala do Sérgio é o 4 e da Psicóloga Eloá é na sala 7. Diga que veio por meio de Saulo que ela irá atendê-lo e marcar uma consulta para o seu filho.

Beatriz: muito obrigada doutor Afonso- ela aperta a mão dele feliz- obrigada Henrique.

Os três saíram da sala do Doutor Afonso e andaram pelo corredor em direção a sala dos outros doutores.

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Após Beatriz conseguir marcar todas as consultas- graças a Henrique que procurou o amigo dele e ao rapaz que o ajudou, indicando o posto mais próximo- eles foram de carro até a casa dela, porque estava na hora de Noah lanchar e ela não havia levado o lanche dele na bolsa.

Henrique: eu estou com a tarde livre. Posso passar esse tempo com vocês?

Beatriz: é claro que pode- ela segura na mão dele- você é incrível, sabia?

Henrique: fico feliz que pense coisas boas ao meu respeito.

Os dois passaram a tarde juntos enquanto Noah brincava com o seu dado— do qual Henrique havia lhe dado— e assistia televisão. Olívia estava na rua resolvendo alguns assuntos— o que deu um espaço maior para que Henrique e Beatriz ficassem mais à vontade.

Henrique: quando sairá mesmo o divórcio?- ele pergunta enquanto segura na mão dela.

Beatriz: é amanhã- ela responde normalmente- receberei uma mensagem uma hora antes com o PDF para poder assinar e enviar no momento certo da audiência online.

Henrique: então quando o resultado do divórcio sair, eu vou te levar para jantar fora. Não como uma forma de comemoração, mas para que você não fique pensando nesse assunto, tá bem?

Beatriz: podemos fazer apenas algo aqui em casa? Não quero ficar longe do Noah.

Henrique: é claro, como você quiser. Podemos andar pelo o bairro? Levaremos o Noah, é claro. Eu quero que você conheça uma pessoa.

Beatriz: tudo bem. Irei colocar uma roupa nele e mudar a minha.

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