Capítulo 4

Alana Cariús chegou cedo no prédio da Mega Star. Ela cumprimentou a pessoas no caminho, mas não fazia a menor ideia de quem era cada uma delas. Em poucas horas se fazendo passar pela irmã, ainda estava decorando os nomes nos crachás.

Até que está sendo divertido se passar por minha irmã.

Embora algumas pessoas tenham tentado ofuscar seu brilho, conseguira reverter a situação e atingir seus objetivos. Tinha trazido o diretor Soares para seu lado. Fora fácil demais seduzir aquele tolo. Talvez seus opositores tenham aprendido a lição.

A voz aguda de Sara Lins gritou seu nome pelas costas.

— Alana!!!

Alana virou-se calmamente. Por falar no diabo...

— Bom dia, Sara Lins! Como foi sua noite? — disse Alana com um ar de deboche, lembrando que a irmã já tinha lhe mostrado fotos de Sara pela internet. Alana sabia que Erick não tinha ido pra casa de Sara. O rosto abatido da loira à sua frente revelava cansaço, talvez ela não tivesse dormido direito esperando o namorado.

— O que você está fazendo aqui, sua mulherzinha baixa! Me diga logo o que você fez com meu namorado!

— Hum, o que tem ele? — falou Alana dissimulando — Não sei, Erick é um fardo seu agora. Qual o problema eu estar aqui? Sou tão estrela quanto você, ou a senhorita acha que somente você tem esse direito? Não se ache tanto!

Sara Lins sentiu a ira se acender dentro dela. Como Alana podia ser tão nojenta e dissimulada? Moraram juntas por anos, dividiram a mesma casa e agora ela agia como se fosse uma mulher indiferente.

Óbvio que essa louca estava mentindo sobre Erick Fernandes e tinha aprontado alguma, caso contrário não estaria na agência e Erick teria voltado pra casa, deduziu Sara.

— Teve que sujar as mãos para conseguir um contrato, não é mesmo, sua corrupta!

— Não me odeie tanto assim, Sara — Alana sorriu — Ainda falta muito para eu chegar no seu nível de canalhice. Sei do que é capaz quando quer alguma coisa. Matar minha irmã, por exemplo.

— Hahaha... você fica aí bancando a santa, mas só Deus sabe o que teve que fazer para convencer o diretor Maurício a mantê-la na agência. Vamos ver até onde essa sua vaidade. Não vai querer briga comigo, Alana Cariús. Posso destruir você!

— Bom, é mesmo? Tá falando sério? — Alana passou as mãos no cabelo. Sempre fazia isso quando sentia que estava no controle da situação. Mas, não podia exagerar, a verdadeira Alana não tinha esse excesso de vaidade — Olha, Sara, não queria ter que dizer isso, mas o chão que piso é bem mais limpo que esse seu caráter invejoso. Você cobiça tudo que eu tenho, acho que gostaria de ser eu!

Sara caminhou para perto de Alana. Faltava muito pouco para avançar nos cabelos dela, mas se conteve. Isso só daria à sua rival mais poder na agência e mancharia sua carreira. Todos já conheciam seu temperamento e não queria confirmar isso saindo no tapa com Alana Cariús.

— Sua… — mas as palavras ficaram presas na garganta.

— Acredito que Erick não tenha sido totalmente honesto com você.

— Qual é o troque agora, Alana? — disse Sara irritada. Não fazia a menor ideia do que Alana pretendia com aquele papo.

Alana era astuta e faria de tudo para colocar um contra o outro, pensou. Sara também não descartava a hipótese de Erick tê-la enganado e convencido o diretor Soares para dar o papel a Alana. Era um pensamento absurdo, mas por conta da história que Erick e Alana tiveram no passado, Sara Lins sabia que os homens eram capazes de qualquer coisa se seduzidos com a oferta correta. Todos tinham um preço, comprá-los era fácil demais.

No entanto, não afrouxaria agora diante de Alana Cariús. Não daria a ela o benefício da dúvida nem permitiria que plantasse caraminholas em sua cabeça.

— Você é uma destruidora de relacionamentos, Alana Cariús! — gritou Lins apontando o dedo para ela. Algumas pessoas na sala olharam para ver o que estava acontecendo — Sei que você odeia Erick por ele ter largado você para ficar comigo. Ele me ama e isso dói em você, não é mesmo? É difícil ter que se contentar com a ideia de não ser amada por ninguém!

Percebendo o descontrole de Sara, Alana tentou manter a postura. As palavras dela nada mais significavam do que desespero. Alana tinha toda a situação a seu favor. Tudo que precisava fazer era forçar um pouco mais o temperamento explosivo da sua oponente e deixar exposto diante de todos o quanto ela era inadequada para o papel de protagonista.

Vou destruir todos vocês pelo que fizeram como minha irmã.

— Até que você não está totalmente errada, Sara. Talvez eu seja mesmo uma destruidora, embora não fui eu quem destruiu o relacionamento de outra pessoa. Mesmo assim, não vou me ressentir com isso… pelo contrário, acho que é agradecer a você — ela inclinou o rosto e olhou bem nos olhos de Sara Lins — Obrigado por ter ficado com o lixo que descartei. Faça bom uso dele, vocês se merecem!

Uma onda de gargalhadas soou pelo corredor de acesso da agência. As pessoas repetiam as palavras de Alana, fazendo comentários que deixaram Sara completamente constrangida.

Uma

assistente de direção, que não gostava de Sara Lins, aproveitando a

oportunidade para alfinetá-la disse em voz alta:

— Dizem que mulheres indecentes se contentam com qualquer coisa. Mas aquelas que são sem vergonha pegam lixo mesmo! Hahaha...

Notando que estava perdendo a batalha, Sara Lins tentou encerrar o assunto por ali mesmo. Estava sem dormir e seu humor não era dos melhores. Dar de cara com Alana logo pela manhã não estava em seus planos.

Não podia suportá-la nem mais um minuto.

Com as costas na parede, Sara tentava processar toda aquela informação. Erick também amava homens? Não queria acreditar no que Alana dissera sobre Erick, com era possível? Ele jurou que pertencia somente a ela e fez-lhe promessas de amor eterno. Aquilo poderia ser um blefe de Alana na tentativa de desestabilizá-la e esfriar sua relação com Erick. Mas, e se não estivesse errada, e tudo fosse verdade, que o namorado de fato tinha preferências duvidosas? Não eu se importasse, não tinha preconceito, mas ele devia ter dito isso ela.

O pensamento fez suas pernas estremecerem. Sentiu-se fraca, rendida.

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