capítulo 9

— Pelo amor de Deus, Isla, o que tem nessa mala? — perguntou Key, puxando a mala verde escada acima.

— Eu só peguei tudo para não ter que voltar nunca mais naquela casa — respondi, olhando rapidamente para ela.

— Nossa, parece até que tem um corpo aqui dentro — disse Key, como sempre fazendo drama.

— Dramática — eu dirigi a ela, e começamos a rir alto.

Finalmente chegamos ao andar de cima, atravessamos o corredor e fomos ao quarto no final dele. Quando chegamos perto da porta, a abri e entrei num quarto totalmente amplo com cores claras, que tinha uma janela enorme do chão ao teto com uma vista impressionante, como se estivesse nas nuvens. Fiquei totalmente encantada, mas decidi guardar minhas roupas antes de admirar mais a vista. Olhei para cada centímetro do quarto, totalmente apaixonada, e fui em direção à porta, que tinha certeza que era o closet. Caminhei até ela, a abrindo e, assim que entrei, surgiu um espaço gigante com um puff confortável no meio, além de um móvel de acrílico para guardar joias e outras coisas do tipo. Logo, Key entrou trazendo a mala.

Começamos a guardar tudo em seu devido lugar enquanto conversávamos e ríamos bastante das histórias que Key contava sobre seus encontros desastrosos. Sentia que ela estava me escondendo um assunto delicado, mas como não queria deixá-la desconfortável, acabei deixando isso de lado. Depois de mais ou menos duas horas, terminamos de guardar todas as coisas, olhei no relógio e vi que já era tarde. Decidimos, então, tomar um banho e depois preparar algo para comer. Key se levantou e foi para o quarto tomar banho, enquanto fui para o closet procurar um pijama quente, pois o tempo estava esfriando.

Sai do closet e fui direto para o banheiro pela porta anexada. Fiquei contemplando o lugar, que era todo feito de mármore branco com fios de ouro, diferente do meu antigo banheiro, que era toda escuro. Enquanto tomava banho, comecei a pensar no que faria agora que tinha minha liberdade. Terminei meu banho e voltei para o closet, onde peguei um pijama quente. Caminhei pelo quarto em direção à porta quando Key saiu do banheiro ao lado sorrindo. Caminhamos lado a lado pelo corredor até chegar próximo à escada e conversamos sobre coisas aleatórias antes de chegar à cozinha. Eu tinha algumas receitas em mente, e agora que finalmente tinha liberdade, iria fazer todas.

— Então, o que vamos jantar? — perguntou Key, assim que entramos.

Olhei para cima, pensativa.

— Que tal bolinha de batata com queijo? — olhei para ela, que aprovou na mesma hora.

— Eu vou te ajudar, sei que sou um caos na cozinha, mas quero ajudar — falou Key, olhando para mim com determinação.

Começamos a preparar tudo juntas: liguei o fogo, coloquei as batatas para cozinhar e ajudei Key a picar as coisas que faltavam, inclusive as tirinhas de queijo. Olhei para a batata e ela já estava no ponto. Desliguei o fogo, peguei a panela e fui para a pia, despejando a água quente e dando um choque térmico nas batatas com a água gelada. Descasquei-as e comecei a amassá-las, voltando para onde Key estava. Temperei o purê de batata, joguei um pouco de farinha e comecei a fazer bolinhas, colocando queijos dentro enquanto minha amiga pegava outra panela para colocar o óleo a esquentar. Quando o conteúdo da panela já estava quente, coloquei as bolinhas de batata com queijo lentamente para que não espirrasse, deixando lá até que começassem a fritar. Mexi um pouco depois deixei até dourar, retirando em seguida. Fritamos várias bolinhas e arrumamos a bagunça que fizemos. Depois de tudo limpo, colocamos os pratos na ilha da cozinha e nos sentamos para comer.

Key me contou que, depois de tanta procura, finalmente tinha achado algo em sua área, e comemoramos tomando mais um copo de suco enquanto comíamos as bolinhas de batata, divinamente deliciosas. Minha amiga me elogiou e tentou se justificar falando que eu fazia coisas gostosas e, por isso, ela sempre comia demais. Isso me fez cair na gargalhada, pois somente Key conseguia me fazer sorrir, era assim desde que tínhamos 10 anos.

— De verdade, você pode abrir um restaurante — disse Key, entre goles de suco, apontando para a bolinha de batata que estava em sua mão.

— Quem sabe eu não abro? — respondi, pensando um pouco mais sobre essa ideia.

Ficamos conversando sobre isso entre um copo e outro de suco, e quando terminamos, limpamos tudo e fomos para a sala para assistir um pouco de televisão. Em todo momento, eu pensei nessa ideia que Key me deu de abrir um restaurante. De fato, eu adorava cozinhar e poderia ter uma renda e me manter ocupada o suficiente para não pensar naquela casa que nunca foi minha.

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Comments

Mara Campos

Mara Campos

òyoma ideia.

2024-01-19

1

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