Diogo (Também conhecido como DG):
Hoje, aos meus 31 anos, enquanto observo as luzes das casas lá embaixo, estando aqui no topo do morro, reflito sobre a minha vida.
Com os braços cruzados e vestindo uma blusa com capuz, me encontro, contemplando tudo de cima. Nessas horas, acabo refletindo sobre tudo o que vivi e sobrevivi.
Lembro-me da minha infância no interior, onde nunca tive a presença do meu pai. Eu era um espírito livre e sei que dei muito trabalho para a minha falecida mãe.
Como posso explicar essa parte de mim para as pessoas? Talvez tenha sido um distúrbio causado pela negligência do meu pai, mas não tenho certeza. Ou talvez eu tenha nascido assim, destinado a ser um cara totalmente problemático.
Foi essa trajetória que percorri, no meio das correrias do dia a dia, que me trouxe até aqui. Foi aqui, neste morro, que Diogo Garcia deu lugar a DG, o chefe temido por todos.
Tive que fazer coisas realmente terríveis para alcançar essa posição, precisei conquistar a confiança das pessoas certas e, literalmente, lutar contra outras ainda mais malignas.
Estou distraído quando Lucas, um dos meus homens de confiança, se aproxima de mim.
— E aí, chefe? Os carregamentos foram concluídos com sucesso.
Sei perfeitamente que ele está se referindo aos carregamentos de drogas, então respondo:
— Me entregue a planilha depois, Lucas. Preciso acompanhar todos os detalhes minuciosos dessa carga.
— Tranquilo, já deixei na sua mesa, chefe.
Olho para ele com seriedade e digo:
— Qual é, Lucas? Já te disse para me chamar de DG quando estivermos a sós.
Ele sorri discretamente e diz:
— Tudo bem, é questão de costume... Sabe como é, né?
Rimos juntos. Lucas é mais que um amigo, ele é um irmão que está comigo há muito tempo.
Ele me olha e diz:
— Os moleques estão fazendo um churrasco lá em cima da lage, você quer ir? Tem várias garotas que subiram o morro, o que significa carne nova.
Passo a mão na barba, suspiro profundamente e respondo:
— Hoje não estou a fim, Lucas. Não estou interessado em churrasco nem em mulheres.
Ele já compreendendo o motivo, diz:
— Entendi. Dia nublado, não é?
Dia nublado é quando a reflexão bate, o dia em que penso "E se fosse diferente?". É quando questiono por que escolhi esse caminho sem volta, quando me pergunto se mereço redenção.
Lucas se aproxima, coloca as mãos nos bolsos da calça e começa a admirar a vista daqui de cima. Olhando para as luzes das casas abaixo, ele me pergunta:
— Você está pensando nela novamente?
Com um pequeno sorriso discreto, respondo:
— Sim, sempre que penso nela, mergulho nesse mar de reflexões. Ela nunca saiu da minha mente.
Como sempre, ele diz:
— Eu já te disse, DG, podemos encontrá-la para você. Só precisamos que você nos dê o nome dela.
E como sempre digo a ele:
— Não, Lucas, ela ficará melhor sem mim. Além disso, a mãe dela me detestava. Odiava quando eu ia na casa deles e vivia me chamando de garoto problema. Na verdade, a mãe dela estava certa. Sempre fui um problema.
Lucas me olha com reprovação e diz:
— Não acho que você seja um problema. Apenas acho que você tem facilidade para atrair problemas. E você tem ainda mais facilidade para resolvê-los.
— Pois é, guardo apenas boas lembranças daquela época, mesmo com a mãe dela me odiando.
Lucas me olha intrigado e pergunta:
— Se a mãe dela não gostava de você, como você ia na casa dela então?
— O irmão dela era meu amigo. Ele sempre me defendia da mãe deles.
Ele responde:
— Entendo. Mas vocês eram muito jovens, não é? Especialmente a garota.
— Sim, Lucas. Havia uma atração muito forte entre nós. Muitas vezes, eu me odiava por isso. Não entendia por que estava acontecendo, por que sentia isso por aquela garotinha.
Ele me olha e diz:
— Realmente, era uma situação desafiadora, ainda mais porque você também era jovem na época.
Concordando com ele, digo:
— Sim, mas em uma noite, quando ela saiu com a mãe e depois voltou para casa porque tinha esquecido algo, segurei a mão dela enquanto ela passava perto de mim. Lembro que ela estava confusa, queria sair, mas eu a puxei suavemente e disse que queria dizer algo a ela. O que aconteceu foi apenas um selinho, em nenhum momento forcei nada.
Lucas então diz:
— Isso mostra o quanto você a respeitou, independentemente de ter dado o selinho ou não.
Lembro perfeitamente do momento em que ela saiu correndo. Na verdade, sorrio ao lembrar da cena. Lucas, atento, me pergunta:
— E esse sorrisinho aí, o que foi?
— Apenas lembrei que, depois do selinho, ela saiu correndo e me deixou lá, sem entender nada por um momento. Mas logo entendi que eu tinha sido o primeiro garoto a dar um selinho nela.
Lucas parece intrigado com a minha revelação e continua a me questionar:
— E como foi depois disso? Vocês mantiveram contato?
Eu reflito por um momento e respondo:
— Depois desse episódio, as coisas mudaram um pouco entre nós. Acho que ambos ficamos um pouco confusos e incertos sobre o que aquilo significava. No entanto, continuamos amigos e nos víamos ocasionalmente. Mas gradualmente, nossos caminhos começaram a se afastar à medida que crescemos e seguimos rumos diferentes.
Lucas, curioso, pergunta:
— Mas DG, o que você ia dizer a ela antes dela sair correndo, logo após o selinho?
Eu suspiro, relembrando aquele momento específico, e respondo:
— Na verdade, Lucas, eu estava tão nervoso que acabei não dizendo nada. Naquele instante, eu apenas queria expressar o quanto eu me importava com ela, o quanto ela significava para mim. Mas as palavras fugiram de mim, e o selinho foi tudo o que aconteceu.
Lucas assente, demonstrando compreensão, e diz:
— Entendo, às vezes as emoções nos deixam sem palavras. O importante é que você tentou mostrar seus sentimentos de alguma forma.
Concordo com ele, refletindo sobre a situação, e acrescento:
— Sim, você está certo. Acredito que, naquele momento, o gesto foi a maneira que encontrei para transmitir um pouco do que sentia. Mesmo que tenha sido breve, deixou uma marca em nós dois.
Lucas sorri e conclui:
— Às vezes, as ações falam mais do que as palavras. Tenho certeza de que ela deve ter se lembrado desse momento especial.
Eu sorrio em resposta, agradecido pela compreensão de Lucas, e digo:
— Espero que sim. Talvez um dia eu tenha a chance de conversar com ela novamente e finalmente dizer as palavras que ficaram presas naquele momento.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 81
Comments
Adriele Renata
Cadê as fotos ????
2025-04-06
0
Claudia Ribeiro
imagino quando eles ser encontrarem
2024-11-25
0
Rosangela Coelho
o marido dela vai estar ferrado nas mãos do DG
2024-10-09
1