Capítulo 5

Helen - Oi, Judy?

Beth coloca a neta no chão para dar um abraço na professora.

Helen - Eu assisti toda a apresentação, você estava perfeita!

Allan - Como se diz, filha?

Judy - Obrigada!

Eles ficam se olhando, contudo, Judy quebra o gelo.

Judy - Vamos para a pizzaria com a gente?

Helen fica sem jeito com o convite da pequena e olha para Allan, como se estivesse esperando que o convite fosse feito oficialmente por ele.

Allan - Estamos indo comer uma pizza para comemorar o sucesso da apresentação da Judy, quer ir?

Ela olha para dona Beth que continuava observando a troca de olhares entre os dois, muito mais da parte dela.

Beth - É, vamos, Helen!

Helen - Bom, se vocês insistem eu aceito o convite.

Allan - Veio de carro?

Helen - Não!

Eles saem da escola e seguem para o estacionamento.

...

No hotel, Luiza continuava dormindo por conta do forte remédio para enxaqueca que tomou. Ryan abre a porta do quarto e entra extremamente bêbado cambaleando de um lado para o outro.

Ryan - Luiza?

Meio tonto ele se aproxima da cama, tira os sapatos e deita a abraçando por trás na posição conchinha. Com o toque inesperado, Luiza acorda atordoada e o empurra ao sentir o bafo fortíssimo de álcool.

Luiza - Não toque em mim, seu bêbado nojento!

Ela o chuta, que tonto do jeito que estava, acaba caindo no chão emitindo um barulho contra o piso de madeira.

Ryan - Você vai inventar que está com enxaqueca dessa vez sua vadia? Faz meses que me rejeita, é dinheiro que você quer? Toma!

Ele tira umas cédulas do bolso e joga no ar. Indignada com a forma que foi tratada, Luiza se estressa e parte para cima dele o socando, embriagado, ele somente ri da situação.

Luiza - Seu nojento, eu tenho nojo de você!

Ryan - O quê você disse sua piranha?

Ela dá um chute nas costelas dele que com o atrito o deixou sem ar, Ryan até tentou falar nos primeiros segundos, mas não conseguiu.

Luiza - Eu vou embora deste hotel! E se você vir atrás de mim, vou na polícia te denunciar.

Ela pega a mala no closet e joga em cima da cama, abre e põe todas as suas roupas dentro de qualquer jeito e fecha a levando para perto da porta.

Ryan - Aonde você vai?

Luiza - Não te interessa, volta para Nova York seu otário, pois nem todo o dinheiro do mundo vai me fazer voltar para você!

Ryan - Isso é que iremos ver!

Ele tenta se levantar segurando no colchão, mas estava completamente sem forças e equilíbrio para isso. Luiza coloca uma pequena bolsa atravessada no corpo e puxa a mala saindo do quarto, posteriormente do hotel, andando a noite sem rumo no frio.

Luiza - Eu preciso encontrar uma pousada que cobre um preço mais em conta.

Ela falava para si mesma enquanto arrastava a mala na pista um pouco lisa devido a neve que começou a cair. Anda por vários quarteirões à procura de um lugar para passar a noite, mas não encontrou.

Estava sentindo seus lábios adormecendo, e suas pestanas pesadas por conta dos flocos de neve que grudaram nos seus cílios. De longe, avistou um letreiro iluminado de uma pizzaria e resolveu ir até lá pedir alguma informação de pousadas e aproveitar para jantar, já que se encontrava faminta.

Ao chegar em frente, empurra a porta e entra, olha para os lados fitando somente algumas mesas ocupadas, mas sem explicação nenhuma seus olhos se encontraram com os de Allan, que estava sentado à mesa com a filha, mãe e a professora Helen.

Por cerca de segundos, eles se encaram profundamente, na verdade, pareceu muito mais que alguns segundos.

Judy - Papai? Papai?

Ele sai do transe e a olha.

Allan - Oi?

Judy - A pizza chegou!

Ele olha para a mãe, depois para a Helen que estava sorridente.

Beth - Parecia que estava no mundo da lua, o quê você viu?

Allan - Hã? Na... nada!

Ele tira um pedaço de pizza e põe no prato da filha, corta em pedaços e se serve, já que todos já estavam comendo. De vez em quando ele leva a visão em direção ao balcão onde Luiza estava sentada numa banqueta.

Helen - Vi a reportagem do casal desaparecido no mar na televisão, que bom que encontrou Allan, eu tenho certeza que foi você.

Beth - É, esse menino só me dá orgulho nessa vida!

As duas olham para ele que parecia estar longe, desconfiada e conhecendo muito bem o filho, dona Beth vira-se disfarçadamente em direção ao balcão, arqueia as sobrancelhas e sorri, ao visualizar a bela moça.

Beth - Agora eu entendi!

Judy - O quê vovó?

Beth - Uma coisinha aqui, costumo pensar alto, meu amor!

Helen - Sabe que eu também, às vezes me pego pensando algo e do nada a pessoa do meu lado pergunta "o quê?"

Todos sorriem.

Enquanto isso, Luiza esperava sentada um brotinho de quatro pedaços de pizza portuguesa. Mas evitava olhar para trás, era inexplicável a sensação que teve ao olhar para o Allan, seu coração quase saiu pela boca.

Garçonete - Está aqui o brotinho!

Luiza - Obrigada!

Garçonete - Vou anotar o endereço da pousada, o senhor que é o dono é muito bacana, com certeza lhe cederá um quarto.

Ela pega uma folha de papel e anota o endereço.

Garçonete - Está aqui

Ela estica a mão lhe entregando o papel.

Luiza - Muito obrigada, moça!

Garçonete - Você não é daqui, né? Tem um sotaque diferente.

Luiza - Sou brasileira!

Garçonete - Sério?

Perguntou com empolgação

Garçonete - Agora está explicado as curvas!

Ambos sorriem.

Luiza - Isso é um elogio?

Garçonete - Claro que sim! Meu nome é Lara!

Luiza encosta os talheres no prato e a cumprimenta com um aperto de mãos.

Luiza - Muito prazer, me chamo Luiza! (risos)

A garota se empolga e começa a conversar.

Lara - Nossa, aquele Allan Bradley é um gato!

Luiza - Quem? (risos)

Lara - Aquele cara que tá sentado naquela mesa!

Curiosa, Luiza olha disfarçadamente para trás e constata que a garçonete falava do mesmo cara que ela trocou olhares quando entrou na pizzaria.

Lara - Tenho pena dele!

Luiza - Por quê?

Lara - A esposa dele faleceu anos atrás decorrente de um acidente.

Luiza fica pensativa e abaixa a cabeça triste, voltando a comer a pizza devagar para não se engasgar, já que estava com pressa de chegar na pousada antes das 20:00 horas.

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