Capitulo 4 Natália pede demissão

No dia seguinte

Após chover a noite inteira, o dia amanheceu nublado.

"Pelo menos eu tenho a minha legging preta que sempre trago comigo, já que a outra tá toda suja e molhada." Natália pensou, ao se levantar na força do ódio.

Vestindo a sua calça e a camiseta, que lavou no chuveiro quando tomou banho e colocou para secar a noite na frente do ventilador do quarto.

Natália saiu às sete horas, e andou devagar, ainda mancando para o trabalho.

Para não dar lucro no bar onde trabalhava, ela parou num bar próximo, tomou um café e comeu um pão de queijo, com o dinheiro que sobrou.

Chegou no bar, não era nem oito horas ainda.

Bateu na porta e aguardou.

Assim que a gerente abriu, ela entrou.

"Que porra é essa? Você foi atropelada?" A gerente se assustou ao ver os cotovelos dela enfaixados, e as escoriações por todo o braço e mãos.

"Não! Eu caí." Respondeu Natália, passando por ela, indo direto para o vestiário se trocar..

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Ding

"Bom dia mano! Só pra lembrar que hoje às três horas, hein!" Jairo enviou uma mensagem, antes das oito da manhã, para Rodrigo.

Rodrigo já estava em seu estúdio, quando leu a mensagem e sorriu.

A garota da recepção estava passando, o viu sorrir e tomou um susto.

"A quanto tempo esse homem não sorri? Deve ter acontecido algo de muito bom, para que ele perdesse aquela expressão de morto vivo em seu rosto." Pensou a recepcionista.

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"Natália o dono ligou, e disse para você arrumar as caixas de bebida no depósito." A gerente a avisou, quando ela entrou no balcão.

"Mas esse não é o trabalho dos homens que fazem a entrega? Isso é um trabalho muito pesado não?" Natália perguntou com o rosto sombrio.

Ela não entendeu porque o dono ordenasse que ela fosse carregar as caixas pesadas de bebida.

"Sem chance! Ele disse para você fazer isso!" A gerente repetiu firme, também sem entender porque recebeu essa ordem.

"Ok!" Respondeu Natália, indo para o depósito.

"Quer me foder? Rá! Esses boys nem merecem a minha atenção. Monte de lixo." Natália xingou em pensamentos.

Quatro horas depois, ela terminou o trabalho.

Natália estava sentada no chão, ela lutou para se levantar, os seus joelhos sangravam novamente.

Arrumando o local, ela fechou a porta entregando a chave do depósito para a gerente.

Ela então foi para o vestiário e fez outro curativo, enrolando os joelhos com a faixa grossa, antes de se limpar e voltar para o balcão.

Natália suportou a dor e começou a servir as mesas, o bar hoje estava lotado.

Ainda eram três horas da tarde, Quando ela parou e comeu alguma coisa, hoje ela sairia às quatro horas.

Ela havia se decidido e hoje seria a última vez.

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"Todo mundo vai dirigir hoje?" Rodrigo ficou surpreso ao ver os três carros no estacionamento do seu estúdio.

"Nada! Só você e o Sandro. Nós só viemos de carro, porque trabalhamos até agora." Paulo respondeu, já entrando no carro de Sandro, e Jairo no de Rodrigo.

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Às três e meia da tarde, o grupo entrou no bar.

Eles se aproximaram do balcão, e Sandro viu uma garota sentada no banco alto.

"Ei! Aquela não é aquela gordinha de ontem? Porque tá toda remendada hoje? Será que apanhou de alguém?" Sandro era o fofoqueiro do grupo e quando avistou Natália sentada num banco de frente do balcão, falou para os outros enquanto apontava para uma certa direção.

"Mano do céu! Será? Que filho da puta covarde bate numa mina meu?" Jairo disse irritado, o que ele mais odiava era homem que batia em mulher.

Rodrigo olhava para a garota que bebia um refrigerante em grandes goles, e brincava com um isqueiro na mão, olhando para o cara que estava sentado ao lado dela.

"Se esses idiotas soubessem que ela caiu ontem, e que em parte sou um pouco responsável por isso. Eles me matariam né?" Pensou Rodrigo, ao ver os seus amigos preocupados com a garota.

Rodrigo olhou para o rosto de Natália, e pareceu se lembrar de algo.

"Ah! Bem que achei você familiar. Olha se não é a vadiazinba que sempre quis prejudicar a minha novinha preciosa." Rodrigo murmurou baixinho, mas Jairo que estava ao seu lado ainda o ouviu e o encarou.

Logo eles sentaram-se nos bancos no balcão, bem próximos de onde ela estava, e conseguiram ouvir parte da conversa do homem com a garota que o acompanhava.

"Isso mesmo! Eu tô dizendo a verdade. A maioria das minas que faz programa é tudo doente, tudo podre. Tem várias assim."

"Mas você não. Você é diferente delas."

"Você é limpinha e tem cara de namorada." O homem falava em voz alta.

"Ah! Tão feio" Natalia zombou

Ela estava esperando a gerente trazer o seu pagamento já que ela não queria mais trabalhar ali.

Então sentou no banco para tomar um refri que um cliente ofereceu, quando viu esse casal estranho entrar e sentar ao seu lado.

Então mesmo que não quisesse, ela ainda ouviu a conversa dos dois, que não falavam baixo.

O homem olhou para trás ao ouvir as palavras de Natália.

Natália sustentou o seu olhar, e se ele soubesse que ela não tinha papas na língua, ele nunca a confrontaria.

"O que você está olhando? Seu velho feio da pica sebosa, cheia de crosta branca por falta de lavagem. Vem aqui com uma GP, e tem a cara lisa de dizer que garota de programa é suja. Porra! Se acha isso, que desgraça faz com essa aí? Tá pagando pra comer as doentes? Natália zombou alto.

"Não precisa dizer, eu se a razão disso!"

"É que aqui fora nenhuma mulher com juízo perfeito sairia e daria o priquito pra você nem pagando, né?" Natália sempre foi na dela, mas quando pegava alguém para zombar, ela era destemida e falava o máximo para envergonhar a pessoa.

Após dizer isso, ela saiu sem olhar para ninguém.

"Caralho! A gordinha quebrou o cara só com as palavras. Kkkkkkkk! " Jairo aplaudiu, rindo alto.

O homem estava com raiva por ser zombando, e com raiva ele virou para olhar para quem estava rindo dele, querendo tirar satisfações.

Mas quando viu o grupo composto por quatro jovens altos e fortes, desistiu na hora, pagou a conta e foi embora com a garota, sem dizer uma palavra.

Natália recebeu o seu pagamento, pegou as suas coisas, indo embora do bar para sempre.

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