Capítulo 3

Capítulo 3

Sol se olhou no espelho e suspirou.

— Bem… não tem muito o que fazer — murmurou.

Ela não se achava feia, mas também não se considerava uma musa de novela. E, sem os óculos, mal conseguia distinguir a própria sombra. Passou uma maquiagem leve, fez uma trança nos longos cabelos cacheados e vestiu um jeans básico com uma blusa branca. Olhou o resultado final e deu um sorriso satisfeito.

— Pronto. No máximo, pareço uma professora que saiu de casa por engano — brincou, rindo sozinha.

Pegou a bolsa, saiu e subiu na moto. O motor roncou e ela acelerou pelas ruas iluminadas de Riacho Rosa.

Antes mesmo de chegar ao barzinho, já avistou o grupo. E, misericórdia... Breno estava ainda mais bonito do que da última vez que o vira. E o amigo dele? Bonito também. Bonito de um jeito perigoso, daqueles que fazem a gente esquecer o próprio nome.

Sol estacionou, tirou o capacete e respirou fundo.

“Vamos lá, mulher. Só um encontro inocente com amigos... e possíveis tentações.”

Aproximou-se e acenou.

— Boa noite!

— Oie, Sol! — exclamou Grazy, radiante. — Deixa eu te apresentar: esse é o Alison Barreto, amigo do meu irmão.

— Prazer, Alison — disse Sol, estendendo a mão com um sorriso. — Tudo bem?

— Tudo ótimo. O prazer é meu, ouvi falar muito de você — respondeu ele, simpático.

Sol arqueou uma sobrancelha.

— Espero que só coisas boas.

— Claro! — Ele riu. — A Grazy falou que você é a melhor professora da cidade.

Sol sorriu, meio sem graça, e notou Breno encostado na cadeira, vidrado no celular, como se o resto do mundo não existisse.

— Oi, Breno. Tudo bem? — perguntou, tentando puxar assunto.

Ele levantou uma das mãos, num cumprimento automático, sem nem olhar pra ela.

Grazy revirou os olhos e sussurrou no ouvido da amiga:

— Nem liga. Ele tá enrolado com uma moça da cidade. Tá tentando dar um fora nela faz dias.

Sol deu de ombros.

— Já estou acostumada. Ele sempre me trata assim mesmo.

— Então tá — disse Grazy, animada —, quero sentar bem pertinho dele, tá? Só se você não se importar.

— Não me importo... mas essa vai pra conta — respondeu Sol, rindo.

Grazy fez uma careta divertida. Sabia que a amiga cobraria o favor mais cedo ou mais tarde — e com juros.

Eles se sentaram. Sol puxou a cadeira e ficou ao lado de Breno, enquanto Grazy, toda empolgada, já ria das piadas do amigo.

— Faz tempo que não vem pra cidade, né? — perguntou Sol, tentando quebrar o gelo.

— Faz sim. Tenho trabalhado muito. A empresa cresceu, e o serviço triplicou. — Ele respondeu sem levantar os olhos do celular.

Sol mordeu o lábio. “Uau, que simpatia”, pensou.

Mas, de repente, Breno parou de digitar. Os olhos verdes se arregalaram e, num movimento rápido, ele largou o celular na mesa. Sol o encarou, confusa.

— Que foi?

Sem responder, ele simplesmente a segurou pelo rosto e beijou.

Sol ficou paralisada. O mundo parou. A música do bar sumiu. O tempo desacelerou. E ela só conseguiu pensar:

“O que tá acontecendo?!”

Quando ela finalmente piscou, o beijo já tinha acabado.

— O que foi isso, Breno?! — ela perguntou, com o rosto em chamas.

Grazy e Alison olhavam, boquiabertos.

— A... a Fabiana tava aqui — gaguejou ele. — Eu tentei terminar com ela, mas ela não aceita. Disse que vinha me procurar, e eu falei que tava com a minha namorada. Quando a vi chegando, entrei em pânico... e... bom, te beijei pra ela acreditar.

Sol arregalou os olhos.

— Você podia ter me avisado, né? Eu quase morri do coração!

Ela tentava manter a compostura, mas sentia o rosto queimando mais que churrasqueira em domingo.

— Desculpa, eu não tive tempo pra pensar! — disse ele, envergonhado. — Prometo que não vai acontecer de novo.

— Ótimo — respondeu, respirando fundo. — Mas você me deve essa, tá ouvindo, Breno Hana Santos? E eu cobro caro!

Breno riu, aliviado.

— Tudo bem, eu pago. Quer uma rodada de chope? É por minha conta.

— Agora sim está começando a melhorar! — disse Sol, pegando o cardápio e piscando pra Grazy. — Só não garanto que você vai sair ileso dessa dívida.

Grazy caiu na risada, e até Alison soltou um sorriso divertido.

A noite seguiu leve, animada e, pra Sol, surpreendentemente divertida.

Ela só não sabia que aquele “beijo de emergência” seria o primeiro de muitos desastres — e risadas — que estavam por vir.

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