Delegacia de Duskwood, 9:37 am
Na sala do delegado Blommgate, ele se encontrava em pé, de braços cruzados e escorado em sua mesa, enquanto olhava em direção a porta que, naquele momento, foi aberta por alguém.
(Brandon) - Me disseram que o senhor tinha urgência em falar comigo.
(Alan) - Sim. Por favor, entre e feche a porta.
Enquanto Brandon entrava e fechava a porta, Alan foi para o outro lado de sua mesa e se sentou em sua cadeira.
(Alan) - Eu estou completamente perdido e sem saber o que pensar. – Ele parecia controlar sentimentos de frustração e raiva.
Brandon se intrigou e se sentou à sua frente
(Alan) - Me diz, como é possível uma mulher que foi sequestrada a menos de um mês, não apresentar nenhum abalo emocional?.
(Brandon) - Hannah Donfort?
(Alan) - Sim, Brandon! Hannah Donfort! – Ele disse irritado e pegou a folha que usou para fazer as anotações durante o interrogatório de Hannah. - Olha isso aqui. – Ele a entregou para Brandon. - Se compararmos com as respostas da senhorita Folsham, não há quase nenhuma diferença. Ou seja, mais uma vez, não chegamos a lugar nenhum.
Brandon passou o olho nas respostas por alguns segundos.
(Brando) - Hum, realmente.
(Alan) - E como isso é possível, Brandon? – Ele socou sua mesa de leve. - Como isso é possível?!
A expressão de Brandon continuava neutra, mas em sua mente, uma lembrança logo surgiu.
Flashback on
Há alguns minutos atrás, Hannah saiu da sala do delegado e Brandon a acompanhou até a saída da delegacia. Chegando lá, ele viu Adie encostada em um carro, esperando por ela. Quando Hannah se aproximou e entrou pelo lado do motorista, Adie permaneceu encarando Brandon e, antes de entrar no carro pelo lado do carona, ela acenou com a cabeça, cumprimentando-o com um sorriso ladino. Em seguida, ela entrou no carro e elas saíram.
Flashback off
(Brandon) - Hum… Eu realmente não sei o que dizer, senhor Bloomgate. – Ele esboçou um sutil sorriso ladino, mas logo disfarçou.
Enquanto isso, na casa dos amigos, Jake estava na varanda, sentado à mesa, e observava o verde das árvores que cercavam os arredores. Por estar distraído, ele não percebeu que alguém saiu pela porta da casa e se aproximou.
(Adie) - Oi.
Ele logo a olhou.
(Jake) - Olá.
Ela sorriu sutilmente e com aquele jeito tímido, desviou o olhar e começou a observar os arredores, enquanto ele a observava. Depois de alguns segundos, ela voltou a olhá-lo, se aproximou um pouco mais e se sentou ao seu lado.
(Jake) - E então… Como você es...
Ele foi surpreendido por um beijo nos lábios, mas logo fechou os olhos e correspondeu. Após o beijo, Adie olhou diretamente para aqueles lindos olhos azuis, que se encontravam bem próximos dos seus.
(Adie) - Sinto sua falta.
(Jake) - Eu sinto ainda mais, minha linda. – Ele acariciou o rosto dela.
Ela suspirou.
(Jake) - Aproveitando que estamos sozinhos, quero te dizer uma coisa.
(Adie) - Pode falar.
(Jake) - Bom... – Ele suspirou e olhou para os lábios dela. - Mesmo que não possamos ficar juntos todos os dias, eu... eu sinto que... meu amor por você, aumenta a cada instante. – Ele disse tímido, ainda olhando para os lábios dela, até que voltou a olhá-la nos olhos.
Adie sorriu e lhe faltaram palavras naquele momento. Depois de alguns segundos, seu sorriso desapareceu de repente e ela suspirou com pesar.
(Adie) - Você é tudo para mim, Jake. Por você eu... Eu farei tudo. E mesmo que, talvez, com o tempo, você possa vir a ter motivos para não me amar mais, eu continuarei te amando… para sempre.
Os olhos dela marejaram e Jake se intrigou.
(Jake) - Não diga isso, minha linda. Eu jamais deixarei de te amar, ouviu bem? – Ele olhou bem dentro daqueles olhos, que brilhavam por conta das lágrimas que se formaram. - Jamais! – Ele encostou sua testa na dela. - Você acredita em mim?
Ela fechou os olhos e assentiu com a cabeça.
(Adie) - Sempre.
Ele voltou a acariciar o rosto dela e a beijou. Eles se envolveram no beijo a ponto de se esquecerem totalmente de todo o resto, até que a porta da casa foi aberta e eles tomaram um baita susto e se afastaram imediatamente. Ao olharem em direção, eles viram Dan, o que lhes deu um certo alívio.
(Dan) - Hum, onde está a placa de aviso, hein? – Ele perguntou com deboche para Adie.
Ela arqueou uma de suas sobrancelhas e depois revirou os olhos.
(Dan) - Saibam que mesmo que eu não tenha visto nada, a cara de vocês já deixou claro o que estavam fazendo.
Jake desviou o olhar, constrangido.
(Adie) - Deixa de ser idiota!
Dan esboçou um sorriso debochado.
(Dan) - Tá. Eu não vim aqui para interrompê-los. Estou aqui unicamente com o propósito de convidá-los a experimentar uma coisa que eu fiz.
Adie se intrigou.
(Adie) - Não acha que está muito cedo para beber?
(Dan) - Dessa vez, não se trata de nenhuma bebida. Venham comigo e verão que eu não sou apenas um rostinho bonito. – Ele se virou e seguiu para a porta de casa.
Adie arqueou uma de suas sobrancelhas e olhou para Jake.
(Adie) - Certo… Vamos lá.
Ela e Jake se levantaram e o seguiram para dentro de casa.
Ao chegarem na sala de jantar, Jake e Adie viram os demais amigos sentados à mesa, enquanto Dan foi até a cozinha.
(Adie) - Então, não somos os únicos. – Ela e Jake se sentaram lado a lado.
(Jessy) - Não mesmo. – Ela sorriu sutilmente.
(Thomas) - Confesso que estou apreensivo.
(Adie) - Hum, somos dois.
(Lilly) - Três.
(Phil) - Na verdade, somos oito apreensivos.
Naquele momento, Dan retornou da cozinha segurando um prato que continha um bolo médio de carne moída e em volta, tinha algumas pequenas fatias de pães.
(Dan) - Vocês estão prestes a experimentar o melhor Hackepeter do mundo.
(Thomas) - Hum, nada presunçoso. – Ele disse baixo.
Dan colocou o prato sobre a mesa e todos observaram.
(Lilly) - Está bem bonito.
(Cleo) - É, estou impressionada.
(Adie) - Não se esqueçam que as aparências enganam, hein? – Ela esboçou um sutil sorriso debochado.
Dan a olhou, com uma de suas sobrancelhas arqueada.
(Cleo) - Hum, nisso ela tem muita razão. – Ela ironizou.
Adie a olhou, intrigada com o tom em que Cleo havia falado.
(Dan) - Chega de gracinha e peguem logo os talheres.
(Adie) - Antes, uma pergunta.
(Dan) - Diga.
(Adie) - Porque tem um copo cheio de água para cada um de nós?
(Phil) - Eu também gostaria de saber.
(Dan) - Cara, vocês estão muito desconfiados! Eu só tentei ser atencioso, mas na próxima, deixo vocês com a boca seca.
(Adie) - Nossa, que drama.
Dan a olhou com raiva e ela esboçou um sorriso debochado.
(Jessy) - Bom, então vamos logo experimentar porque está com uma cara ótima.
(Dan) - Esse é o espírito, bebe. – Ele piscou para Jessy.
(Thomas) - Certo. Então… Vamos lá.
Thomas se serviu primeiro e em seguida, os demais fizeram o mesmo. Todos esperaram para experimentarem juntos e após Jessy, que era a última da mesa, se servir, eles se olharam.
(Thomas) - Prontos?
Todos assentiram com a cabeça e em seguida, comeram juntos. Dan observou cada um mastigando e prestando atenção no sabor, até que as expressões começaram a indicar aprovação.
(Adie) - Gente, isso aqui está muito bom!
(Hannah) - Muito mesmo!
(Jessy) - Sensacional, Dan!
(Lilly) - Excelente!
(Cleo) - Aprovado, Danzinho. Parabéns!
(Dan) - Eu disse que seria o melhor Hackepeter da vida de vocês. – Ele sorriu convencido. - Mas agora, guardem espaço para degustar com o molho. Já volto. – Ele foi até a cozinha novamente.
Depois de alguns instantes, ele retornou, segurando uma pequena tigela que continha um molho vermelho.
(Dan) - Pronto. – Ele a colocou sobre a mesa. - Agora sirvam-se e experimentem todos juntos novamente.
Todos se serviram e colocaram o molho.
(Hannah) - Já podemos? – Ela perguntou aos demais.
Todos assentiram com a cabeça e logo comeram juntos. De início, todos mastigavam com uma expressão de aprovação, mas, depois de alguns segundos, Adie fez uma expressão que indicava que algo estava errado.
(Adie) - Puta que pariu! – Ela pegou o copo de água e bebeu rapidamente.
(Thomas) - Ai, merda! – Ele pegou o guardanapo e cuspiu a comida.
(Phil) - Cacete! – Ele também bebeu água.
(Hannah) - Ah, céus! – Ela tomou água desesperadamente.
Os demais também tomaram água rapidamente e Dan deu risada.
(Cleo) - Mas que molho é esse, Dan?! Meu Deus! – Ela tomou mais água.
(Dan) - Eu o chamo de Hot Blast. Um molho de pimenta só para os fortes. – Ele ergueu os braços, exibindo os bíceps enrijecidos.
Cleo bufou e virou o resto de sua água.
(Dan) - Isso responde sua pergunta sobre os copos de água para cada um? – Ele perguntou com deboche para Adie.
Ela o olhou com raiva.
(Adie) - Eu só não faço você engolir esse molho agora mesmo, porque preciso de mais água imediatamente. – Ela se levantou e foi até a cozinha.
(Lilly) - Ai, eu também! – Ela saiu apressada.
(Jessy) - E eu também! – Ela o olhou com cara de brava e seguiu para a cozinha.
Os demais também foram para a cozinha tomar mais água e Dan os acompanhou, enquanto sorria com deboche.
(Dan) - Cara, vocês são muito fracos!
Mais tarde, era hora de todos começarem a se arrumar para a festa, mas as garotas estavam lidando com uma questão muito séria.
(Hannah) - Gente, alguém aqui trouxe roupa para festa? – Ela entrou no quarto e avistou todas revirando as cômodas de roupas, enquanto que, nas camas, haviam várias peças espalhadas. - Hum, pelo visto, também não. – Ela suspirou desapontada.
Adie fechou a cômoda e suspirou, também desapontada.
(Lilly) - Não mesmo.
(Cleo) - Ah, não precisamos de uma superprodução de festa, gente. Somos só nós, vamos nos vestir com o que temos.
(Jessy) - É, não tem outro jeito mesmo. – Ela estava com os braços cruzados e escorada em sua cômoda.
(Hannah) - É... – Ela deu de ombros e seguiu de volta para o seu quarto.
Depois de mais ou menos uma hora, todas estavam quase prontas, só faltava mesmo alguns detalhes. Adie e Jessy estavam finalizando suas maquiagens e dividiam o espelho do banheiro. Lilly estava arrumando o cabelo em frente ao espelho de uma das cômodas e Cleo estava colocando seus brincos. Depois de mais alguns minutos, Jessy ficou pronta e decidiu descer antes das demais.
(Jessy) - Estou indo, meninas! Espero vocês lá, não demorem.
(Lilly) - Me espere, Jessy. Só falta o perfume. – Ela borrifou um pouco de perfume no pescoço.
(Adie) - E eu só preciso me decidir sobre qual tênis usar, mas acho que a Cleo pode me ajudar com isso, não é? – Ela olhou para Cleo.
Cleo a olhou séria e agiu com indiferença, desviando o olhar em direção a Lilly.
(Cleo) - Adorei esse seu perfume, Lilly!
Adie suspirou entristecida e voltou sua atenção para os tênis.
(Lilly) - Esse é o meu favorito! – Ela sorriu para Cleo.
Cleo devolveu o sorriso e se olhou no espelho.
(Lilly) - Certo, agora vamos. – Ela se aproximou de Jessy, que estava próxima a porta. - Esperamos vocês lá! – As duas saíram.
(Adie) - Certo.
(Cleo) - Ok.
Enquanto Adie estava sentada na cama calçando seus tênis, Cleo passava seu batom de cor discreta. Após finalizar sua maquiagem, ela foi até sua cama, pegou um casaco de cor marrom e se vestiu. Em seguida, ela seguiu em direção a porta para sair.
(Adie) - Cleo...
Ela parou.
(Cleo) - O que? – Ela respondeu de costas.
(Adie) - Algum problema comigo?
Cleo continuou de costas por alguns segundos, até que se virou, olhando-a.
(Cleo) - Não. Porque a pergunta?
Adie deu uma leve risada e se levantou.
(Adie) - Eu não sou boba. Estamos prestes a ir para uma festa que tem como simbolismo o recomeço, por isso, seja lá o que você tiver que me dizer, faça isso agora, por favor.
Cleo a encarou por alguns segundos, até que olhou para baixo por um breve momento e suspirou.
(Cleo) - Tudo bem... Acontece que ontem você saiu e deixou seu notebook aberto. A princípio, eu não me interessei em olhá-lo, mas, depois de um tempo, ele estava com a bateria fraca e eu quis colocá-lo para carregar. Ao pegá-lo, não pude evitar, Adie... ou melhor dizendo... Dra. Adelynn Folsham.
Adie ficou surpresa.
(Cleo) - Sinceramente... Eu não encontro nenhuma justificativa plausível para que você tenha escondido quem realmente é de todos nós.
Adie ficou cabisbaixa por um breve momento.
(Cleo) - Entendo que cometi um erro ao invadir sua privacidade e me desculpo por isso. Mas entenda que, acabamos de ter uma surpresa extremamente desagradável sobre um de nossos amigos e não superamos tal coisa ainda. Eu posso falar pelo menos por mim. Ainda estou muito perplexa com tudo, e saber que você esconde algo tão importante, me fez desconfiar de você extremamente.
(Adie) - Eu entendo. – Ela se sentou novamente em sua cama e se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nas coxas. - Sente-se aqui do meu lado que eu vou te explicar tudo.
Cleo pensou por alguns segundos, até que se aproximou e se sentou ao lado dela.
(Adie) - Bem… – Ela suspirou. - A verdadeira razão para que eu tenha escondido isso, é apenas uma crença particular. – Ela disse sem olhá-la, olhando para baixo. - Sempre acreditei que quando revelamos ter uma profissão vista como de grande categoria, as pessoas tendem a não agir naturalmente, por medo do nosso julgamento. Admito que eu me preocupei sim em conseguir a confiança plena de vocês e não poderia correr o risco de haver mais resistência do que já houve de início.
(Cleo) - Sinceramente... Eu me sinto traída. Todos confiamos cegamente em você, e você não confiou nem um pouco em nós! O que significa que você nunca nos viu como verdadeiros amigos.
(Adie) - Entendo sua raiva. Mas além de tudo, eu também tive medo... medo do julgamento de vocês.
(Cleo) - Julgamento? Porquê a julgaríamos?
Adie pensou alguns segundos, até que a olhou.
(Adie) - Porque eu sou uma Psiquiatra Forense.
Cleo se surpreendeu.
(Adie) - Eu avalio o estado mental de criminosos. Mas, me baseando na minha crença sobre as pessoas não agirem naturalmente quando descobrem nossa área de atuação, eu criei um novo método para chegar até as verdades mais obscuras dos procurados pela lei.
(Cleo) - E-E que método seria esse?
(Adie) - Eu converso com eles de igual para igual, sem tentar esconder o quão humana eu sou e também sujeita a erros, o que fez muitas pessoas me julgarem como estúpida e não confiarem no meu jeito de trabalhar. Porém, é um método que tem funcionado. Automaticamente, depois de algum tempo de diálogo, eles confessam seus crimes e até mesmo se arrependem de verdade dos mesmos. Minha capacidade de conseguir a confiança plena das pessoas e convencê-las a fazerem o que eu digo não é simplesmente um dom, isso levou tempo para ser aperfeiçoado, mas, depois de muito trabalho, se tornou algo natural. Por conta dessa minha facilidade e pelo fato de conseguir arrancar as palavras mais autênticas dessas pessoas, eu passei a prestar serviços ao FBI e atuar sob disfarce em alguns casos.
Cleo se surpreendeu, ficando boquiaberta.
(Cleo) - E-Então... Você está aqui... por causa do Jake?!
(Adie) - Não! Não pense besteira! Eu estou aqui de forma autêntica, essa sou eu. Só estou lhe contando a verdade sobre meu trabalho.
Cleo desviou o olhar, ficando pensativa.
(Cleo) - Então... por isso, não só o Jake, mas também, o Richy confiou tanto em você. Essa é sua especialidade, você sempre soube como fazer isso acontecer. O que deixa claro que você só conquistou nossa confiança para nos investigar e ter as informações necessárias. – Ela a olhou com raiva.
(Adie) - Está vendo? É exatamente por isso que eu escondi esses detalhes sobre mim. Olha… Nem mesmo com o Richy ou com o Jake, eu fiz isso. Cleo, essa sou eu! Um ser humano comum, sem essa profissão, sem técnicas para conseguir alguma informação, sem nada. Estou aqui como uma simples mulher que se envolveu, por um acaso, em um caso de sequestro, fez de tudo para ajudar a vítima e se apaixonou por um hacker.
Cleo a encarou por alguns segundos, até que ficou cabisbaixa.
(Cleo) - Então, porque você escondeu seu nome?
(Adie) - Mas eu nunca escondi meu nome. Vocês confiam tanto em mim que sequer me questionaram sobre isso. Adie é meu apelido e vocês se conformaram com ele, o que me deixou surpresa e, ao mesmo tempo, feliz. – Ela desviou o olhar por um breve momento.
(Cleo) - Feliz?
(Adie) - Claro! A confiança das pessoas me motiva a fazer sempre o melhor por elas. – Ela suspirou. - E isso não é diferente no meu trabalho. Ao contrário do que você está pensando, eu conquisto a confiança das pessoas para tentar enxergá-las além de seus erros.
(Cleo) - Mas e a Hannah? Quando você se tornou amiga dela, tudo era apenas parte de um tratamento?
(Adie) - Sim. Bom... era para ser assim. Mas como eu disse, eu sou um ser humano. Se tudo continuasse sendo apenas parte do tratamento, você acha que eu teria me envolvido em tudo isso? Você acha que eu estaria aqui?
Cleo ficou pensativa por alguns segundos.
(Cleo) - Bom... É só que... – Ela suspirou e ficou cabisbaixa.
(Adie) - É confuso, eu sei. Mas entenda que eu tinha o direito de escolher. Eu poderia simplesmente trocar de número para não receber mais mensagens do Thomas, do Jake e de nenhum de vocês. Eu poderia simplesmente seguir minha vida.
Cleo voltou a olhá-la.
(Cleo) - E quem é o Dr. Ulric Barret?
(Adie) - O psiquiatra da Hannah… E também... meu ex professor. Já faz alguns anos que ele confia em minhas habilidades e divide seus casos comigo. Principalmente, quando envolve algum trauma após algum delito. Segundo ele, por eu entender tão bem as mentes criminosas, sou a mais indicada para cuidar também das vítimas.
(Cleo) - E o Jake?
Adie se intrigou.
(Adie) - O que tem ele?
(Cleo) - Adie, você prestava serviços ao FBI!
(Adie) - Sim... – Ela desviou o olhar. - Prestava...
Cleo ficou surpresa novamente.
(Cleo) - Está dizendo que deixou tudo por ele?
Adie sorriu sutilmente, balançando a cabeça em negação e ficou cabisbaixa.
(Adie) - Você não faz ideia do que ele significa para mim, Cleo... – Ela suspirou. - Eu não consigo explicar. – Ela voltou a olhá-la e seus olhos marejaram.
(Cleo) - Acho que... acabo de compreender. – Ela desviou o olhar.
(Adie) - Bem, se você já não quiser mais minha amizade, eu vou entender. Eu tive meus medos e… bom, não posso mudar isso.
Cleo continuou pensativa por alguns segundos.
(Cleo) - Hum… Agora eu entendo como você conseguiu se manter objetiva durante toda a investigação do desaparecimento da Hannah. – Ela a olhou. - Você controlava muito bem suas emoções e transmitia segurança para todos, mesmo estando sob ameaças.
Adie desviou o olhar, como se viajasse para aquele período e revivesse aquelas emoções.
(Adie) - Como eu disse, a confiança das pessoas me motiva a fazer sempre o melhor por elas.
(Cleo) - Foi por isso que você conseguiu perdoar o Richy, não é?
Adie voltou a olhá-la.
(Adie) - Sim. Eu adorava a amizade dele e quando ele confessou o que fez, eu pude compreender que a causa de tudo, foi desespero. Mas eu ainda me culpo por não ter conseguido convencê-lo a reconhecer suas culpas, assim como fiz com outros criminosos ao longo de minha carreira profissional. – Ela suspirou com pesar.
(Cleo) - Mas você fez muito por todos nós... E ainda faz. – Ela sorriu sutilmente. - Agora está tudo muito claro, Adie. Depois do resgate da Hannah você poderia simplesmente ter seguido sua vida com o Jake, mas, novamente, você nos escolheu. Você veio para Duskwood. E não só isso, você nos propôs uma mudança, se dispondo a vir com a gente, e tudo isso tem um propósito: Estar com todos nós ao mesmo tempo e nos ajudar a superar tudo.
Adie ficou cabisbaixa.
(Cleo) - A Hannah me contou que já não depende mais dos remédios e isso aconteceu depois de ela ter tido uma conversa com você. O Dan está numa cadeira de rodas, mas, mesmo assim, ele sorri. Conhecendo ele, sei que isso o teria devastado muito mais. E os demais, incluindo eu... estão sorrindo e nem sequer lembram com frequência de tudo o que aconteceu. E veja só, estamos prestes a fazer uma festa!
Adie continuou cabisbaixa e Cleo segurou a mão dela com carinho.
(Cleo) - Obrigada por tudo.
Adie a olhou, levemente surpresa.
(Adie) - Então, você me perdoa por não ter dito nada antes?
Cleo sorriu sutilmente.
(Cleo) - Eu perdoo sim, mas... porque ainda não contou a ninguém? Mesmo depois de tudo.
(Adie) - Bem, cada um de vocês tem uma personalidade diferente e, consequentemente, modos diferentes de encarar as coisas. Você foi capaz de sentar aqui, me ouvir e me entender, mas... e os outros? – Ela desviou o olhar, se lembrando de cada um. - Acredito que a Hannah duvidaria de tudo que fiz por ela e, talvez, voltaria à estaca 0. O Thomas, me odiaria por isso. A Jessy, talvez, iria se afastar de mim o mais rápido possível. Já a Lilly, se arrependeria de não ter continuado com as ideias que teve sobre mim no início. E o Dan... ele provavelmente me mandaria para a puta que pariu. – Ela deu uma leve risada. - Isso seria trágico demais para mim, mas eu não poderia tirar a razão deles.
(Cleo) - E eu? O que eu faria?
Ela a olhou.
(Adie) - Hum... Tentaria invadir minha casa? Bem, isso se não estivéssemos morando na mesma.
As duas riram.
(Adie) - É brincadeira. Eu imaginei que o máximo que você faria, seria nunca mais falar comigo, como antes, e talvez nunca me perdoar. Sinceramente, eu acho bom que tenha sido você a descobrir tudo isso, antes dos outros. Mesmo depois de algumas atitudes mal pensadas durante as investigações, eu percebi que você consegue ser bastante racional, quando necessário.
Cleo esboçou um sutil sorriso novamente.
(Cleo) - Obrigada pela confiança, Adie, de verdade.
(Adie) - Mas preciso te pedir uma coisa.
(Cleo) - Claro.
(Adie) - Não conte isso a ninguém. Por conta das possíveis reações de cada um, preciso criar um momento propício para contá-los, cada um separadamente. Posso contar com sua discrição?
(Cleo) - Claro que sim.
Adie sorriu e a abraçou, lhe dando um beijo carinhoso no rosto.
(Adie) - Obrigada, Cleozinha!
Cleo sorriu e correspondeu ao abraço dela. Após se soltarem do abraço, elas sorriam lindamente, uma para outra.
(Jessy) - Ei, vocês não vão descer? – Ela surgiu de repente na porta do quarto.
(Cleo) - Agora mesmo! – Ela se levantou animada.
Uma música começou a tocar bem alto do lado de fora e as três logo se animaram.
(Jessy) - Ai, eu amo essa música!
(Adie) - Então, vamos descer, porque hoje eu quero dançar!
(Jessy) - E eu também!
As três saíram do quarto super animadas e ao chegarem do lado de fora da casa, avistaram as luzes da pista de dança acesas e a máquina de fumaça funcionando. Phil recriou parte do cenário do bar Aurora. Próximo a pista de dança, havia um balcão para o Barman, com alguns banquinhos e, um pouco mais para o lado, havia uma mesa cheia de aperitivos e algumas cadeiras para aqueles que quisessem se sentar. Ao observar os detalhes, Adie ficou maravilhada e se distraiu ao ponto de não notar que Cleo e Jessy já estavam na pista de dança.
(Hannah) - Adie! – Ela também estava na pista de dança e esboçava um lindo sorriso entusiasmado.
Adie logo a olhou.
(Hannah) - Vem dançar! – Ela acenou, chamando-a.
Adie sorriu e saiu apressada, se aproximando das amigas na pista de dança.
Delegacia de Duskwood
Enquanto isso, era o fim de um dia de trabalho exaustivo para o Delegado Alan e ele estava fechando sua sala para ir embora. Depois de trancar a porta, ele caminhou pelo corredor e se virou em direção a saída, mas ouviu alguém se aproximando por trás, com passos apressados.
(Brandon) - Senhor Bloomgate.
Ele se virou para olhá-lo.
(Alan) - Sim?
(Brandon) - Acabei de receber uma informação nada boa.
(Alan) - Ah, mais problemas! – Ele revirou os olhos. - O que é dessa vez?
(Brandon) - Um dos detentos da Maydol fugiu agora a pouco.
Alan se assustou.
(Alan) - O quê?! Mas o que aqueles imbecis da vigília estão fazendo?!
(Brandon) - Eu não sei. Mas é bem provável que um deles tenha colaborado para isso.
Alan ficou furioso e passou a mão direita no rosto, tentando controlar sua raiva.
(Alan) - E de qual detento se trata? Você sabe o nome?
(Brandon) - Sim. Ele se chama Ted Madruga.
Alan ficou surpreso.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Ari
maiiisssss pfvrrrrrr
2023-04-12
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