Olívia ficou preocupada com a mensagem de sua filha e ligou para seu celular.
Beatriz permanecia na rodoviária, apreensiva, esperando o retorno de sua mãe, quando viu na tela que ela estava lhe chamando:
Olívia: Oi filha. O que aconteceu?- ela pergunta preocupada.
Beatriz: Oi mãe. Aconteceu algo e não tenho aonde morar com meu filho.
Olívia: Meu Deus! Mas e o Joah? Ele está no trabalho, aconteceu algo com ele?
Beatriz: não estamos mais juntos mãe, ele me colocou para fora de casa com o Noah.
Olívia: mas por quê minha filha? vocês brigaram?
Beatriz: é uma longa história mãe, mas te garanto que eu não tenho culpa nisso.
Olívia: De repente foi um mau entendido. Vocês conversaram a respeito disso? Tem certeza que acabou mesmo?
Beatriz: tenho mãe, ele disse que não quer um filho deficiente, que não merece isso.
Olívia: Ah! O resultado dos exames já saíram?- ela pergunta triste- não fique assim minha filha, vocês podem vir, nós iremos iniciar o tratamento nele com os médicos e nada irá faltar para essa criança. Onde vocês estão?
Beatriz: no terminal rodoviário. Tínhamos ido para uma pousada, mas Noah teve uma crise e os hóspedes nos expulsaram de lá.
Olívia: você sabe que é crime o que fizeram com você não é? Seu filho tem prioridade.
Beatriz: sim mãe, mas eu não podia fazer nada. Porém, o dono da pousada me abençoou com um valor em dinheiro que posso utilizar para pagar a passagem até aí.
Olívia: não use seu dinheiro. Eu vou comprar as passagens para vocês. Me envia seu pix que lhe mandarei o valor. Guarde esse dinheiro para comprar as coisas para ele durante o mês.
Beatriz: tá bem mãe e obrigada por nos acolher.
Olívia: estarei sempre aqui filha. Venham com cuidado. Tchau. Estou aguardando seu pix.
Beatriz lhe envia os dados por mensagem e Olivia a envia um pix no valor de R$300- no qual ela pôde pagar uma passagem no valor de R$150 e guardar a outra metade para comprar um lanche para si e uma marmita contendo feijão com legumes para seu filho.
O ônibus sairia da cidade às 10h e ela só pôde comprar a comida às 9h, num estabelecimento de selve service que possui há poucos metros do terminal rodoviário.
Um dos atendentes do guichê se ofereceu para vigiar as bolsas deles enquanto eles foram no local comprar o almoço. Beatriz aceitou a ajuda- mesmo sentindo medo de perder seus pertences, porém isso não aconteceu.
Quando ela retornou, agradeceu ao rapaz e os dois comeram seu respectivos lanches antes do ônibus chegar. Noah estava mais calmo porque via seu meio de transporte favorito - ônibus- de diversas cores e estilos.
Beatriz: nós viveremos uma nova vida meu filho e será bem cuidado, amado, nada irá lhe faltar- ela fazia carinho nos cachos de cor dourado do seu filho- a mamãe te ama muito.
O menino continuava observando o ônibus enquanto fazia som de "humm" a cada colherada que recebia de sua alimentação favorita.
Quando o ônibus apareceu, ela recebeu novamente a ajuda- dessa vez do motorista- para armazenar suas malas e carrinho no bagageiro.
Noah já estava cansado e medicado com a dose da manhã. A Neuropediatra lhe receitou risperidona em doses pequenas, para lhe ajudar na alimentação, nas crises e regular o sono, porém demorava para que o remédio pudesse fazer efeito em seu organismo.
Os dois se sentaram nas poltronas do ônibus e aguardaram—observando pela janela— enquanto o veículo saia rumo à Parelhas.
Ao descerem na primeira e única parada do ônibus, os dois foram realizar suas necessidades básicas e depois se dirigiram a lanchonete no local.
Lá, Beatriz comprou um salgado para ela e Guaravita com biscoito de Maizena- na esperança de Noah comer- e para sua esperança, ele aceitou- porém comendo todo o pacote e chorando quando havia terminado, mas quando viu o Guaravita, se esqueceu do que o levou ao choro e saboreou seu suco, novamente dizendo repetidamente a palavra "humm".
Beatriz ficou contente por seu filho ter aceitado outro alimento além do feijão e disse a si mesma que compraria mais pacotes para ele comer durante a viagem.
Noah sentiu sono novamente com o sacolejo do veículo e adormeceu outra vez nos braços de sua mãe.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Enquanto eles estavam em viagem, Olívia preparava a casa para recebê-los, conseguindo de doação uma cama de casal para eles dormirem quando chegarem e uma sapateira pequena para armazenarem suas roupas.
Sua vontade era de enviar uma mensagem para Joah, a fim de saber o porque de sua atitude infantil, mas sabia que isso poderia lhe gerar uma confusão e a última coisa que ela queria era ter contenda entre sua família.
Olívia também foi ao mercado e encheu a despensa- no caso seu armário- de compras- arroz, feijão, macarrão- e na geladeira pôs carnes - como frango, fígado e linguiça calabresa.
Olívia tinha os cabelos loiros com mechas brancas alisado, pele parda e estatura baixa. Ela usava óculos- mas apenas para leitura.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Beatriz retira suas malas- com a ajuda do motorista- do bagageiro e a põe no carrinho do Noah, enquanto o mesmo está sentado ao seu lado num banco de madeira da Rodoviária de Parelhas.
Beatriz: Noah, a mamãe irá ligar para a vovó.
Noah a observa rapidamente e retorna sua atenção para os ônibus parados no local, admirado.
Olívia estava terminando de fazer o almoço quando escuta seu celular tocar novamente:
Olívia: Oi filha, vocês já estão no terminal rodoviário?
Beatriz: sim mãe, pode me passar o endereço? Eu peço um táxi até sua residência.
Olívia: Rua Olcino Vieira da Costa. É bem perto daqui, mas é bom chamar um táxi por causa das bolsas.
Beatriz: tá bom. Logo estaremos aí. Qual a cor do portão e o número da casa?
Olívia: Número 50, portão azul-claro.
Beatriz conseguiu chamar o táxi e o motorista os deixaram na frente da casa, onde se iniciará uma nova etapa da vida deles.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 75
Comments
Idvani Souza
Gente até agora a autora está retratando fielmente o que é ser um autista no meio da sociedade... e como a mãe luta contra muita coisa... e realmente é grande o número de pais que abandonam a mulher com criança autista...
2025-04-14
1
Marilza Motta
fiquei com medo que nesse trajeto pudessem lhe fazer mais maldades
2024-10-08
0
Juliana Vicentina Da Vo
História interessante, e muito triste com atitudes de alguns seres humanos.
2024-10-05
0