Capítulo 16

A governanta estava na casa dos cinquenta anos, ela esteve servindo o pai de Enrico durante muito tempo, então poderia dizer que o viu crescer, e se sentiu aflita por ver Enrico se afundando cada vez mais na luta pelo poder, mas também sabia que não tinha como ele retroceder.

— Em uma família tão rica e influente como a família Moretti, se você não revida, pode acabar sendo esmagado por todos os outros, o senhor Enrico acabou se tornando o patriarca mais jovem que a família já teve, e com isso, cada um de seus parentes recebeu o seu castigo.

Igor olhou para ela com interesse, queria saber o que o seu futuro marido misterioso fez com sua família.

— O que ele fez?

— A família se seu tio mais velho foi mandada para a prisão, a do seu tio mais novo foi a falência, semente a família de sua tia que ajudou no funeral de seus pais, foi poupada, eles concordaram em viver debaixo da ordem do senhor Enrico, assumiram uma posição no grupo Moretti e precisam reportar tudo para ele.

Igor pensou um pouco no que ouviu e expressou sua opinião.

— Muito bom!

— O quê?

— Eu disse que o Enrico é muito bom, quando as pessoas não o provoca, ele pode deixar de lado o poder, a fama e a fortuna para viver em paz, mas quando eles o machucam, ele pode se transformar em uma verdadeira arma, e acabar com cada um deles.

Odete observou sua expressão enquanto falava de Enrico, e não pôde deixar de perguntar.

— Você acha que o que ele fez é apropriado?

— Sim, ele não os matou, não é como se ele tivesse feito algo de errado. A capacidade dele de se levantar em meio aos problemas, mostra que a sua habilidade em controlar uma situação, é muito superior à de outras pessoas.

Igor fez uma pausa, pensando na aparência de Enrico, completando sua observação.

— Além disso, ele é lindo.

Ele sorriu e Odete não pôde deixar de sorrir também, mas balançando a cabeça em seguida. Igor observou a criança na sala, guardando o livro e ficando obedientemente na fila para a dispensa, se dando conta que não fez uma pergunta.

— Qual o nome da criança?

— Samuel Moretti, na família seu apelido é pequeno hamster, já que com aquelas bochechas, ele lembra um porquinho-da-índia.

— É um apelido fofo — ele sorriu e ficou em dúvida com algo — E quanto aos avós paternos dele?

— O senhor Enrico convenceu eles a deixar que ele criasse a criança desde mais nova, como a família Moretti é rica e poderosa e era o senhor Enrico quem estava comandando a família, eles não se opuseram, pois sabia que ele seria bem-criado, quanto a mudança no sobrenome, também foi algo feito pelo senhor Enrico.

— Senhor Igor, me espere aqui, vou pegar o pequeno e já volto.

Igor esperou como ela pediu, logo pôde ver a pequena criança chegando, olhando mais de perto, podia ver que era como ela disse, aquelas bochechas lembrava um porquinho-da-índia. Com aquela roupa do jardim de infância, ele parecia muito fofo.

— Venha, a vovó Odete vai te mostrar uma pessoa.

Odete olhou para Igor, e ficou sem saber como apresentá-lo ao pequeno, já que Enrico e Igor ainda estavam em um acordo de casamento, apenas de palavras, eles ainda não tinham se casado oficialmente. Igor, que achou a criança bem fofa, se abaixou para falar com ela, apertando suas bochechas.

— Pequeno hamster, prazer em te conhecer, que tal me chamar de irmão mais velho? Vou comprar vários doces para você.

— Não.

Samuel recusou com uma expressão severa em seu rosto, passou por ele com sua mochila e foi em direção ao carro. Igor era raramente recusado por uma criança, se levantou perplexo, sem saber se ria ou chorava, os dois seguiram o pequeno hamster e Odete explicou a ele em voz baixa.

— Senhor Igor, não se ofenda, mas o pequeno cresceu ao lado do senhor Enrico, então sua natureza é um pouco mais madura e dura, do que as crianças de sua idade.

Igor, na verdade, levou isso a sério e bufou em discordância.

— Isso é tudo por causa do tio dele, ele mantém aquele rosto severo o dia todo, a criança apenas seguiu o exemplo, se tornando um pequeno adulto rabugento.

Odete sorriu e não refutou, podia ser verdade o que ele disse, já que agora o seu pequeno patrão, era a cópia de Enrico quando era criança. O carro estava parado no mesmo lugar, a criança chegou e tentou entrar no carro com suas perninhas curtas, mas não estava conseguindo.

Igor, vendo aquela dificuldade da criança entrar no carro, se aproximou e agarrou a criança pelo colarinho, o levantando. A criança que de repente foi levantada e colocada no banco, ficou pasma, assim como Enrico, que estava prestes a estender a mão para a criança, ele se assustou por alguns segundos, olhando para Igor com um certo desamparo no olhar.

— Igor, como pode pegar uma criança assim?

Na verdade, Igor não fazia ideia, ele achou que poderia fazer como se faz com um gatinho, o carregando pela nuca.

— Desculpe — deu de ombros — Não tenho experiência, é mais fácil assim.

Aquele desamparo no olhar de Enrico foi ainda maior, diante da resposta do outro, sabia que seu noivo não era o tipo convencional, e estava se preparando mentalmente para o que viria.