Era madrugada, e Elon estava em seu escritório quando o telefone tocou. Ele sabia quem era antes mesmo de atender. Seu pai, Carlos, vinha o pressionando há semanas, e ele não estava no clima para mais cobranças. Com um suspiro cansado, pegou o celular e atendeu.
— Alô, pai?
— Filho?
— Pai, já disse que estou correndo contra o tempo para arranjar essa mulher, mas não é tão fácil assim.
Carlos respirou fundo do outro lado da linha, e sua voz saiu mais grave e séria do que o normal.
— Elon, agora você precisa mais do que nunca se casar.
Elon franziu o cenho. Algo no tom do pai o deixou inquieto.
— O que aconteceu?
— O seu tio Pablo entrou com um pedido de substituição urgente. Se você não se casar em um mês, ele ou o seu primo Derem tomará posse do cargo.
Elon ficou em silêncio por um momento, tentando processar a informação.
— Isso é ridículo, pai. Eu tenho os meus negócios fora da máfia. Se perder o cargo, tudo bem, eu continuo a minha vida sem isso.
Carlos riu, mas não havia humor em seu tom.
— Você leu o contrato, Elon?
— Que contrato?
— O contrato que você assinou quando assumiu o cargo. Se você não cumprir as exigências, perde tudo. TUDO, Elon. Desde o cargo até seus negócios fora da máfia. Tudo passa a ser controlado por Derem.
Elon sentiu o chão sumir sob seus pés.
— Como assim, tudo?
— Está no contrato. E tem mais. Se você morrer, tudo vai para a sua esposa, por isso ela precisa ser alguém de dentro da máfia. Estamos sendo ameaçados, Elon. Seu tio e seu primo não querem apenas o poder, eles querem acabar com a gente.
— Você não me disse nada disso antes!
Carlos suspirou pesadamente.
— Não achei necessário até agora. Mas o tempo está passando, filho, e eles estão dispostos a tudo. Invadiram a nossa casa, quase nos mataram. Sua mãe e eu estamos escondidos.
Elon ficou em silêncio por um momento, digerindo cada palavra. O peso da situação caiu sobre ele como uma avalanche.
— Eu não acredito que você me colocou nessa situação, pai.
Furioso, Elon desligou a ligação e, num acesso de raiva, jogou o celular contra a parede, quebrando-o em pedaços. Ele passou as mãos pelo rosto, tentando se acalmar, mas o ódio e a frustração não davam trégua.
— Como ele me conta isso só agora?
Ele saiu do escritório com passos firmes e foi direto para o quarto de Patrick, abrindo a porta sem bater.
— Patrick!
Patrick, que estava deitado, olhou assustado.
— Que foi, cara?
— Meu pai acabou de ligar. Meu tio Pablo entrou com um pedido de substituição urgente. Tenho apenas um mês, UM MÊS, Patrick!
Patrick arregalou os olhos, sentando-se na cama.
— Eles voltaram a querer o poder?
— Sim! Acham que sou fraco, pelo visto.
Patrick balançou a cabeça, pensativo.
— Fraco, não. Você é uma ameaça, Elon.
— Uma ameaça?
— Sim. Você assumindo a máfia, casando e tendo um herdeiro, acaba com qualquer chance deles voltarem ao poder. O que eles querem não é dinheiro, eles já têm isso. Eles querem controle, querem o título de Don.
Elon se jogou no chão, encostando-se à cama.
— Meu pai disse que invadiram a casa deles. Estão escondidos.
Patrick arregalou os olhos.
— Como assim? Por que eles fariam isso? O alvo deveria ser você.
Elon balançou a cabeça, confuso.
— Também não entendi. Parece que querem eliminar todos os que estão no meu círculo.
— Isso é uma guerra de família, Elon. E está claro que eles não vão parar até conseguir.
— Eu nunca quis ser Don, você sabe disso. Mas agora estou preso. Meu pai passou tudo para o nome da máfia no contrato que assinei. Eu confiei nele, Patrick!
Patrick parecia tão incrédulo quanto Elon.
— E se você morrer?
— Tudo vai para a minha esposa. Se ela não assumir, o poder volta para o meu pai ou outro parente próximo.
Patrick soltou um assobio.
— Cara, isso está muito estranho. Por que seu pai faria isso?
Elon fechou os olhos, exausto.
— Não sei, mas agora não importa. Primeiro, preciso de uma mulher. Depois, eu penso no meu pai.
Patrick olhou para o amigo com uma mistura de pena e preocupação.
— Elon, você está mais encrencado do que imagina.
Elon sabia disso, mas não disse nada. No fundo, ele sentia que estava sozinho nessa guerra, e a única pessoa que podia confiar naquele momento era Cecília... mesmo que ela ainda não soubesse de nada.
Continua...
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Atualizado até capítulo 83
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