04

●David●

Vovó Mya me via brincando com as meninas, de braços cruzados, olhando-me com seu olhar sagaz e sarcástico, e eu sabia que lá vinha bomba. A língua de vovó às vezes era uma arma.

— Precisa ter seus próprios filhos, David. Nasceu para ser pai. Eu sabia. Ali estava a bomba.

— Queremos uma priminha, tio David! — Emma gritou, enquanto eu as ajeitava nos meus ombros agora e parava de rodar.

— Não! Duas priminhas! Gêmeas como nós! Gioconda e Gertruda! — a outra falou, rindo em seguida. Pondo as duas no chão, revirei os olhos. Jesus! Elas iam me por louco!

— Uma coisa é ser tio, vovó. Outra é ser pai. Eu precisaria me casar, e não, não estou disposto a isso. Vovó riu.

— O que tem a perder, Dave, uma vida solitária e sem graça? Você é um Power, querido. Nasceu para ter uma família feliz. Resmunguei em resposta.

— Minha vida não é solitária e sem graça, vovó. Tenho muito trabalho a fazer. E muito dinheiro para gastar e também ganhar!

Vovó fez aquela cara de reprovação. Saco!

— Chega, não vamos falar isso nesse momento, Dave. Mas se eu fosse você, aproveitava sua avó e meus conselhos! Nunca se sabe por quanto tempo eu estarei por aqui. Aproveite-me! — Ela piscou seus olhos com cílios postiços e sorriu faceira com sua boca vermelha. Vovó era uma figura. E era difícil agora não rir da sua careta engraçada. Sim, eu a adorava. E as meninas também. Peguei então minha velhota e a enchi de beijos, erguendo-a do chão, e ela e as meninas deram gritinhos divertidos.

— Tem razão — falei, abraçando-a. — Vou morrer de saudade da minha vovó mais chata e mais querida me ensinando como me casar e me dizendo que ainda não sou um homem de verdade só porque não lhe dei ainda bisnetos! Te amar é minha sina, Mya Power— brinquei, enquanto a punha no chão.

— David, querido, esse seu sorriso sem vergonha é o seu charme! Derrete até meu coração duro. Como vou brigar com você? — vovó brincou, enquanto a punha no chão.

— É justamente para você não brigar, vovó.

— Sabe o que dizem sobre bons filhos e bons netos serem também bons maridos, querido?

— Vovó! — Fingi que estava ralhando com ela, para finalmente deixar claro que não queria prosseguir naquele assunto, e nos pomos a andar até a porta, finalmente. Chamei também Lupe, uma das minhas funcionárias que estava ajudando a cuidar das meninas, e olhei as horas. Tínhamos de ir para aproveitar o melhor do festejo. Fomos depois na minha Land Rover até ao centro da cidade, onde estava acontecendo o festival. Acontecia apenas uma vez por ano, e era o maior evento de Spring Valley. Eu mesmo havia colaborado fortemente para que o evento acontecesse, como patrocinador. Gostava de incentivar as bandas country locais e outras manifestações culturais. E ajudava também com as premiações dos rodeios, é claro. Gostava de cumprimentar os homens, trocar conversas. Homens honestos e trabalhadores de Spring Valley. Uma boa parte eram tocadores de boiadas e grandes cowboys, como eu. Outros hábeis comerciantes e empresários. Gostava de lidar com todos. Meu amigo Thomas me dizia que eu tinha jeito para a política, mas eu ignorava aquilo.

Spring Valley era uma cidade de 270 mil habitantes próspera. Tinha tudo para se tornar uma grande potência em breve. Sim, a vida era boa. Não trocaria o Texas por lugar algum no mundo. Havia ajudado com a estrutura dos vários food trucks, e estava louco para provar vários lanches dos carrinhos. Uma coisa que um Texano que trabalhava duro lidando com gado e cavalos como eu tinha era fome, muita fome, pois eu gastava muita caloria. Além do meu temperamento enérgico, estava sempre gastando e depois buscando repor minhas energias. Deixei que as meninas se divertissem junto de minha avó e Lupe. Mal chegaram foram correndo para os brinquedos do parque, e as vi de longe se empanturrando de sorvete, e andei conversando com as pessoas, além de comer uns bons tacos bem picantes, como eu gostava, com muito molho de queijo. Logo mais comeria também um bom churrasco. Eu era muito requisitado na cidade, uma boa parte me reconhecia. Algumas vezes, eu aparecia nos jornais, embora evitasse. Odiava holofotes. Eu tinha uma natureza mais discreta. Eu era às vezes mais fechado, mais sério. E, santo Deus... As garotas no festival me sorriam fácil, tão fácil, jogando-se literalmente sobre mim, quase me devorando com os olhos, muitas passando a mão sem piedade. Já havia paquerado com várias, dito algumas gracinhas, embora nenhuma houvesse chamado minha atenção e eu estivesse doente de vontade de transar. Na verdade, nunca realmente chamavam. Eu não era muito criterioso ao escolher garotas. Apenas era imprescindível que me excitassem e eu estivesse a fim de transar no meu tempo livre. Naquele mês, Lisa não havia me procurado. Havia exigido isso, para que não acendesse ideias erradas na cabeça de minha avó, achando que Lisa e eu poderíamos ter algo a mais ou nos casássemos. Eu jamais me casaria ou me envolveria com mulher alguma. Deixava isso sempre muito claro, e Lisa sabia muito bem disso, que nunca iríamos além do que estávamos vivendo. Mas não estava nada fácil ficar sem sexo. Olhei pelo arredor, após terminar uma caneca de cerveja que bebi devagar, pois dirigiria depois e não poderia me embriagar. Mais algumas garotas me sorriam. Bem que poderia pegar uma e por de 4 em cima de uma cama hoje... Mas aquela noite era da família, então tinha de infelizmente dispensá-las com cortesia, sorrindo para elas. Mas meu instinto caçador estava ali. Eu não sabia ficar sem caçar uma fêmea.

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Comments

Vilza de Souza

Vilza de Souza

Não to gostando muito, mas espero ver ele de 4.

2023-10-28

1

Vilza de Souza

Vilza de Souza

Não to gostando muito, mas espero ver ele de 4.

2023-10-28

1

mar

mar

nunca diga nunca ... aguardando esse nunca kkkkkkk

2023-10-28

1

Ver todos

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