Narrado por Liandra
– Você ENLOUQUECEU? Só tem essa explicação. Pelo amor de Deus, você bateu a cabeça? – Mariah, minha amiga, grita, chamando atenção das pessoas espalhadas pelo refeitório da faculdade.
– Ei, fala baixo. – enquanto falo, ela respira ofegante e começa a contar até dez pausadamente e me olha como se ainda não acreditasse.
– Me diz, por favor, que é uma pegadinha, uma brincadeira sem graça para ver minha reação... – ela fala.
– Mari, me escuta! Eu pensei muito ontem e tomei essa decisão. – falo determinada.
– Amiga, nem sempre você terá que ajudar a sua irmã a cumprir as vontades dela. Ela também tem que ouvir “nãos”! – ela tenta me convencer.
– Eu sei amiga. Mas quero que ela cresça e que curta também. Papai se fechou muito após a morte... – suspiro – Miga, só tenho que arranjar um namorado, algo combinado por um tempo determinado. Papai terá que liberar-me e
consequentemente à minha irmã também. No fundo eu sei que ele não permitiu por minha causa. – ela ainda me olha ela ainda me olha em choque como se não soubesse o que pensar da situação.
– Eu definitivamente nunca vou entender o que se passa na cabeça do seu pai. – sua expressão é de desacreditada.
– Nem mesmo eu consigo entender. Por isso me preocupo com a Let. Ao contrário de mim, ela gosta de curtir.
– Ela vive né, amiga. Você é fechada numa bolha de perfeição, vulgo chatice.
– Não irei continuar esse assunto no nosso diálogo para não discutirmos.
– Certo, sua fujona. – reviro os olhos e ela sorri sarcástica.
– Eu só quero que ela tenha uma boa vida. Ela é corajosa para impor o que quer e se ela deseja isso, eu quero ajudá-la a ter. – a razão talvez seja por eu não ter tido, mas não preciso falar isso para a Mari. Ela me olha fixamente por um tempo, como se me analisasse, mas por fim, sorri e diz:
– Sabe que pode contar comigo sempre, né? E fica se aproveitando! – rio e ela completa – Vou te ajudar a achar um cara perfeitinho e maluco para te aguentar e que aceite essa loucura. – ela revira os olhos, mas estranhamente
quando foca em mim novamente eles brilham. Ops lá vem.
– Mas, terá me prometer algo, para obter minha ajuda.
– Estava fácil demais... O quê? – digo.
– Prometa que o tempo que passar namorando... – ela começa.
– Que será um combinado. – ressalto interrompendo-a.
– Que seja! – ela exclama, e balança as mãos, fazendo pouco caso da coisa mais importante da situação, sendo mandona como sempre – Terá que aproveitar a vida de comprometida, já que nunca namorou.
– Quem nunca namorou? – pulamos de susto com a voz de Nathan, meu melhor amigo – Com certeza Lia, a encalhada! – diz e eu reviro os olhos.
– Não já sabe que só pode ser ela. – Mariah o ajuda a zoar com minha cara e ele ri.
– Por acaso estamos mentindo?! – continua a me provocar.
– Falou o cara que sofre quando o assunto é vida amorosa! – digo e vejo Nath rir como quem diz que vai ter volta, enquanto Mariah franze as sobrancelhas.
– Nath, você não estava amarrado com aquela chata da Estefânia? – Mariah pergunta e eu levanto uma de minhas sobrancelhas para o assunto já velho.
– Passado. – limita-se.
– Graças a Dona Maria das Coxinhas de Frango! Ela era grudenta demais. Você encontra outra melhor! – Mariah só falta soltar fogos de artifício, enquanto eu rio.
– E já tem um bom tempo, na verdade. Está por fora, Mariahzinha. – tenta cortar o assunto, mas percebo as interrogações no olhar de minha amiga que fica a postos para questionar o coitado que está transmitindo em seu rosto certa frustração por causa do assunto e terei que encerrar.
– Você já está liberado Nath? – pergunto, antes da Mari falar alguma coisa.
– Sim e você?
– Também. Vamos? – Nath assente. Ele mora próximo a mim, então sempre me dá carona na vinda e voltamos juntos quando os nossos horários batem.
– Afs! Vou ter que ficar aqui solitariamente abandonada porque tenho mais duas aulas! – já falei que Mariah é a estudante de moda mais dramática que existe?
– Pensa pelo lado bom. Teu boy irá vim lhe buscar, gracinha! – ela sorri apaixonada e eu rio. –Tchau miga, me conta tudo depois.
Nath se despede dela com um abraço e seguimos pelo corredor na direção do estacionamento conversando sobre nossos respectivos dias, rindo e fazendo piadas, até chegarmos ao carro de seu pai que ele usa emprestado.
Entramos, colocamos nossos cintos, e ele pergunta:
– E então, o que falavam baixinho antes de eu chegar?
– Contei para Mariah que estou pensando em começar um namoro... – comecei sem saber como terminar.
– Sério? Você? Achei que morreria sem te ouvir falar algo parecido. Tá gostando de quem? Eu conheço? – Nath metralha perguntas.
– Eu... Não sei... – digo, pois não quero contar a ele o meu real propósito.
– Você é maluca, na moral. Me explica porque não estou entendendo. – Nath me olha revezando a visão na estrada, mas eu conheço esse olhar de quem sabe que contei meia verdade. Esse é o "problema" quando a pessoa te conhece há muito tempo.
– Nath, só foi um pensamento. Não pretendo aparecer namorando do nada. – ele está ligado as minhas palavras. – Só acho que devo abrir-me nesta área, pois alguém legal pode aparecer. – vejo um biquinho se formar com minha última frase, mas, sai tão rapidamente que o considero como seu modo de ponderar e analisar o que eu disse, mesmo que seja um gesto que raramente ele faz para mim.
– É você se abrindo e eu me fechando nessa área. O mundo vai acabar! – diz como piada e rimos.
Quando ele para em frente a minha casa, nos despedimos como sempre, eu o abraçando e ele deposita um beijo em meu cabelo ruivo cacheado que tanto ama, retribuímos sorrisos e eu saio do carro, acenando um tchauzinho com uma das mãos e ele, sorrindo, espera eu entrar para partir.
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Abro a porta de casa, entro e fecho-a logo em seguida. Está tudo em silêncio.
Vou em direção à cozinha, apesar da minha completa falta de fome totalmente normal quando qualquer coisinha acontece – sensibilidade absurda é meu sobrenome, mas sou o contrário de muita gente que desconta na comida. Pego uma das maças empilhadas sobre bananas na vasilha de frutas da bancada central e a mordisco enquanto vou para o meu quarto e tranco-me nele. Observo o cômodo quadrado com as paredes em tom azul ciano com móveis de madeira tais como meu guarda-roupa, um baú que abriga os meus vários bichinhos de pelúcia, uma bancada para escrever e estudar e um espelho acima dela e minha cama que fica alinhada ao lado aposto da porta, centralizada com duas janelas em cada lado. Os lençóis que a forram são brancos e os dos três travesseiros são pretos. Eu não me identifico como princesinha, mas sou um tantinho delicada. Lanço-me na cama de barriga para cima e não sei ao certo quando acontece, mas adormeço.
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Atualizado até capítulo 98
Comments
Mi-Choo56
eu espero que esse namorado seja o Nathan, ja enxerguei muita quimica nos dois
2023-08-07
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