05

●David●

Começou a tocar uma música de Chris Stapleton, Starting over, naquela noite estrelada do Texas, e eu olhava as pessoas na roda gigante, perto dos brinquedos. Havia aquela algazarra de um ambiente familiar, agradável, tipicamente texano. Mulheres, homens e crianças. Era bom estar ali. Eu me sentia conectado. Lamentavelmente, vi o rosto de Jason Watson em um dos bares abertos, que passou a me encarar e riu com deboche. Fuzilei-o com o olhar, cheio de desdém. Odiava aquele maldito. Era meu maior concorrente na criação de cavalos premium, e jogava muito sujo ao negociar cavalos e terras, mas felizmente ele passou a se concentrar na garota que estava paquerando e me livrou de seu ar debochado. Era um grande filho da puta. Os jornais adoravam atiçar nossa concorrência, elegendo-nos sempre junto de meu amigo Thomas como os homens mais cobiçados do Texas. Eu odiava aquela maldita exposição. Voltei a me concentrar nos brinquedos, e avistei alguns vizinhos ao longe. O lugar já se esvaziava um pouco. Sorria, contente, distraído, quando senti algo esbarrar em mim ao mesmo tempo que notei uma pisada de leve no meu pé. Fiquei alerta, como um animal cheirando o perigo. Mas era simplesmente uma mulher pequena que havia se chocado em mim. Franzi o cenho, aborrecido pelo impacto e sentindo alguma dor. Percebi que a garota se desequilibrou, quase caindo, e apertei uma cintura muito fina, mantendo-a firme junto de mim. O contato com a forma feminina me fez sentir estranhamente quente, especialmente quando ouvi um gemido agudo. Quis reclamar, mas algo me conteve. Algo primitivo que me fez inspirar fundo. Foi tudo muito rápido, mas fui invadido por um intenso perfume de rosas e sentia a maciez de fios longos e castanhos roçando em meus braços, parecendo um véu de seda. Meus sentidos estavam todos concentrados naquela garota. Ela parecia uma agradável surpresa. Prendi minha respiração, ao notar o prazer daquele pequeno corpo feminino e suave tão próximo. Decidi não deixar a moça escapar agora. Era uma resposta instintiva minha àquele contato agradável.

— Calma, linda — Ri, divertido e perverso, apreciando o momento, meus braços a envolvendo. — Não precisa ser tão rápida ao se atirar em mim — trocei.

— E... eu não fiz de propósito — falou com uma voz doce que me agradou.

Seria tímida? Ela se remexeu por um instante, afastando-se um pouco, parecendo irritada com minha brincadeira. Num gesto automático, primitivo, porém, eu a trouxe de volta, apertando-a com mais força, e me excitei com seu delicado gemido feminino e tornei a aspirar o perfume inebriante daquela massa de cabelos castanhos. Um instinto puramente animalesco parecia me tomar.

— Calma, docinho. Um anjo caiu em meus braços. Não posso deixar um anjo escapar — disse suavemente, num riso baixo e rouco, e senti que ela relaxou em meus braços, respirando devagar. Mas não tive qualquer pudor ao apertá-la mais contra mim, e vi que ela pareceu notar que eu começava a me excitar, contudo, não se afastou. Pelo contrário, aninhou-se em meu peito, aceitando minha aproximação, o que me fez emitir um grunhido de pura satisfação. Quis mantê-la ali, saboreando-a, como um animal cheirando sua presa antes de devorá-la. Estava tendo um prazer novo e inquietante com sua proximidade.

Não via a hora de ver aquele rosto, e tentava me contentar com a sensação de sua cintura frágil que eu apertava possessivamente, seu corpo doce colado ao meu. Abaixei-me para sussurrar em seu ouvido, determinado que aquela garota seria minha aquela noite. Teria de dar um jeito. Eu a queria numa cama. Algo inexplicável me movia. Algo forte e novo.

— Vire-se para mim. Quero ver seu rosto — ordenei baixinho, sentindo-a estremecer levemente entre meus dedos.

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