Capítulo 2

Narrativa de Mia

Hoje é o dia do meu casamento e estou incrivelmente nervosa. Era para eu já estar a caminho da igreja, mas estou com tantos nervos que mal consigo me mover, e não é exatamente pela ansiedade de encontrar o arquiduque, pois, de fato, não o conhecerei hoje. Ele partiu há uma semana para a fronteira, em uma missão designada pelo rei.

Será seu secretário quem me acompanhará no rito em nome do arquiduque, e isso eu sei porque li no livro. O verdadeiro motivo dos meus nervos é a incerteza sobre o desfecho do meu plano.

Vou lhes contar sobre o que se trata. Como devem saber, essa personagem estaria fadada a um trágico final, mas eu cheguei aqui para mudar esse destino.

Despertando uma semana antes do previsto, usei esses dias para pesquisar outras rotas além da habitual, e encontrei uma menos conhecida e mais longa.

Conversei com o cocheiro, e ele me assegurou conhecer bem essa estrada alternativa, já que ocasionalmente a utilizou. Também investiguei o que ocorrera com a antiga aia de Mia, que fora dispensada pela esposa do Barão ao ouvir uma conversa entre ela e sua filha.

Para descobrir onde a criada vivia, paguei a outra empregada. Com a informação em mãos, pedi ao cocheiro que me levasse até lá. Martina ficou surpresa ao me ver.

Ela me convidou para entrar, e, após acomodar-me, questionei-a sobre o motivo de sua demissão. Foi resistente no início, mas acabei convencendo-a. Revelou-me que fora demitida por ouvir a Baronesa conspirando com sua filha, planejando minha eliminação. Ela tentou alertar-me, mas acabaram por descobri-la e sob ameaças à sua vida e à de sua mãe, foi coagida a se calar, impedida de contar ao Barão ou a mim que, segundo elas, eu não merecia casar-me com o Arquiduque, sendo a própria filha a pessoa "adequada" para tal enlace.

Martina também me advertiu para não confiar demasiadamente em minha atual aia, contratada pela Baronesa para me vigiar. Por sorte, eu já não depositava confiança nela desde o início.

Comprei a lealdade de todas as criadas restantes, que deveriam me reportar cada passo e conversa daquelas duas víboras. Assim descobri que a protagonista está em cahoots com elas para me eliminar. Eu sabia que aquele rosto angelical não passava de uma fachada.

Quanto ao Barão, percebo que é alheio a todo esse enredo. Só o que noto é sua carranca a cada vez que o chamo de Barão ou Excelência. Sobre o irmão dessa personagem, sei que regressará dentro de dois meses, após concluir seus estudos no exterior.

Ouço batidas na porta, tirando-me dos meus pensamentos.

Mia: Entre.

Caroline: Senhorita, seu coche já está pronto.

Mia: Obrigada, Caroline. Diga ao Rafael para subir, preciso falar com ele.

Caroline: Direi a ele imediatamente, senhorita.

Ela se retirou e eu me posicionei diante do espelho para avaliar minha aparência. Desde que despertei, não havia me olhado até agora, e posso dizer que estou deslumbrante – mais pareço uma mulher de 24 anos do que uma jovem de 17.

Com cabelos negros como azeviche, pele morena, olhos castanhos, cintura delgada e lábios rosados e volumosos, constatei que não preciso de batom algum. E finalmente, minha estatura é modesta: tenho cerca de 1,54 m.

Novas batidas na porta, e me aproximo para abri-la.

Mia: Entre, Rafael.

Rafael: Pois não, senhorita. O que deseja?

Mia: Quero saber se está tudo pronto.

Rafael: Sim, conforme suas instruções.

Mia: Ótimo, podemos partir então.

Rafael: Sem problemas.

Antes de sair, peguei um pequeno baú escondido entre os troncos do quarto. Descemos à porta da residência, onde o Barão e as duas venenosas me aguardavam.

Ele se aproximou e entregou-me uma carta, instruindo-me para abri-la ao chegar ao arquiducado.

– E de nós, você não se despedirá?

Mia: Perdoe-me, senhora Ana, mas não vejo motivo para despedidas, visto que só recebi maus-tratos de sua parte.

Ana: Ousas proferir tal mentira, sua insolente!

– Pai, ela precisa ser castigada para aprender a respeitar.

Mia: A única aqui digna de castigo é você, Anastasia, por se comportar de maneira tão leviana.

Ao ouvir minhas palavras, seus olhos se arregalaram, parecendo dois ovos estrelados.

Emilio: Chega! Deixem Mia em paz. Cuide-se, filha. Espero que seja feliz. Não se preocupe conosco, nós ficaremos bem.

Apenas assenti, saí da casa, onde Rafael e Caroline já me esperavam.

Mia: Caroline, você vai no outro coche com minhas coisas. Eu irei neste sozinha.

Caroline: Mas não posso a deixar só.

Mia: Não precisa se preocupar comigo. Agora, faça o que lhe ordenei.

Ela concordou e se foi. Rafael me ajudou a embarcar no coche e, depois de fechar a porta, foi para a frente. Sozinha, suspirei.

Mia: Espero que tudo dê certo. Não quero morrer de novo.

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Comments

lleens

lleens

modesta? tu é uma anã

2024-02-24

3

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