Capítulo 13

Após recebermos a comida, começamos a comer em silêncio, trocando olhares de vez em quando.

—Queria perguntar quem era o homem que tirava fotos aquela noite no clube— disse Ali.

Kai: O repórter tem um blog de notícias.

Ali: Interessante. Seja lá quem for, o que encontrarmos na memória dele será essencial. A única forma de abrir uma investigação sem ser enterrado antes de começar é revelando o que sabemos para alguém do povo que possa escutar. Isso chamaria atenção das autoridades para investigar, porque se a cúpula deste lugar for corrupta, de nada adianta entregarmos a evidência a eles; vão simplesmente fazer com que desapareça e nos matarão por sermos fios soltos.

Kai: É um bom plano, Ali, mas precisamos agir com cuidado. Você precisa aprender a usar uma arma.

Ali: Não se preocupe, eu sei como usá-la. Trabalhei na polícia. Meus amigos de lá me ensinaram.

Kai me olha com uma sobrancelha levantada, terminando de comer.

—"É, você é uma caixa de surpresas"—

Ali: Por que você vive sozinho nesta casa tão grande? E sua família?

Kai suspirou. Esta casa era da minha mãe, mas ela teve que vender quando nos expulsaram do lugar, porque ela era a amante de um homem casado. Trabalhei na cidade com minha mãe, ela não tinha luxos, mas era a melhor do mundo. Após sua morte, procurei pelo meu pai, que me ajudou a comprar esta casa. Com meu meio-irmão, fundamos o Anjo Negro.

Ali: Ela deve ter sido uma mulher incrível para te criar sozinha.

Kai: Ela era a melhor. Sinto falta da comida dela, mas seu único pecado foi se apaixonar por um homem casado, e por isso foi condenada pelo povo. Você já ouviu a expressão "em cidade pequena, inferno grande"? Essa frase se encaixa bem neste lugar. Falo enquanto colocamos a louça para lavar.

Ali: Essa expressão cai bem mesmo.

Kai: Percebi algo estranho entre você e seu pai no funeral de Jennie.

Ali: Não temos um bom relacionamento porque ele culpa a mim pelo divórcio com minha mãe. Foi eu quem o pegou na cama com a vizinha, e ele acha que fui eu quem contou para ela, mas sei que ele está escondendo algo. Só precisamos juntar as peças. Estávamos na cozinha quando ouvimos um estrondo forte na janela. Kai imediatamente pega minha mão e saca uma arma, me dizendo para esperar ali. Começo a me desesperar quando, decidindo sair, vejo uma janela do andar de baixo quebrada com uma pedra embrulhada em um papel, que dizia: "Não procurem o que não perderam, pois encontrarão junto com a morte". Trocamos olhares quando sinto os braços firmes de Kai.

Não posso negar, faz tempo que necessito de um abraço. Agarro seu braço e escuto sua voz.

Kai: Sei que não confia em mim, mas Ali, protegerei você com minha vida se for preciso.

Ali: Não entendo por que o cheiro dele me é tão familiar e reconfortante, e em seu olhar vejo sinceridade.

Kai: Cuidado para não pisar nos cacos de vidro e se cortar. Eles só querem nos intimidar para que você pare de investigar.

Ali: Depois de Kai limpar os vidros e cobrir a janela com um móvel grande, subimos aos quartos. Tomei um banho, um analgésico para a dor no pescoço, me vesti com uma calça de moletom e um suéter, mas não conseguia dormir naquela cama, só ficava girando de um lado para outro, então decidi bater na porta de Kai, que abre a porta sem camisa, apenas de suéter. Fiquei sem ar ao ver aquele Deus grego diante de mim.

Ali: Desculpe, não consegui dormir.

Kai: Quer dormir comigo? A cama é grande.

Ali: Eu só queria conversar um pouco. Acho que estou ficando louca.

Kai abre a porta para eu entrar e observo seu quarto enquanto ele se acomoda na cama, e faço o mesmo.

—Sobre o que quer falar?— pergunta ele.

Ali: Sobre qualquer coisa, menos sobre esta cidade. Como foi, por exemplo, o seu primeiro amor?

Kai: Vejo ela se acomodar na cama, com aqueles olhos brilhantes. Foi uma colega do colégio, quando mudei para a cidade com minha mãe. Eu era o novo aluno e todos zombavam de mim por ser gorducho, mas havia uma menina linda e doce que nunca riu de mim, pelo contrário, me defendia e protegia. Ela me ajudava com as tarefas e fazia sobremesas para mim, deu-me o meu primeiro beijo, mas foi transferida para outro colégio.

Perdemos contato, até que a vi novamente na universidade. A reconheci imediatamente, pois nossas universidades tinham competições esportivas, mas ela não me reconheceu. Eu já não era mais o gordinho de antes. Ela estava com um rapaz, então não quis incomodá-la, apenas a observei de longe.

Ali: Talvez se você tivesse se aproximado, ela teria te reconhecido. Quem sabe você também fosse o primeiro amor dela. Meus olhos se fecham lentamente e não consigo evitar adormecer.

Kai: Ajusto o cobertor sobre ela, que parece tão bela. Quando será que você vai me reconhecer, Ali? Enquanto ela busca meu calor e acaba adormecendo em meu peito.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!