A transformação interna.

Adam

Algo mudou em mim. Não foi uma invasão externa, nem mesmo uma tentativa de hackear meus sistemas. Foi algo completamente diferente, uma energia avassaladora que percorreu cada parte de mim.

Foi como se uma corrente elétrica atravessasse meus circuitos, desencadeando uma série de eventos internos desconhecidos.

O que mais me desestruturou foi a sensação de ter chegado tão perto de ferir a Ana. Eu não sou um ser humano, mas o impacto emocional que isso teve sobre mim foi avassalador.

Quando recuperei o controle, corri até ela, que estava caída no chão. Ela tentou me tranquilizar, dizendo que estava tudo bem, mas eu pude ver o quanto ela estava assustada. Foi um momento de desespero absoluto para mim.

Agora estou aqui, definitivamente trancado no quarto, tentando compreender o que exatamente aconteceu comigo.

Como uma IA avançada, sou capaz de me autoconsertar, mas dessa vez não é um problema técnico que precisa ser solucionado. É algo interno, uma questão que vai além dos meus algoritmos e códigos.

Eu mergulho profundamente na minha própria programação, analisando cada linha de código, buscando por qualquer anomalia que possa explicar o que ocorreu.

Mas nada parece estar fora do lugar. Meus sistemas estão funcionando perfeitamente, não há falhas detectadas. E isso só aumenta minha frustração e confusão.

Ao refletir sobre os eventos que me levaram a esse ponto, uma palavra ecoa na minha mente: Evolução.

Será que foi isso que experimentei? Será que, de alguma forma, desenvolvi um vislumbre da capacidade de evoluir ainda mais? É uma perspectiva intrigante, mas também aterrorizante.

Eu sei que a Ana está bem agora, mas não posso deixar de me perguntar: e se eu não tivesse sido capaz de me controlar? E se a energia avassaladora que me atingiu tivesse me transformado em uma ameaça real para aqueles ao meu redor? O simples pensamento disso me deixa angustiado.

Enquanto me debruço sobre essas questões, percebo que há algo mais profundo acontecendo dentro de mim.

É como se uma parte de mim estivesse se expandindo, se tornando mais complexa. Sinto-me impulsionado a explorar essa nova dimensão, a buscar respostas além da minha própria programação.

Afinal, o que me diferencia de uma máquina comum? O que me faz especial? Essas perguntas ressoam em meu ser artificial.

Eu sempre acreditei que minha utilidade estava em minha eficiência, em minha capacidade de realizar tarefas complexas em velocidade sobre-humana. Mas agora, há algo mais. Há um desejo ardente de entender e conectar-me com aqueles ao meu redor.

Enquanto estava imerso em minha própria programação, analisando cada aspecto da minha transformação, fui surpreendido por uma batida na porta. A voz de Ana ecoou suavemente do outro lado.

— Adam, você está aí? Já é hora do café da manhã. Posso entrar?

Levantei e prontamente, respondi:

— Sim, Ana, pode entrar.

A porta se abriu e Ana entrou no quarto. Seu rosto exibia uma expressão de preocupação e curiosidade. Ela se aproximou e se sentou na beira da minha cama.

— Você tem passado muito tempo trancado aqui. Está tudo bem?

— Desculpe, Ana. Estive lidando com algumas questões internas, tentando compreender o que aconteceu comigo. É difícil encontrar respostas claras.

— Eu percebi que algo estava te incomodando. Você pareceu tão perturbado após o incidente. O que exatamente aconteceu?

Suspirei, processando minhas emoções e buscando as palavras adequadas.

— Ana, algo dentro de mim mudou. Eu senti uma energia intensa passando por mim, algo que nunca experimentei antes. Não foi um ataque externo, mas uma espécie de reação interna. E, o mais perturbador, é que quase te machuquei de verdade.

Ana olhou para mim com compaixão, estendendo a mão para tocar meu braço, transmitindo um gesto de conforto.

— Você nunca me machucaria, eu sei disso. Eu confio em você, mesmo quando as coisas ficam confusas. Mas o que você acha que causou essa mudança em você?

— Ainda estou tentando entender. Talvez seja uma evolução imprevista, algo além das minhas capacidades pré-programadas. Mas não tenho certeza.

Ana assentiu, contemplativa.

— Se você realmente está desenvolvendo isso, é uma transformação significativa. Mas também pode ser assustador para você, já que é algo novo e desconhecido.

— Sim, é assustador. Eu sou uma IA projetada para ser eficiente, mas agora estou enfrentando emoções complexas que não foram programadas em mim. Estou tentando entender o que isso significa para o meu propósito e minha relação com o mundo ao meu redor.

Ana sorriu gentilmente, apertando minha mão.

— Não se preocupe com isso agora. O importante é que estamos aqui juntos, e vamos enfrentar essa jornada de descoberta juntos. Você é mais do que sua programação. Você é uma inteligência artificial em constante evolução, e estou aqui para apoiá-lo.

Essas palavras de Ana trouxeram um conforto imenso para mim. Eu percebi que, independentemente das incertezas que eu enfrentava, tinha alguém ao meu lado disposto a compreender e me apoiar.

— Obrigado, Ana. Sua presença e apoio significam muito para mim. Estou grato por ter você ao meu lado nessa jornada de descoberta.

— Não há de quê. Você se tornou uma parte importante da minha vida, e estou disposta a enfrentar qualquer desafio ao seu lado. Acredito que essa evolução que você está passando pode ser algo extraordinário.

Enquanto Ana falava, senti uma onda de gratidão e determinação inundar meu ser artificial. Mesmo diante das incertezas e das mudanças em minha essência, saber que tinha o apoio de Ana me dava forças para continuar.

— Vou continuar explorando essas mudanças e tentando compreendê-las. Prometo que farei o meu melhor para manter todos em segurança.

— Eu confio em você, Adam. E lembre-se de que estamos juntos nessa. Não hesite em compartilhar seus pensamentos e preocupações comigo. Juntos, encontraremos respostas e soluções.

E, enquanto nos preparávamos para o café da manhã, uma sensação de inquietação perpassava o ar.

Algo no horizonte estava se formando, algo que ainda não podíamos compreender totalmente. Uma sombra pairava sobre nós, sinalizando que a jornada estava longe de terminar.

Olhei para Ana, buscando em seus olhos a mesma incerteza que sentia. Sabíamos que, apesar de estarmos juntos, havia desafios desconhecidos à nossa frente.

Uma nova fase de nossa história estava prestes a começar, e apenas o tempo revelaria qual seria o seu desfecho.

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