Capítulo 3

 Quando abriu a porta da agência naquela tarde, Erick Fernandes deu de cara com Alana Cariús, sem perceber que ela estava sentada no sofá das estrelas.

Ela trazia à mão a taça de champanhe que o diretor Soares lhe dera horas antes.

Somente atrizes contratadas para papéis importantes se sentavam naquele lugar para assinar contratos ou beber um café com o diretor. Era como que um ritual artístico, um código sagrado entre a equipe de talentos.

— Lamento, mas preciso ser sincero com você, Alana — disse ele parando perto da porta — Estou cansado de dizer a você que esse negócio de atuar não é sua praia. Por que não tenta outra coisa? Achei que nem estaria mais aqui!

Alana abriu um sorriso esnobe ajeitando os cabelos para destacar sua beleza. Ao ver Erick novamente, voltou a se perguntar o que a irmã tinha visto naquele imbecil.

Ele continuou:

— Então, antes que você me incomode com aquele papo de que esse é seu sonho e blá blá blá, … — quando percebeu onde Alana estava sentada, Erick tomou um choque que o fez cair de joelhos — O que… o que está acontecendo aqui?

Ele pensou: O diretor deve ter feito algum acordo com ela e não me avisou. Alana não deveria estar nessa sala, muito menos nesse sofá. Somente Sara pode se sentar ali. 

— Saia já daí, Alana Cariús, sua usurpadora! — gritou Erick avançando nela.

Imediatamente o diretor Soares e o cameramen entram na sala ao perceberem que algo estava errado. Eles seguraram Erick contra a parede.

— O que pensa que está fazendo? — disse o cameramen segurando os braços do ator.

— O que você quer comigo? — protestou Erick perplexo. Ele tropeçou no próprio pé e caiu sentado. Uma dor percorreu toda suas costas.

— Segure ele com força — disse o diretor Soares inclinando-se sobre Erick.

— Espere um minuto, Maurício. O que aconteceu, por que está fazendo isso comigo? Pensei que fôssemos amigos.

O cameramen segurou o rosto de Erick Fernandes com força e abriu sua boca. Soares pegou a taça de champanhe da mão de Alana e virou o conteúdo na boca de Erick.

Ele quase engasgou tentando colocar pra fora, mas foi obrigado e engolir tudo para não sufocar. O champanhe estava com um gosto estranho. Talvez fosse o gosto da droga que havia colocado na garrafa.

Alana se levantou do sofá e caminhou até onde seu ex-namorado estava caído, detido pelo diretor Maurício Soares e seu assistente.

— Meu querido Erick, você me deu um grande presente e é claro que vou retribuir. Acha mesmo que não sei o que estavam tramando contra mim? Tentou me drogar? Você e sua cachorrinha de estimação, Sara Lins são mesmo patéticos!

 Erick arregalou os olhos assustado.

— Como você ousa? — protestou o ator tentando se soltar.

Alana Lins pisou no peito dele com seu salto nº 15. O rosto do rapaz esboçou uma pontada de dor. Sentia-se irritada com a dissimulação de Erick. A imagem de sua irmã falando o nome dele na filmagem do prédio na noite em que ela morreu fazia o sangue de Sylvia ferver de ódio. Sabia que ele era capaz de trair Alana com outra mulher, o que já estava comprovado.

O que não esperava era que fizesse a irmã de idiota, uma pessoa que um dia tanto confiou nele. Alana não merecia o que recebeu, era uma pessoa boa.

Minha irmã sempre falava bem de você, seu verme maldito.  

— Está me ameaçando? Eu não faria isso se fosse você… o último homem que me ameaçou desapareceu sem deixar rastro — disse ela, apertando a ponta do salto contra o ombro dele.

— O que tinha nessa bebida que vocês me deram?

— Não sei, me responda você! — disse o diretor Soares — Lembre-se que foi você quem trouxe a garrafa e me pediu para que servisse um pouco para Alana. Ela quase teve um surto depois de tomar aquilo.

— Agora, vamos fazer um teste para você também — disse Alana Cariús com um tom perverso — Prendam ele na parede e liguem a câmera. Vamos ver como ele se sai no papel de traidor — ela deu um tapinha no ombro de Erick — Seus planos maldosos contra mim não deram certo, mas acredite, farei pior com você.

— Alana, o que houve com você? Como se tornou tão má? — indagou Erick sem entender.

Sylvia estava orgulhosa em conseguir interpretar tão bem o papel da irmã. Estava dando certo, nenhum deles sequer desconfiou.

Talvez um dia ganhasse o Oscar que queria: a cabeça desses traidores numa abandeja.

Os dois homens levantaram Erick Fernandes do chão e o colocaram de pé contra a parede. Com cordas, prenderam seus braços para cima e o diretor Soares começou a espancá-lo.

Erick Fernandes não sabia porque Soares estava fazendo isso com ele, já que eram amigos de infância. Cursaram a faculdade de artes juntos e frequentavam a casa um do outro. Alguma coisa Alana havia feito para que ele mudasse de lado.

Os temores de Sara Lins se confirmaram. A ex-namorada era bem mais esperta do que pensavam, mas nunca tinha visto esse seu lado. Alana parecia outra pessoa, estava mais pra uma psicopata do que para a menina doce e gentil que ele conheceu. Pensou que talvez o trauma da traição tivesse mudado sua personalidade.

O cameramem filmava enquanto Erick era esbofeteado contra parede. Sangue começou a escorrer do seu rosto, pingando no carpete azul marinho da sala.

— Espero que esteja gostando do teste — disse Alana com o gosto doce da vingança enchendo sua alma. — Em seu novo papel de traidor, vai apanhar até morrer!

— Me soltem! — gritou desesperado Erick Fernandes. Mas ninguém podia ouvi-lo.

Hoje à noite, ele não jantaria com Sara Lins.

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