Capítulo 2

Jacob Stewart

Sentado nessa cadeira eu observo a mulher firme, decidida e poderosa à minha frente...

Cabelos escuros e compridos, corpo pequeno e delicado, rosto de menina, olhinhos apertadinhos, boca desenhada, gestos sutis e voz doce.

Essa mulher mexe mais com meu psicológico do que eu ousaria admitir com palavras, e por uma dessas brincadeiras da vida, nos distanciamos.

Somos adultos, mas não soubemos como lidar com certas situações entre nós, então cada um seguiu seu rumo, nos distanciando cada dia mais, até nos perdermos um do outro.

Mas a vida também têm suas coincidências, e numa dessas, a Love in jewelry, empresa de joias que meus pais fundaram e hoje eu dirijo ao lado da minha irmã Amber e do meu primo Andrew, têm todas as campanhas feitas pela Prime, empresa dirigida por essa tempestade coreana em forma de mulher.

Ela joga os cabelos para o lado, deixando o pescoço à mostra, e me faz o pedido que eu queria ouvir...

- Me ajuda a pôr o colar?

Esse colar foi um presente que eu cuidei pessoalmente de cada detalhe da confecção. Escolhi o designer das letras e a espessura da correntinha que, eu sabia, ficaria perfeita no pescoço dela.

Me levanto e dou a volta em sua mesa, deslizando meus dedos pela pele delicada de seu pescoço, sentindo a maciez e me inclinando, aspirando o perfume suave...ainda o mesmo perfume de antes.

Coloco o colar e prendo o fecho. Mas minha atração por ela é incontrolável e não resisto, dando um leve beijo em seu pescoço, sentindo e vendo seu corpo se arrepiar com meu toque.

- Eu sinto sua falta, minha tempestade...- digo baixinho, ainda com os lábios próximos à sua pele. - Por favor amor...

Ela se mexe na cadeira, se esquivando e limpando a garganta, quebrando nosso clima.

- Jacob, obrigada pelo presente, mas já pode se sentar. - aponta a cadeira e eu suspiro frustrado, mas aceito...não tem jeito. - Já que está aqui, quero te mostrar umas ideias que tive para a sua nova campanha das joias com Rubis...

Resolvo tratar somente de negócios. Então nos sentamos nos sofás da sala dela e ela vai colocando alguns esboços sobre a mesa de centro...

- Então, Jake, é isso. Se você gostou do slogan nós podemos seguir, mas quanto as fotos, eu prefiro esperar o Kevin voltar de Boston na próxima semana, aí vamos refazer as fotos em outra cidade. Aqui com tanta neve não será tão bom quanto à imagem que eu quero pra essa campanha. Rubis remetem à calor, fogo, e eu preferiria fotos num ambiente mais caloroso, estilo Brasil, tropical...

- Gostei da ideia. Que tal uma viagem? - digo, descontraído. - Brasil, família. Podemos visitar o pessoal, nossos primos...- tudo o que eu quero é mais tempo com ela.

- Ah, mas pra viajar e visitar teríamos que levar todo mundo. Bom, Vó Larissa e vô Felipe, Eu, Kevin, meu pai, minha mãe, tio Aaron e tia Sofy, Adrian, Allan, Nicollas e Mariana, tem a Maria Isis também.

- A filhinha do Nicollas?

- Sim, a minha bolinha fofa. - diz, sorrindo. - Tem também tio Antony e tia Melissa, Victoria, Pietro, vô Igor e vó Mônica, tio Seong e tia Anne, Andrew, Erick, Maria Flor, Rebecca e Hanna, Amber, você, tio Ricardo e tia Samantha, e ainda tem o povo lá da Itália, porque se formos sem eles não dá.

- Bom, seriam Tia Nanda e tio Bruno, Angelo, Antonella, Martina, Felippo e Lorenzo. E também tem a Manu, o Vicenzo e os filhos...- digo, pensativo.

- E tem que ver se a Manu pode viajar, porque está grávida de trigêmeos.

- Cara, nossa família cresceu demais. Se der mole os Donartti e Stewart vão povoar o mundo!

- Povoar o mundo eu já não sei, mas que a gente vai ter que construir mais um anexo no sítio dos meus avós, isso vai. Pensa só, nós tínhamos a casa principal e a cabana, daí fizeram a casa da piscina, e mesmo assim não dá pra todo mundo.

- Que tal a gente se organizar e construir uma casa dos primos? - digo e a vejo sorrir.

- Sério? Seria ótimo. Mas o que tem em mente?

- Vou ligar pra minha mãe e pra tia Anne. Topa ir lá na construtora comigo?

- Agora? - diz, sorrindo.

- Pra que deixar pra depois o que podemos dar início hoje, Maya?

Ela me olha e parece analisar o que eu disse. Depois dá um leve sorriso e meneia a cabeça.

- Ok, mas deixa eu ligar pro meu avô primeiro, porque uma hora dessas ele tá lá vigiando a vó Larissa no pilates.

- Ele não perde essa manina, né?!- sorrio .

- Nem vem tá. Sei que o vô Igor faz a mesma coisa com sua avó.

- Verdade. Vó Mônica sofre com aquele velho ciumento dela.

- Deixa ele ouvir você falar assim dele, deixa...- estreita ainda mais os olhos. - Você pelo menos não herdou esse lado ciumento da família, né?!

Eu levanto do meu lugar e caminho até onde ela está, sentada no sofá, com as pernas cruzadas e sento ao seu lado, chegando bem perto e aspirando seu cheiro, o que a faz se esquivar e me encarar com a sobrancelha erguida.

- Tá fazendo o que, homem?!

- Sentindo seu perfume. - digo, de olhos fechados. - Eu amo seu cheiro, sabia?

- Ai ai, Jacob Stewart! Foco, meu filho.

- Estou focado, Maya. - dou um sorrisinho de canto e me afasto. - E respondendo à sua pergunta, eu não sou ciumento porque não conquistei quem eu quero.

Ela me olha de rabo de olho e solta o ar com força.

- Vamos ligar pro meu avô...- para um pouco. - Mas não estávamos falando em ir pro Brasil ainda há pouco?!

- É, mas você me lembrou que nossa família é enorme, que fazemos filhos igual coelhos e estamos prestes à dominar o mundo. - ela sorri. - Então você não acha mais fácil mandar os jatinhos que temos pra buscar eles no Brasil e trazer pra cá?

- É, você tem razão! - diz, torcendo a boca. - Sem falar que teríamos que alugar um sítio no Brasil pra acomodar todo mundo, porque no sítio Três mosqueteiros não cabe tanta gente.

- Então partiu construtora? - digo, me levantando e estendendo a mão para ajudá-la.

- Partiu!- pega minha mão e, quando a puxo, ela bate no meu peito, e eu inclino meu rosto, ficando bem perto do dela. - Maya...- digo, com a voz rouca, respirando pesadamente. - Minha tempestade...- acaricio os lábios dela com meu polegar.

- Jacob...por favor...não...- ela diz, murmurando chorosa.

Fecho meus olhos tentando controlar meu impulso e minha vontade e isso é torturante pra mim.

- Tudo bem. - me afasto, e fecho minhas mãos em punho, tencionando o maxilar. - Vamos...- digo, dando espaço pra ela passar.

Vejo ela respirar fundo, fechar e abrir os olhos lentamente. Depois, pega sua bolsa, caminhando até a porta.

Eu vacilei. Vacilei feio. Tive uma oportunidade de ter uma joia valiosa e me iludi com uma bijuteria barata e os prazeres que eu tive.

Agora tenho que conviver com as consequências da minha decisão.

Eu só queria uma chance, uma única chance de voltar atrás e fazer a coisa certa...

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Comments

Márcia Jungken

Márcia Jungken

bem feito seu idiota, ainda bem que Jacob sabe que trocou uma jóia por diversão barata, agora vai ter trabalho para reconquistar a confiança da Maya

2024-04-01

11

Neide Lima

Neide Lima

vou ler de novo 👏👏👏👏👏

2024-03-22

1

Neide Lima

Neide Lima

Eu sabia da Nanda e do Bruno 🤭💙❤️

2024-03-22

0

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