Capítulo 20

Quando entrei no quarto de Noah, não tinha a intenção de vê-lo semi-nu. Minha intenção era entregar a roupa que comprei para ele, mas acabei surpreendida. O pior foi quando ele me perguntou se eu gostava do que via, nem soube o que responder, então decidi fugir antes de ter um ataque cardíaco ao ver aquele homem tão bonito. Acho que até fiquei com a mesma cor do vestido.

E não vou negar que ele estava muito bonito, Deus sabe o que fiz em minha outra vida para ser presenteada com um homem desses. Mas já vou parar de falar dele.

Depois que a família real foi anunciada, era hora de entregar o presente a Cornelius, então peguei o colete e fui para a frente junto com Noah.

Mia: Feliz aniversário, Alteza Real. Espero que goste desse humilde presente.

Cornelius: Obrigado, cunhada, e não me chame de Alteza.

Mia: Mas estamos na frente de tanta gente, não ficaria bem se eu o chamasse pelo nome.

Cornelius: Bem, eu não me importo com o que os outros dizem.

Mia: Ok.

Cornelius: Agora vamos ver o que me deu de presente.

Ele pegou e rasgou o embrulho imediatamente, isso me fez rir.

Noah: Calma, você parece uma criança.

Cornelius: Cala a boca e me deixa ver o que é.

Quando finalmente tinha tirado todo o embrulho, ele viu o colete várias vezes, tirou o que estava usando e o vestiu.

Cornelius: Adoro, acho que nunca me deram algo tão bonito. A partir de agora, não vou mais tirá-lo. Obrigado, cunhada.

Ele se aproximou de mim e me abraçou apertado, tive que pedir para ele me soltar porque estava ficando sem ar.

Cornelius: Desculpa, fui tomado pela emoção.

Noah: Eu percebi, quase me deixou viúvo, idiota.

Mia: Já estou bem, não se preocupe.

Cornelius: Venha comigo, vou te apresentar aos meus pais.

Não tive tempo de dizer nada quando ele já estava me puxando, quando cheguei perto dos reis, fiz uma reverência, eles assentiram e eu me levantei imediatamente.

Cornelius: Pai, mãe, quero apresentar a esposa de Noah, ela é a Mia.

A rainha se aproximou de mim e me abraçou forte, assim como o rei.

Gabriela: Finalmente te conheço, sabe, esse rapazinho não para de dizer o quão linda é sua cunhada.

Mia: Obrigada.

Noah: É melhor você não se apaixonar por ela, Cornelius.

Cornelius: Não sou como o Carlos, se disse que é linda é porque é verdade.

Maximus: Se acalme, sobrinho, o que o Cornelius disse é verdade, essa jovem é muito bonita, espero que saiba apreciá-la. Se eu souber que a fez chorar, vai se ver comigo.

Noah: Antes de fazê-la chorar, eu me mato.

Mia: Obrigada a todos por me aceitarem.

Gabriela: Na verdade, agradecemos a você. Há muito tempo meu lindo sobrinho não sorria.

Mia: Na verdade, não fiz muito, mas espero um dia que ele me ame como eu o amo.

Cornelius: Ah, como eu queria encontrar uma mulher como você.

Maximus: Mas você já tem a srta. Connor, não é?

Cornelius: Você sabe muito bem que não a amo, e ela também não me ama. Tudo que ela quer é ser rainha, e se estou com ela é pura obrigação, não por amor.

Gabriela: Não se desespere, filho, sei que você a encontrará. Além disso, você tem mais um ano antes do prazo que seu pai te deu acabar.

Mia: Prazo?

Maximus: Agora que você faz parte da família, vou te explicar. Há três anos, eu fiz um acordo com o duque Connor, onde sua filha e meu filho se comprometeriam, mas eles teriam dois anos para encontrar a pessoa que amassem. Mas se aqueles dois anos passassem e nenhum dos dois tivesse alguém em seus corações, eles se casariam.

Mia: Ok.

Olhei para os convidados e lá estava ela, a protagonista, me olhando com vontade de me matar, não entendo por quê. E para completar, minha querida meia-irmã estava ao lado dela. Também não entendo por que ela queria me matar, na novela, ela dizia que estava apaixonada pelo príncipe, não pelo arquiduque. Mas pensando bem, nada é como o que dizem na novela, acho que essas mudanças são porque eu impedi minha própria morte.

Gabriela: Bem, Cornelius, é hora de abrir o baile.

Cornelius: Claro, mãe.

Cornelius baixou junto con a gente e fez um sinal para os músicos, que começaram a tocar uma música lenta, anunciando que o príncipe abriria o baile. Então, sua noiva foi até ele e começaram a dançar.

Noah: Concede-me esta dança, senhorita?

Fiquei olhando para a mão de Noah e me aproximei dele, sussurrando em seu ouvido.

Mía: Eu não sei dançar.

Noah: Não importa, eu te guio.

Fiquei um pouco hesitante, mas no final acabei pegando sua mão e ele me levou para o centro do salão, começando a me guiar.

No começo, eu não sabia o que fazer, até pisar em seu pé várias vezes. A sorte é que meu vestido é longo e não dá para ver.

Depois de duas músicas, eu já tinha aprendido a dançar, não muito bem, mas eu sabia. Quando a música parou, decidimos descansar.

Mía: Desculpe se pisei em você.

Noah: Não é culpa sua, é minha por ter te arrastado para dançar.

Mía: Agora, quando chegarmos em casa, vou te fazer uma massagem.

Noah: Isso não é necessário.

Mía: Claro que sim, além disso, é necessário.

Noah: Tudo bem, você vence, embora eu ache que você também precisará.

Mía: Sim, acho que você está certo, embora no momento eu não queira ir embora.

Noah: Ok, você se importa se eu te deixar um momento sozinha? Achei um antigo sócio e gostaria de conversar algumas coisas com ele.

Mía: Vá, não se preocupe comigo, aliás, vou procurar as meninas.

Noah: Sim, procure-as, não quero que vocês fiquem sozinhas, já que o Marquês Alcohocer anda por aí e ele não me passa boas impressões.

Mía: Não se preocupe, estarei bem, e se ele ousar fazer algo, eu mesma vou colocá-lo em seu lugar.

Noah: Disso eu não tenho dúvidas, bem, cuide-se.

Mía: Claro.

Ele foi embora e eu fui imediatamente procurar as meninas. A sorte é que as encontrei perto da mesa de comida.

Mía: Que bom que as encontrei.

Charlotte: Sim, desde que você foi embora com seu marido, não nos separamos daqui.

Martina: Deveriam provar esses biscoitos, estão deliciosos.

Mía: Não, obrigada, eu não gosto de coisas doces.

Martina: Que estranho, antes você adorava esses biscoitos. Muitas vezes tive que discutir com a cozinheira da casa do Barão por preparar tantos doces para você.

Mía: É que eu mudei meus hábitos, o único que gosta de doces é o Noah.

Charlotte: Ah, eu não poderia mudar minha maneira de comer, eu sempre vou gostar de doces.

Martina: E eu também.

Quando ia dizer algo às meninas, ouvi a voz estridente de Anastasia.

Anastasia: Olhem só quem temos aqui, a órfãzinha e sua fiel mascote.

Mía: Cuidado com suas palavras, não se esqueça de que agora sou alguém muito importante e não vou hesitar em te colocar em seu lugar.

Anastasia: Ah, querida, por mais que a macaca se vista de seda, macaca ela continua sendo.

Me aproximei dela e sussurrei em seu ouvido.

Mía: E por mais que as raposas se vistam de seda, raposas elas continuam sendo. Não se esqueça disso, querida.

Anastasia: Isso não vai ficar assim, vou contar tudo o que você me disse para o meu pai.

Mía: Vá e conte o que quiser, afinal, ele não tem mais nenhum poder sobre mim.

Vi que ela ficou com o rosto vermelho de raiva e assim como veio, foi embora.

Charlotte: Isso foi incrível.

Martina: Sim, deixou aquela mulher sem argumentos.

Mía: Só fiz o que precisava fazer, que era fazer justiça a essa mulherzinha.

Charlotte: É por causa de mulheres como ela que os homens não nos valorizam.

Martina: Eu concordo com ela.

Mía: Melhor pararmos de falar dela e me acompanhem para cumprimentar meu irmão Valerius.

Charlotte: Eu não sabia que o Barão Fosters tinha um filho homem.

Mía: Quase ninguém sabe que nós dois existimos. Eu presa naquela gaiola de ouro e meu irmão passou quase toda a sua vida no exterior estudando.

A Srta. Charlotte ficou em silêncio, e isso era melhor, pois não queria continuar respondendo coisas que não me dizem respeito.

Chegamos onde estava o homem que agora é meu irmão, ele estava de costas e eu sabia que era Valerius pelos poucos lembranças que tenho da verdadeira Mía. E digo a verdade, é estranho ter um irmão homem, já que nunca tive um.

Toquei em seu ombro e ele se virou imediatamente, me olhou por dois segundos e depois me deu um abraço bem apertado.

Mía: Você pode me soltar, estou ficando sem ar.

Valerius: Desculpa, mas a emoção tomou conta de mim, sabe, eu senti muito a sua falta, minha pequena, esses últimos meses foram um calvário para mim.

Mía: Eu também senti sua falta, pensei que nunca mais te veria.

Valerius: Como pode pensar isso de mim, sabendo que você é o mais importante para mim.

Mía: Olha, apresento-lhe algumas amigas, ela é Charlotte Caniggia, filha de um importante duque, e bem, esta é Martina Forrester, minha antiga dama de companhia, agora encarregada de uma importante loja de roupas.

Valerius: É um prazer conhecer uma moça tão linda.

Meu irmão tomou a mão de Charlotte e a beijou, também notei que trocaram olhares. Eu sou nova no assunto do amor, mas percebo quando duas pessoas se atraem. Olhei para Martina e ela sorriu para mim, então voltei meu olhar para eles.

Charlotte: O prazer é todo meu.

Mía: Bem, lembro a todos que não estão sozinhos.

Valerius: Como?

Mía: Nada.

Valerius: Peço mil desculpas, mas fiquei admirando alguém tão belo.

Mía: Sim, percebi isso, tanto que nem ao menos cumprimentou Martina, e isso que ela trabalhou praticamente toda a vida na casa do Barão Fosters.

Valerius: Me perdoe, Martina, é que eu não te reconheci.

Martina: Não se preocupe, jovem, é normal não me reconhecer.

Valerius: Você está tão diferente, aliás, está linda. Que sorte terá o homem que se casar com você.

Martina: Obrigada, mas isso se deve à sua irmã, ela foi quem me motivou.

Mía: Ah, também não é grande coisa, só fiz com que ela ficasse mais bonita do que já é.

Valerius: É verdade, ela já é bonita, mas então me diga, onde está seu marido?

Mía: Ele está conversando com um sócio dele (Olhei para ver se o via, e notei que ele vinha em minha direção junto com Cornelius, mas não parecia muito feliz). Aliás, ele está vindo na companhia do príncipe Cornelius.

Quando ele chegou onde eu estava, me pegou pela cintura e apertou, eu apenas o olhei surpresa.

Valerius: Então, você é o marido da minha pequena.

Noah: Arquiduque Sorens para você, e sim, sou o marido de Mía. Agora me diga quem é você.

Valerius: Bem, eu sou Valerius Fosters, irmão de Mía. Um prazer conhecê-lo, arquiduque Sorens.

Notei que Noah relaxou e me soltou, que bom, porque pensei que ele fosse me quebrar. Agora que chegaremos em casa, ele terá que me contar o que aconteceu.

Ela é Mía

E ele é Noah

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