Capítulo 3 – Café, Cobra e Conspiração
Levanto às seis da manhã, tomo banho e me arrumo para sair, deixando minha irmã dormindo na minha cama. Dona Francisca, que trabalhava na antiga mansão e continuou comigo para ajudar com a Laura, é a única que fica na casa. Agora ela só cuida das refeições, pois Laura não é mais criança, embora se comporte como uma. Três vezes por semana, uma equipe de limpeza vem quando estou fora, para não ter muita gente me irritando, fazendo barulho e andando de um lado para o outro.
— Bom dia — digo, entrando na cozinha. Sento no balcão e começo a me servir.
— Bom dia, meu filho. Não sabia que você tinha chegado. Ainda estou preparando o café — diz ela, arrumando as coisas na mesa.
— Sem problemas. Como a Laura passou esses dias em que eu não estava?
— Ah, você conhece aquela criança… Nos primeiros dias, aproveitou que você não estava pra sair sem horário. Depois ficou preocupada com você.
— Já falei pra Laura não sair assim, que é perigoso. Mas essa menina não me escuta — fico irritado, já falei isso várias vezes.
— O menino Klaus colocou dois seguranças pra ficar com ela.
— Hum...
Termino de comer e saio. Chegando à empresa, minha secretária já abre um sorriso — sempre se insinuando, o que me deixa estressado. Só continua aqui porque foi uma troca de favor que fiz com o pai dela.
— Lorenzo, você voltou! Que bom. Não estava mais suportando ter que receber ordens do Klaus…
— Primeiro: Sr. Ferrari. Não temos intimidade. Segundo: a senhorita trabalha aqui, e se eu não estou, é ao Sr. Ricci que deve responder. E se não tem nada relacionado ao seu trabalho, pode sair da minha sala.
Falo de forma firme. Ela se desculpa e sai. Não me dou ao trabalho de olhar.
Estou concentrado no meu trabalho quando a porta se abre com força, entrando por ela o que eu chamo de “amigos”. Continuo revisando um documento.
— Por que mesmo você não pode se livrar da Ravena? Só pra me lembrar por que eu não posso matar ela — diz Klaus, se jogando na cadeira à minha frente.
— Essa implicância toda só pode ser amor — Victor ri.
— Aquela ali é uma cobra em pele de lobo.
— Não seria “lobo em pele de cordeiro”? — diz Victor, com uma sobrancelha erguida.
— Não. Ela é uma cobra mesmo — Victor começa a gargalhar. — Ei! Senhor Batman, vai continuar nos ignorando aqui?
— Não sei por que continuamos a ser seus amigos. Você só fala cinco palavras por dia — provoca Victor.
— Porque o esporte favorito de vocês é me irritar. — Paro de ler e me encosto na cadeira, encarando os dois idiotas à minha frente. — Então... conseguiram descobrir algo?
— Levei o soldado que passou as informações que fizeram você ser pego pra uma sessão de terapia, pra gente conversar — diz Victor, com um sorriso cínico. Essas “conversas” dele não são nada bonitas de se ver.
— E o que ele contou na sua sessão de terapia? — pergunta Klaus, rindo.
— Ele se abriu comigo. Disse que quem passou os comandos é alguém de fora, mas importante. E vai ganhar muito com o apoio da máfia.
Victor coça o queixo, com o olhar sombrio.
— Se é alguém de dentro da organização, é alguém com força pra ocupar a cadeira de Don. Não é qualquer um — fala Klaus, agora mais sério.
— Você ia viajar comigo. Mas na hora do embarque, deu o problema da carga e você não foi. Se o Don morre, o Consigliere assume. Sem esses dois, teríamos que escolher um dos Capo com mais apoio — digo, sem olhar pra nenhum ponto específico.
— O soldado não sabia de mais nada. Era só um peão. Não iam deixar ele saber além do necessário. Quem entrou em contato com ele foi outra pessoa, que recebeu ordens de um “fantasma”, sem nenhum rastro.
— Podemos focar em quem teria o apoio do maior grupo — diz Klaus, se inclinando pra frente e apoiando os cotovelos nas pernas. — Vai ter um leilão de alto escalão. Várias máfias vão participar, além de gente poderosa da sociedade.
É um ótimo lugar pra conseguir aliados.
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Atualizado até capítulo 62
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