Sara Lins Lembrou-se da primeira noite em que ela e Erick Fernandes conversaram como um casal de verdade. Já tinham saído algumas vezes, mas era tudo indefinido. Foi logo depois do primeiro ensaio que fizeram juntos para um comercial de TV, e depois foram para casa de Lins. Erick estava deitado em sua cama, há dias que ele não a procurava. Estava com saudade de fazer amor com ele.
Precisava sondá-lo e saber o que estava acontecendo.
— Erick — ela disse tocado a perna dele sob o lençol de cetim — Tem dias que você não me deseja, não me ama com intensidade. Fiz alguma coisa para magoá-lo?
Ele a fitou com um olhar tranquilo, porém, distante.
— Meu amor, você não fez nada — ele diz se virando para ela — Venha aqui, vamos resolver isso, eu também desejo você. É que tem acontecido tantas coisas ultimamente…
— No que está pensando?
— Tenho tantas coisas para fazer na agência, convocações, analisar roteiros, contratar e demitir atrizes. Às vezes fico meio que desligado da realidade da minha vida. Sei, isso não é desculpa, mas só estou me sentindo um pouco cansado, meu bem. Aquela agência esgota minhas forças.
Sara Lins se levantou e deu um abraço em Erick. Um vento frio entrava pela janela, e do lado de fora a noite escura avançava sobre um céu pontilhado de estrelas.
— Você precisa estar descansado para mim esta noite — disse ela quase que se pendurando no pescoço dele. Usava todo charme que tinha a fim de tornar sua proposta irresistível. Sabia que Erick não podia resistir ao seu encanto, ainda mais quando pedia com aquele jeitinho. — Volte para mim logo e não seja um desmancha-prazeres. Já temos estado separados tempo demais.
— Não se preocupe, querida! Hoje vou compensar você até que implore para eu parar. Esteja disposta, linda e cheirosa. Acha que pode fazer isso pra mim?
— Nem precisa pedir — disse Lins sorrindo — Vou sair e comprar algumas coisas. Gosta de champanhe? Resolvi comprar uma para essa noite, ou vinho, se preferir. Daí encontro um bom queijo e podemos ter uma noite perfeita. De preferência sem falarmos em agência ou em Alana. Preciso dar um tempo disso.
— Vinho está ótimo — ele caminha até o sofá e pega sua carteira — Tome, use este cartão, é corporativo e vai para conta da agência. Tem um limite bastante alto!
Ela pega o cartão e o guarda na bolsa. O telefone de Erick toca, cortando o ar com um barulho alto e agudo. Ele termina de vestir uma camisa e vai atender.
— Não acredito! — disse ela irritada — Será que nem à noite nos dão um descanso? Precisa mesmo atender? O que deve ser desta vez...?
Pegando o telefone, Erick atende. É o diretor Soares.
— Alô?
— Erick, preciso que esteja na agência em meia hora — diz o diretor — Tive uma ideia para um roteiro incrível que preciso discutir com você.
— Tenho que ir agora? Não pode ser amanhã?
— Não, não pode! Amanhã não estarei na agência. Venha logo, espero você — e desligou.
Sara ficou parada olhando para o rosto de Erick, que parecia sem saída. Ela mesma conhecia os caprichos do diretor, sua maia autoritária e mimada de sempre ter tudo que queria na hora mais improvável possível.
Sara Lins lembrou-se de como era difícil terem um momento só para eles. Agendas lotadas, compromissos que não terminavam nunca. Quantas vezes viu Erick Fernandes ser arrancado de seus braços tarde da noite, um dia após o outro. Bastava uma ligação do diretor e ele desaparecia pela porta sem pensar duas vezes. Era um homem comprometido com o trabalho, Lins tentava entender isso e até o admirava. Nunca o fizera escolher entre ela e o trabalho. Suportava muita coisa por causa de seu amor por Erick. Era um preço que estava disposta a pagar para estar ao lado dele.
O resultado disso era a distância que ficava entre eles, quando todas as forças do namorado eram sugadas pelo bem da agência, tirando-lhe o ânimo até mesmo para amá-la. Será que não estava exagerando em achar que seu amor estava perdendo o interesse? Talvez estivesse se cansando dela e quisesse voltar para Alana Cariús. Ficaram juntos por tanto tempo que talvez ele não a tenha esquecido completamente. Se fosse assim, Lins sabia que precisava se esforçar mais para ajudá-lo a esquecer.
Sua única saída era destruir de uma vez por todas a vida e a carreira de Alana Cariús para que ela e Erick pudesse ser feliz.
Todas essas lembranças vieram à memória, ali, naquele momento, após as palavras de Alana martelando sua mente. Sara Lins permanecia encostada na parede, olhando o vazio, sem saber o que viria depois. Uma pontada de dúvida sobre o amor de Erick espetou seu coração. Sentiu uma lágrima se formar.
Sua rival havia acertado em cheio sua confiança.
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Atualizado até capítulo 11
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