Capítulo 5 – A Gaiola Dourada
Decido ficar até o final. Preciso ver isso com os meus próprios olhos.
Não trabalho com tráfico humano, não vejo isso com bons olhos, e os meus homens sabem disso. As “boates” sob o meu comando têm regras. As garotas que trabalham nelas estão ali por escolha própria e recebem bem para isso. Não aceitamos menores de idade. Elas têm o direito de recusar o cliente e é proibido qualquer tipo de violência contra as mulheres da nossa organização. A máfia cuida de todos os direitos trabalhistas, até plano de saúde.
Isso faz com que tenhamos as melhores putas, e as mais empenhadas em fazer o seu melhor trabalho.
Não é permitido nenhum tipo de violência contra nossas mulheres. Caso aconteça, a punição é à altura. Minha mãe, Antonella, morreu nas mãos do meu pai, não me lembro dela, mas lembro muito bem de quanto minha mãe Filipa sofreu. E lembro também do que minha irmã poderia ter sofrido nas mãos daquele homem. Nenhuma mulher vai passar por isso sob o meu comando.
Quem desobedeceu, não está mais aqui.
Algumas coisas na máfia não podem ser mudadas, como a obrigação de casamento para gerar herdeiros. Mas, muitas vezes, os casais vivem sob acordos silenciosos, já que o divórcio não é permitido.
Continuo observando os convidados. Estão ansiosos pelo momento final do leilão. Tenho até pena da garota. Com certeza, com alguns desses homens, ela não duraria nem dois dias. E eu não posso fazer nada, estamos em campo neutro.
Só posso desejar sorte com quem quer que seja o comprador.
— Dom Lorenzo Ferrari! Quando me disseram que estaria aqui, não pude deixar de vir falar com o senhor — diz o governador, com um sorriso falso.
— Governador, é bom vê-lo outra vez — respondo, tentando ser receptivo. Isso é mais difícil do que eu pensei.
— Gostaria de marcar uma conversa para negociar proteção sobre as suas rotas. Estou fazendo um novo investimento e seria muito lucrativo para você também.
— E sobre o que seria? — pergunto, fingindo interesse.
— Vou investir na importação de artigos femininos — responde. Mas não sinto verdade nas palavras dele. O governador com esse tipo de negócio?
— Claro. Vou esperar o senhor — digo, enquanto mando uma mensagem para Victor investigar o governador. Volto minha atenção ao evento.
Eu poderia ir embora, mas algo me diz que preciso ficar até o fim. Talvez descubra algo.
O leilão chega ao seu momento final. Vejo os homens se agitarem como cachorros no cio. O leiloeiro começa a anunciar.
— Chegou o momento mais aguardado desta noite. O que vou mostrar aos senhores é uma preciosidade... Pode entrar.
Observo, do fundo da sala, o alvoroço. A gaiola dourada é trazida ao palco.
Olho para dentro da gaiola. Os pulsos da mulher estão acorrentados, o que a impede de cobrir o próprio corpo, está vestida apenas com uma lingerie vermelha. Mesmo tentando desesperadamente esconder-se, é possível ver seu rosto. Há medo e pânico num nível que beira o surto.
É compreensível. Esses homens aqui não vão poupá-la.
— Samira Marino, 25 anos, virgem, sem família… — o leiloeiro continua falando, mas eu já não escuto mais nada.
Fico ali, parado, olhando aquela mulher. Agora sei o seu nome: Samira.
Sua pele negra brilha sob a luz. Os cabelos volumosos e os lábios carnudos compõem um conjunto perfeito e harmônico. Mesmo com os olhos em pânico e as lágrimas escorrendo pelo rosto, sua beleza é impossível de esconder. Ela parece um coelho assustado.
— O governador deu o lance de 80 milhões! Quem dá mais? — diz o leiloeiro, empolgado. — Dole uma, dole duas...
— 200 milhões — digo.
Todos olham para mim, surpresos. Até eu estou surpreso comigo mesmo.
— Uau! Temos um lance de 200 milhões do Don Lorenzo! Alguém quer entrar nessa briga?
— Dole uma... Dole duas... Dole três... — bate o martelo.
— Vendida para Don Lorenzo Ferrari!
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Atualizado até capítulo 62
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