O acordo

Catherine estava visivelmente nervosa, ela agora tinha a resposta para seu questionamento de onde havia ido dinheiro da empresa.

— Pai! O que o senhor fez? O senhor colocou o futuro da empresa em risco, não só o de nossa família... Mas o de todos que trabalham ali! Tem noção dos seus atos? Aquelas pessoas te admiram tanto!

Catherine não consegue conter a sua decepção, afinal seu pai era a figura de homem correto, justo, e sua referência de valores, ela deixa algumas lágrimas escorrerem por seus olhos.

— Senhorita! Eu sinto muito que tenha descoberto desta forma, e peço que entenda que não sou nenhum homem desonesto... Apenas  estou fazendo o que tenho de fazer... Cobrar daqueles que me devem diz Lucas.

Lucas Mora, é o dono do cassino que Armando frequenta, e onde torrou tudo que podia e não podia em mesas de poker, Lucas era um homem de uns 38 anos, semblante sério, olhos castanhos, cabelo negro, bem elegante.

— Me diga...quanto meu pai lhe deve? Qual o valor desta dívida? Pergunta Catherine.

— Bom.. Senhorita... Me chamo Lucas, o seu pai me deve 2 milhões de reais!  Revela Lucas.

— 2 milhões de reais! Meu Deus papai? Como o senhor foi fazer isso?

Armando fica de cabeça baixa, envergonhado pela filha ter descoberto  tudo, sua vergonha é tamanha que ele não consegue nem mesmo olhar nos olhos de sua filha.

— Lucas... Eu quero negociar com você, façamos o seguinte... Nossa família possui um patrimônio que  vai muito além desse valor da dívida, me dê 6 meses! Apenas 6 meses... E eu terei o valor para lhe pagar, nossa empresa está saindo de uma crise financeira agora.... Só lhe peço este tempo.

Lucas olha nos olhos de Catherine, aquela mulher lhe transmitia uma certeza, uma determinação... Que o fez acreditar nas suas palavras.

— Bom Cathrine... A situação do seu pai é bem delicada.... Não é mesmo seu Armando?

Armando não responde, fica em silêncio, e aquele silêncio, deixa Catherine ainda mais curiosa com a situação. Toda.

— Como assim?  O que quer dizer com isso?

— Filha... Eu já penhorei 70% da empresa, já vendi todas as nossas propriedades, a única coisa que temos é 30% da empresa, e esta casa... Me desculpe minha filha... Eu fico com muita vergonha de admitir  isso, mas eu fui irresponsável!  O que era uma diversão foi se transformando em ganância, e foi me consumindo sem limites... Eu estou doente filha, estou doente e demorei muito para admitir isso...

Catherine fica incrédula no que ouvia, sem acreditar.

— Senhorita, os 70% de sua empresa... Estão em meu poder, as suas demais posses, o seu pai já vendeu, ou penhorou tudo, estes 2 milhões é algo de fora a parte. Diz Lucas.

O velho Armando apenas se desmorona em lágrimas, dada sua vergonha, Catherine fica incrédula, estavam arruinado, havia muito pouco, ou quase nada a se fazer, mas...

— Senhorita... acha mesmo que em 6 meses consegue me pagar esses 2 milhões? Acha mesmo que é capaz de reverter a situação?

Catherine fica calada, a certeza que emanava de seus olhos já não se faziam mais presentes em seu olhar.

— Eu tenho uma proposta para lhe fazer... Eu sou um homem de negócios,  alguém que gosta de desafiar as probabilidades... como detenho 70% da empresa,  e não tenho interesse em cuidar de uma empresa falida e sucateada,  gostaria de saber se  a senhorita realmente acha que é capaz de reverter o caos daquela empresa, eu não entendo nada deste segmento, você me parece uma pessoa responsável e capaz...

— O que você quer dizer com isso?  Não estou lhe entendendo!

— Eu estou disposto a abrir mão dos 2 milhões da dívida,  e ao invés de  executar este débito, eu sei que vocês precisam de capital para movimentar a empresa, eu não tenho interesse em uma empresa falida.... Sei que os bancos não lhe emprestrão nenhum centavo... Assim sendo...

— Sendo assim o quê?  Diga logo! Diz Catherine impaciente, e desejando saber o que ele queria propor.

— Sendo assim, eu lhe empresto o dinheiro que necessita para fazer a empresa respirar, lhe faço o aporte financeiro, e caso  em 1 ano,  você conseguir fazer a empresa ser lucrativa novamente, vamos negociar o débito de seu pai, e aceitarei parcelar o débito da empresa, é oportunidade única, afinal você não tem dinheiro, e nem conseguirá nada de nenhum banco....

— Filha! Não aceite fazer negócios com este homem, com ele sempre há um algo a mais... Por favor, não caia na armadilha dele...

— Fique quieto na sua papai... O senhor não está em condições de opinar sobre nada aqui, fique na sua!  Diz Catherine.

— Isso mesmo sr Armando, e nesse caso eu sou quem mais tem a perder... Já que além de estar com 70% da sua empresa, ainda estou colocando dinheiro no negócio...

— Pois bem... Estamos fechados, eu aceito suas condições Sr Lucas...

— Ótimo Catherine...assim então, amanhã mesmo lhe procuro no escritório da Terramoda, para assinarmos um contrato, e deixar tudo preto no branco. Correto?

Catherine concorda, e Lucas se retira, ela muito chateada ignora o seu pai, decepcionada, apenas manda uma mensagem para Edgar, pedindo que marque uma reunião com as modelos, pois já havia conseguido o dinheiro para quitar as dívidas contratuais, feito isso ela tranca o quarto, e cai na sua cama chorando.

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