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Ainda estou tentando assimilar as coisas que estão acontecendo e que aconteceram nesses últimos dias. Mas devo admitir que me sinto aliviada por Gideon ter me salvado daquele lugar horrível, muito embora eu tenha medo dele.
No dia a dia ele não se parece em nada com o homem que eu conheci naquela noite pelo que pude notar nesse pouco tempo em que estamos meio que convivendo. Se é que posso chamar isso de convivência. Eu não o vejo, só na hora das refeições.
Ele trouxe uma moça muito bonita, acho que passou a noite com ele, e foi ótimo conversar com ela. Também gosto muito de Carmen, ela cuida muito de mim. Quase como minha mãe.
Por falar nisso, sinto tanta falta dos meus pais.
Como será que eles estão?
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Estou sentada em um banco no jardim lindo que a casa possui. Tem uma variedade incrível de plantas e flores, com algumas esculturas bonitas também. Quem planejou e executou isso daqui entende mesmo de plantas e tem um talento e tanto pra isso.
- Aí está você!
Volto minha atenção na direção da voz feminina que fala comigo e dou de cara com uma mulher muito linda e elegante. Ela está usando um vestido decote canoa, em um tom de lilás. Usa saltos altíssimos e os cabelos castanhos estão caindo perfeitamente em volta do busto dela.
- Eu sou Isabel, sou a mãe de Gideon.
Encaro a mulher por mais alguns instantes enquanto ela sorri pra mim e percebo que não há nada de parecido nela com o filho. Além do fato de Isabel ser a elegância personificada, ela definitivamente não aparenta ser mãe de um homem da idade que Gideon tem.
Apesar de eu não saber quantos anos ele tem, é claro.
- Oi, eu sou Yuliya.
Isabel se senta ao meu lado.
- Bom minha querida, eu vim porque trouxe alguns vestidos pra você experimentar. Meu outro filho vai se casar dentro de alguns dias e quero você participando da festa.
Isso me pega de surpresa.
Sei que só estou aqui por razões atípicas, vamos dizer assim, não faz sentido ela querendo que eu participe de algo da família.
- Fico lisonjeada com o convite, Isabel, mas acho melhor não aceitar. Eu não conheço os noivos, além do mais eu não estou em condições de colocar um vestido de festa.
Estico meus braços e levanto as mangas da blusa que coloquei pra cobrir os hematomas que estão começando a ficar esverdeados.
- Deixe de bobagens, Yuliya. Estou te convidando de coração, e quanto aos hematomas, não se preocupe, nada que uma boa maquiagem não resolva.
Inspiro fundo quando percebo que ela não vai me dar outra alternativa.
- Tudo bem.
Isabel sobe comigo até o quarto em que estou dormindo e me mostra alguns vestidos.
Imediatamente eu sou atraída para o de mangas longas, em estilo lanterna. Tem um decote em V modesto e um drapeado em forma de torção na frente. Tem o comprimento midi e uma abertura central pra dar conforto ao andar, sem contar que é feito em cetim de seda elegante.
Escolho esse modelo mesmo, sabendo que vou ficar mais confortável com as manchas pelo meu corpo.
Isabel me ajuda a escolher os acessórios e um par de sandálias bonitas pra combinar.
- As moças do salão vão vir na sexta pra fazermos as unhas juntas e cuidar do cabelo. O casamento é no sábado de manhã.
Antes de sair Isabel me pergunta se quero ir comprar algumas coisas do meu gosto. Como perfume e maquiagem, já que eu rejeitei me arrumar com uma equipe profissional no dia mesmo do casamento.
- Será que eu posso fazer uma lista e alguém busca pra mim? Ainda não me sinto confortável pra sair.
Recebo um sorriso amável de volta.
- Mas é claro que sim, minha querida! Vou deixar Gideon avisado pra pedir a Elijah para providenciar o que você quiser.
********
Chegamos no tal dia do evento e eu me arrumo de um jeito mais caprichado. Graças a Deus eu tive que recorrer à maquiagem só pra um pedaço do meu colo. As marcas na minha perna estão mais nas coxas e o vestido tampa. Além é claro dos benditos braços.
Me olho no espelho enquanto tiro o bob que coloquei na franja pra dar volume e eu usar meu cabelo partido ao meio.
Ouço uma batida na porta e logo Carmen surge.
- Você está linda!
Fico sem jeito com o elogio dela.
- Obrigada.
- Vamos? Gideon vai nos encontrar lá. Ele foi buscar o irmão.
*********
Nós chegamos em uma baita mansão que tem mais um jardim impecável decorado na perfeição. Carmen sussurra no meu ouvido:
- Gideon tem um jeito incrível pra decoração. Herdou o talento da mãe, com toda a certeza.
Olho em volta um pouco mais imaginando como um homem grande como ele, que faz o estrago que eu sei que faz, pode ser responsável por dar vida à um lugar tão bonito assim.
Simplesmente não faz sentido.
- Ele decorou isso aqui?
Ela confirma com a cabeça.
- E o jardim da casa tem a assinatura dele?
Carmen dá de ombros.
- Bom, tirando algumas pequenas coisas que a senhora Greco faz questão de manter, é tudo uma criação dele. Não só esse, mas o lá de casa e o do irmão também.
Nossa, por essa eu não esperava.
Não demora muito e um homem com os cabelos inteiramente negros e olhos da mesma cor aparece. Ele é um coroa muito bem conservado e abre um sorriso pra mim.
- Olá Yuliya, eu sou Cesare Greco. Sou o pai de Gideon e amigo de seu pai.
Imediatamente eu reconheço o nome e fico intrigada por mais uma vez perceber que Gideon não tem nada de parecido com os genitores mesmo. Quando conheci Isabel pensei que ele tivesse puxado ao pai.
Não conhecia Kalel porque papai não gostava muito que eu ficasse a vista de algum parceiro de negócios. Victor colocou os olhos em mim por um acaso, um descuido de mamãe e tudo virou o inferno que virou minha vida.
- Muito prazer, senhor Cesare.
Ele balança com a cabeça.
- Só Cesare está bom, minha querida. Quero que fique à vontade.
Ele sai de perto der nós duas e eu fico observado as coisas. Me mantenho próxima de Carmen porque não reconheço absolutamente ninguém. Não quero mesmo fazer ou falar algo que vá causar vergonha nas pessoas aqui.
De repente eu avisto Gideon.
Ele é um homem muito lindo, isso é inegável. Mas me dá um medo gritante.
Hoje está usando um terno chumbo e penteou os cabelos pro lado. Ele passa a mão e um fio acaba ficando um pouco caído pra frente. Isso chama a atenção de algumas mulheres na festa, eu vejo elas cochichando.
Gideon chegou ao lado de um homem da mesma altura dele, com um corte de cabelo parecido, e que chama atenção das mulheres do mesmo jeito. O que eu acho uma falta de respeito com a noiva. Ele usa uma flor na lapela. Deduzo ser o noivo, já que ele é idêntico a Cesare.
💭Será que Gideon é adotado?💭
Deve ser. Isso explicaria muito as coisas.
Decido tirar essa dúvida com Carmen e quando um garçom passa servindo suco e água, eu aproveito.
- É sim minha querida. Álister e Gideon nasceram no mesmo dia, mas o loiro foi deixado em um cesto na porta dos Greco e ele foi adotado. Isabel o amamentou como se tivesse saído dela mesmo.
Interessante.
- Quantos anos eles têm?
Fizeram vinte e sete mês passado pelo que ela me responde.
Logo uma mulher inteiramente vestida de preto avisa que a noiva já chegou, nós seguimos pra capela extremamente bem decorada que a casa possui e mais uma vez eu admiro o talento que Gideon tem.
Tudo é tomado por Lírios brancos e rosas amarelas. Desde a recepção lá fora até o altar.
Deve ser o gosto da noiva.
A marcha nupcial começa e nos levantamos pra ver o senhor Greco andando de braços dados com uma noiva elegante e coberta por um véu lindíssimo. Ela optou por um mangas longas e embora eu ainda não consiga ver o rosto, sei que deve ser uma mulher linda.
Álister não se casaria com uma mulher feia, nem que fosse obrigado a isso. Está na cara dele.
Consigo notar que os Greco são muito influentes. O clérigo celebrando a únião não é qualquer um, e os convidados todos são extremamente bem vestidos com acessórios e coisas caras pelos modelitos.
Depois que a cerimônia acaba nós seguimos pra festa e eu acho lindo o jeito como Álister dança com a mulher. Ela parece ser tímida como eu e quando tropeçou em um passo ele a ajudou colocando sobre os seus pés pra dançar com ela de maneira livre.
Os dois devem ser muito apaixonados. Sem dúvidas.
Depois que a primeira dança oficial dos noivos acaba, eu me sento em uma mesa reservada com o nome dos Greco. Gideon aparece e me olha por uns instantes de um jeito enervante antes de dizer:
- Está tudo bem?
Pisco umas duas vezes meio sem entender. Está nítido que está perguntando apenas por obrigação, não havia necessidade de vir aqui.
- Está tudo sim.
Ele sai de perto de mim levando Carmen e eu fico mais um pouco sozinha observando como são as coisas e pessoas. De repente a noiva para do meu lado.
E como eu suspeitava é linda mesmo.
Tem os cabelos cor de chocolate presos em um coque bem feito e um belo par de olhos azuis grandes.
- Oi.
Abro um sorriso pra ela e não resisto a elogiar.
- Oi, você está uma noiva muito linda.
Ela agradece e se senta em uma cadeira ao meu lado.
- Me desculpe, não sei como você se chama.
Estendo a mão pra ela e me apresento.
- Eu sou Yuliya Sarvetinenko, muito prazer.
A vejo me olhando com um certo interesse depois que pronunciei meu nome. Certamente associando que não sou daqui mesmo, tenho sotaque.
- Muito prazer Yuliya, eu sou Lilibeth Graham. Mas pode me chamar de Lili.
Acho estranho ela não usando o recém conquistado sobrenome. Mas deve ser só porque acabaram de assinar os papéis, talvez ainda não tenha se acostumado com isso mesmo.
Digo que pode me chamar só de Yuli também, e ela engata uma conversa comigo. Consigo perceber que Lili é muito educada e amável. Uma boa pessoa.
💭Será que sabe o que a família do marido faz?💭
De repente Isabel chega.
- Que bom que vocês já se conheceram e estão se dando bem!
Ela olha pra Lilibeth.
- Vamos lá minha querida. Você tem que jogar o buquê, partir o bolo e depois se despedir dos convidados.
********
Gideon tem um motorista simpático e é ele que nos traz de volta pra casa.
Subo para me quarto e troco de roupa afim de colocar uma mais fresca.
Paro no closet que agora está até cheio e me admiro no espelho observando que as manchas estão finalmente sumindo.
Só queria que os traumas que vieram com elas também desaparecessem.
Continuo sentindo falta dos meus pais, mas quero que eles fiquem em segurança. Não posso correr o risco de Victor saber onde estou e muito provável seja que eles próprios tenham se escondido também.
Então vou esperar.
Quando saio do meu quarto com um livro em mãos na intenção de sentar em um dos bancos do jardim, consigo ver Gideon dirigindo um esportivo. Ele tem alguns modelos na garagem, mas só um fica coberto com uma capa protetora.
Ele estaciona o carro e eu volto a prestar atenção no meu livro.
- Yuliya.
Levo um pequeno susto ouvindo que me chama e que está perto de mim. Ele se aproximou sem fazer barulho e eu não percebi mesmo.
- Me desculpe, não quis te assustar.
Nego com a cabeça.
- Sem problemas.
Ele faz um gesto apontando pro banco.
- Posso?
Ainda penso por uns instantes, não sei ao certo como me sinto do lado dele.
- Pode.
O vejo abrindo os dois botões do terno e se sentando do meu lado.
- Que bom que parou de se enfiar em roupas com as mangas compridas.
Dou de ombros meio sem jeito e opto por não responder.
Gideon me encara mais um pouco.
- Vi que conversou com Lilibeth no casamento e é bem provável que vocês vão se encontrar mais algumas vezes. Gostaria de reforçar com você que não diga nada a ela a meu respeito, nem o de meu pai. Principalmente de Álister. Ele faz o mesmo que eu, mas ela não pode nem sonhar com isso.
Franzo a testa.
Que espécie de casamento é esse em que a mentira tem que reinar? Não é certo isso, mas não é da minha conta.
- Tudo bem.
E é só, ele se levanta e entra na casa.
Gideon é estranho, mas é um estranho suportável ao menos.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Fatima Gonçalves
ela está certa
2024-10-02
0
Renascida das cinzas
kkkk é pecado rir???? 🤭🤭 não vou receber as visitas de Angelus e Legio na madrugada, né?!
2024-08-21
2
Renascida das cinzas
kkkk como diz o ditado: o gramado do vizinho sempre é mais verde...
2024-08-21
2