BEBER PARA ESQUECER

Após sair do campo de visão de Emily, Jackson soltou o ar que estava preso em seu pulmão, ele estava nervoso e até mesmo com medo, mas qual seria o motivo? Era medo de nunca mais ver Emily? Ou medo do seu filho sofrer com a partida de sua ama querida?

Jackson não quis perder tempo com pensamentos idiotas e logo caminhou rapidamente na direção das escadas, desceu correndo e planejou ir para o escritório, mas na sala ele encontrou Rafaela sentada no sofá, ela soltou um longo suspiro e daí falou com uma voz aparentemente carregada de preocupação:

—Poxa irmão, você simplesmente sumiu, eu sei que a Renê era a mulher da sua vida e por isso você não suportou vê-la dentro de um caixão,  mas você deveria ter ficado mais tempo, a mídia estava em peso lá e com certeza isso vai dar ibope, vão dizer que você não a amava ou mesmo dizer que foi proposital-falou Rafaela e daí se aproximou de Jackson e deu-lhe um abraço apertado, ela queria lhe transmitir forças, pelo menos era isso que parecia.

—Não me importo com a opinião de terceiros, a Renê sabia o quanto eu a amava e a respeitava, mas ela morreu e tudo que me restou foi as recordações de uma vida  feliz, quanto a mídia, eu vou mandar o Will dar um jeito nisso, com licença-disse Jackson e dai foi para o escritório, pegou uma garrafa de uísque e começou a beber sem vontade de parar.

—Beber para esquecer, hoje é uma ótima pedida-disse ele e daí bebeu mais um pouco de uísque.

Enquanto isso no quarto, Emily estava tendo uma conversa séria com o pequeno Noah, ele estava de olhinhos grelados, parecia estar absorvendo tudo.

—Não posso dizer que eu não sinto nada por você, eu sinto sim, um desejo enorme de que você fosse o meu filho, meu e do Juan e aí nós estaríamos bem longe dessa mansão assustadora. Eu gosto muito de você e quero te pedir um grande favor: não me ame como se eu fosse a sua mãe, pois não quero que você sofra quando eu for embora-disse Emily e daí deu um cheiro nos cabelos de Noah e falou sorrindo:

—Oh homem cheiroso, assim eu me apaixono, as...

As sua palavras foram interrompidas pelo barulho da porta se abrindo, ela olhou na direção do barulho e viu Rafaela, diferente de hoje mais cedo, Rafaela deu um sorriso gentil e disse:

—Olá, vim dar uma olhadinha no meu sobrinho e saber se você está precisando de algo-disse ela e daí caminhou na direção de Emily.

—Liberdade conta?-Emily resmungou para si mesma, a sua voz mais pareciam sussurros mas mesmo assim Rafaela ouviu.

—Eu sinto muito por isso, o meu irmão sempre pega pesado e nunca se importou com as consequências, não é a toa que ele faz o que faz-disse Rafaela sorrindo, mas no fundo ela queria mesmo era plantar dúvidas no coração de Emily.

Rafaela sentou-se na cadeira trazida por Jackson e ficou olhando fixamente para Emily e depois para a criança, no entanto não disse nada apenas esboçava um sorriso de vez em quando, querendo quebrar o silêncio que reinava ali, Emily encarou Rafaela e disse:

—O que o senhor Jackson faz para sobreviver?-perguntou Emily já sentindo o seu coração acelerar.

—Bem, ele é o CEO do grupo Salvatore e também o chefe de um dos Quartéis mais perigosos da Rússia, ele não aceita um não como resposta e sempre mata por motivos banais, enquanto você for útil você estará segura, mas depois...eu sinto muito-disse Rafaela e logo saiu do quarto,  ela conseguiu fazer aquela pobre mulher ficar com muito medo, a patricinha saiu sorrindo enquanto Emily sentia dificuldade até mesmo de respirar.

—Deus, hoje mais do que nunca eu preciso de você, me ajude a sair dessa casa com vida, por favor-Emily clamou baixinho e daí se levantou da poltrona e foi fechar a porta, agora mais do que nunca ela quer distância de Jackson.

Após trancar a porta, Emily colocou Noah no berço e deitou-se na cama, ela queria e precisava dormir, mas o medo fazia o seu peito apertar e por isso ela não conseguiu dormir,  ficou o tempo todo encarando o teto e pensando em como a sua vida mudou drasticamente.

Por volta das 19:00h, Lia veio chamá-la para jantar, mas Emily disse não estar com fome e nem se deu ao trabalho de abrir a porta.

Claro que isso chamou a atenção de Lia e como uma boa funcionária, ela tinha que contar o patrão, então Lia se dirigiu para o escritório, bateu na porta levemente e entrou em seguida, Jackson estava de pé próximo à janela, olhando as estrelas e sentindo o vento frio da noite bater em seu rosto.

—Boa noite senhor Jackson, eu fui chamar a Emily para jantar e ela disse que não queria, como devo proceder?-falou Lia com uma voz carregada de apreensão, ela achou que Jackson fosse ficar com raiva ou até mesmo culpa-la, mas Jackson fingiu não ouvir e continuou de costas para Lia.

Achando que o patrão estava distraído demais para ouvir as suas palavras, Lia repetiu cada uma delas, nessa hora Jackson virou-se ficando de frente para Lia e disse:

—E o que eu tenho a ver com isso? Ela saberá quando chegar ao limite, apenas respeite a vontade dela-disse Jackson e dai acenou para que Lia saísse.

É desnecessário dizer que Lia estava perplexa, desde de quando o senhor Jackson se tornou uma pessoa boa, provida de empatia? Lia saiu daquele escritório praticamente correndo,  talvez Jackson estivesse brincando, mas Lia não ia pagar para ver.

Acontece que por algum motivo Jackson se compadece dar dor de Emily, ambos acabaram de perder os seus companheiros e certamente estão com o coração em frangalhos, Jackson só quer ficar sozinho, não sente fome ou sede, somente a calmaria da noite lhe conforta, então ele resolveu deixar Emily sozinha por um tempo.

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