Capítulo 5 — A Confusão Está Apenas Começando
Ao chegar em seu pequeno kitnet, Sol suspirou alto.
— Enfim, paz... — murmurou, largando a bolsa no sofá.
Ligou uma música suave e começou a preparar o jantar. A escola onde trabalhava em período integral era uma verdadeira maratona: alunos, provas, pais, reuniões... tudo num só pacote. Depois de um banho demorado e relaxante, vestiu o pijama mais confortável e se jogou no sofá com o prato na mão.
Sua rotina podia parecer solitária, mas ela adorava aquele sossego. Só ela, sua comida e suas séries. Até o celular tocar.
Olhou o visor e quase engasgou com o arroz.
— Breno? — arregalou os olhos. — Que milagre é esse?
Atendeu desconfiada.
— Oi, Breno. O que foi? Você nunca me liga. Onde conseguiu meu número novo?
— Bem... com a minha irmã — respondeu ele, meio sem graça. — Tive que implorar pra ela me passar.
Sol deu uma risadinha.
— Bem a cara dela. Mas diga, o que deseja da minha humilde pessoa?
Silêncio do outro lado.
— Então... eu preciso de um favor.
— Ih, lá vem — ela apoiou o cotovelo no braço do sofá. — Que favor, Breno?
— Tenho uma festa pra ir amanhã, e a Fabiana vai estar lá. Ela nos viu no bar e agora tem certeza de que estamos namorando.
Sol piscou, incrédula.
— Espera... o quê?
— É isso mesmo. Eu disse que estava com minha namorada pra me livrar dela, e agora... preciso que você vá comigo pra confirmar a história.
Sol tombou a cabeça, indignada.
— Ah não, Breno. Festa com gente que eu nem conheço? Eu fico completamente deslocada. E outra: você já tá me devendo pelo beijo de ontem, esqueceu?
Ele deu uma risadinha nervosa.
— Eu sei, eu sei. Mas, por favor, faz esse favor pra mim.
Ela suspirou fundo, bufando.
— Tá bem. Mas você me pega amanhã em casa. E vai me dever duas, ouviu?
— Fechado! Às oito da noite. Vou pegar seu endereço com a Grazy.
— Ótimo. — Ela revirou os olhos. — Até amanhã, Breno.
— Até, e... obrigado!
Quando a ligação terminou, Sol encarou o celular em silêncio.
— Onde é que eu tô me metendo? — resmungou, massageando as têmporas.
Ela sempre fugia de confusão, mas agora estava dentro de uma. E tudo, absolutamente tudo, era culpa de Grazy.
Pegou o telefone e discou para a amiga.
— Grazy, o que você fez pro seu irmão te entregar o meu número?
A amiga respondeu entre risadas.
— Só negociei uma semaninha lavando a louça. Você sabe que ele odeia!
Sol gargalhou.
— Nossa, amiga, você é terrível!
— Ah, ele que lute. — Grazy ainda ria. — Mas o que ele queria com você? Ele tava desesperado quando me ligou!
— Me chamar pra uma festa com ele.
— O quê? — gritou Grazy. — Não acredito que o metido do meu irmão te chamou pra sair!
— Pois acredite. E o pior: é pra fingir que sou a namorada dele, porque a tal Fabiana vai estar lá e acredita nessa história absurda.
— Aaaaah, agora entendi! — exclamou Grazy. — Ele quer se livrar dela. E olha que ele quase nunca aparece por aqui.
Sol franziu o cenho.
— Peraí, o que você disse? Que ele vai morar aqui?!
— Ué, esqueci de te contar! — respondeu rindo. — Ele foi transferido pro escritório da empresa daqui. Vai ficar definitivo na minha casa.
Sol ficou muda por uns segundos.
— Ótimo... — murmurou. — Agora vou ter um “namorado de mentira” morando na casa da minha melhor amiga. Isso vai acabar mal.
— Relaxa, eu falo com ele, prometo!
— Espero mesmo. — Sol bufou. — Eu já tenho drama suficiente com os alunos.
— Que isso, amiga. Você já me salvou de tanta encrenca, essa é fichinha. Somos irmãs, lembra?
— Lembro, sim... — disse rindo. — E irmãs às vezes querem matar uma à outra.
— Boa noite, dramática.
— Boa noite, encrenqueira.
Desligou o telefone e se jogou de novo no sofá, falando sozinha:
— Amanhã à noite eu vou a uma festa fingindo ser namorada do Breno. É oficial: perdi o juízo.
O som da música mudou, e Sol levantou a taça de vinho que restava.
— Um brinde à confusão.
E bebeu. Porque sabia que a confusão, com certeza, estava só começando.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments