A Segunda Chance

Tempos atrás...

Em uma biblioteca não muito grande e com uma decoração clássica, Adie estava sentada em uma poltrona, com seu notebook prata no colo. Alguns segundos depois, a porta foi aberta e um homem de cabelos castanhos e corpo másculo, se aproximou dela. Ela estava distraída, olhando fixamente para a tela de seu notebook e demorou alguns segundos para notá-lo. O homem a observava em silêncio, até que ela finalmente o olhou e ele esboçou um doce sorriso. Em seguida, ele tirou seu celular do bolso de sua calça e mexeu nele por alguns instantes, até que começou a tocar no mesmo uma música que ele e Adie amavam, My Way - Frank Sinatra. Ele logo deixou o celular sobre uma mesa ao lado e estendeu a mão para Adie, convidando-a a dançar. Ela ficou levemente surpresa e resistiu por alguns segundos, até que deixou o notebook sobre a mesa ao seu lado, lhe deu a mão e se levantou. Eles começaram a dançar juntos, trocando olhares apaixonados e esboçando sutis sorrisos. Depois de alguns segundos, o belo homem se aproximou um pouco mais do ouvido dela e sussurrou uma frase que ela jamais pôde esquecer.

- Querida\, me desculpe por fazer do meu jeito. (Dear\, I'm sorry for doing it my way).

Ela sorriu sutilmente e o abraçou, aceitando, aquilo que ela acreditava ser, um pedido de desculpas pela última discussão que tiveram.

Dias depois...

Ela estava dentro de um carro e o som da mesma música que eles dançaram naquela noite, ecoava em sua mente. Porém, diferente daquela noite, a música parecia estar com a velocidade diminuída, como se fosse a trilha sonora de uma cena de terror. Cada palavra cantada, fazia total sentido agora e, aquela lembrança, perturbava Adie, que estava abatida e com o olhar distante. 

(Adie) - A-Agora eu entendo. – Ela disse com a voz trêmula e lágrimas desceram de seus olhos.

Agora...

Após se virar e bater de frente com aquela pessoa que a observava, Adie se afastou rapidamente, assustada.

(Adie) - Phil?!

(Phil) - Me desculpe, Adie! Não foi minha intenção te assustar. Eu saí para fumar um cigarro e notei alguém andando por aqui e decidi vir verificar.

Ela respirou fundo, se recuperando do susto e ajeitou sua jaqueta.

(Adie) - Tudo bem, não se preocupe.

Phil a observou por alguns segundos.

(Phil) - Bom... aproveitando que estamos aqui, eu gostaria de lhe agradecer por ter me ajudado a sair da prisão. Se não fosse por sua ajuda, talvez eu ficasse meses ou, até anos, naquele lugar.

(Adie) - Mesmo sem provas?

(Phil) - Bom, parece que a acusação que um de seus amigos fez contra mim foi bastante convincente e, em certo momento, notei que o tal delegado perdeu totalmente o foco.

Ela se intrigou.

(Adie) - Como assim?

Phil colocou seu cigarro na boca e o acendeu. Após tragar, ele o tirou da boca e soprou a fumaça.

(Phil) - Acontece que, ao invés de se atentar ao meu caso, ele parecia mais interessado em saber o quanto eu conhecia você.

Ela arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Adie) - E o que ele disse sobre mim?

(Phil) - Bem, segundo ele, havia um criminoso procurado pelo governo, entre vocês, e ele suspeitava que você estivesse acobertando-o .

Ela bufou e desviou o olhar por um breve momento.

(Phil) - Isso é verdade? 

(Adie) - No que você acredita?

Phil a encarou fixamente por alguns segundos, até que tirou seu cigarro da boca e soprou a fumaça.

(Phil) - Mesmo sem conhecê-la tão bem, eu acredito que, além de ser muito fofa, você seria incapaz de algo assim. – Ele esboçou um sutil sorriso galanteador.

(Adie) - Hum… – Ela esboçou um sutil sorriso ladino. - Obrigada pela confiança.

(Phil) - Você não tem que me agradecer. 

Ele manteve seu sorriso galanteador e continuou olhando-a fixamente, o que a fez desviar o olhar por um breve momento, envergonhada.

(Adie) - Bom, eu vou entrar. Com licença.

Ela deu alguns passos em direção oposta à de Phil, mas, ao passar ao lado dele, ele a segurou delicadamente pelo braço.

(Phil) - Ei... – Ele virou o rosto para falar mais próximo ao ouvido dela. - Espero ter a honra de te conhecer melhor durante esse tempo que ficarei aqui.

Ela o olhou de canto e, sem dizer nada, saiu andando, seguindo o caminho para a casa. Phil se virou para olhá-la e sorriu como um galanteador, enquanto fumava seu cigarro.

Ao entrar na casa, Adie viu Dan e Thomas na sala, distraídos com o PS5 a ponto de sequer a notarem. Ao andar mais para frente, ela ouviu as vozes das irmãs Donfort, juntamente com Cleo e Jessy, que estavam na sala de estar, conversando e tomando um suco de laranja. Por estarem todos distraídos, Adie passou despercebida e subiu as escadas para ir para o quarto. Porém, ao passar em frente ao quarto de Jake, ela parou e encarou a porta por alguns segundos, pensativa. A distração de todos era uma ótima oportunidade para passar um tempo com Jake e, pensando nisso, ela olhou em direção a escada, se certificando de que ninguém estava a caminho e deu alguns passos em direção a porta do quarto dele. Ao se aproximar da porta e estando um pouco acanhada, ela bateu 4 vezes e esperou que Jake abrisse. Porém, alguns instantes se passaram e não houve resposta, mas ela bateu novamente, duas vezes.  

(Adie) - Jake, sou eu. – Ela disse em tom baixo, enquanto olhava em direção às escadas novamente, se certificando de que ninguém estava subindo.

Jake, porém, não abriu a porta, o que a intrigou. Estando preocupada, ela torceu a maçaneta e se intrigou ainda mais por estar destrancada. Em seguida, ela abriu a porta devagar e observou o quarto, olhando para cada canto.

(Adie) - Jake?

Estranhando a ausência de Jake, ela entrou e fechou a porta cuidadosamente.

De todos os quartos, apenas os de casais possuíam uma mesa para leitura, e o computador de Jake foi montado sobre aquela mesa, junto com o notebook. Ao olhar para a mesa, Adie avistou o celular dele, que estava ao lado do notebook. Ela foi em direção ao celular para pegá-lo, mas ouviu a porta do banheiro ser aberta e logo olhou para trás. A visão que ela teve naquele momento a fez arregalar os olhos e ficar paralisada por alguns segundos. Jake havia saído do banho e estava apenas com uma toalha enrolada na cintura. Seu peito estava molhado e seus cabelos caídos sobre a testa, também molhados. Adie o olhou de cima a baixo, boquiaberta. Ela jamais poderia imaginar que, debaixo do moletom preto, houvesse um corpo tão bonito. Jake enxugou os cabelos com uma segunda toalha, tirando-os da testa e, ao notar Adie no quarto, se assustou.

(Jake) - Adie?!

Ela, que já estava surpresa o bastante, também se assustou.

(Adie) - Ah... É... D-Desculpe, Jake! E-Eu... – Ela andou até a porta, sem tirar os olhos dele e, ao se aproximar, começou a procurar a maçaneta com uma das mãos. - Eu… Eu volto depois. – Ela achou a maçaneta e saiu do quarto rapidamente, fechando a porta atrás de si.

Jake ficou constrangido, surpreso e sem reação por alguns instantes.

Estando do lado de fora, Adie se recostou na porta, também estando surpresa e constrangida.

(Adie) - Uau! – Ela sussurrou e respirou fundo.

Mais tarde, Cleo e Lilly preparavam o jantar, e Adie entrou na cozinha.

(Adie) - E aí, já podemos colocar a mesa? – Ela foi até a geladeira, abriu e pegou uma garrafa de água mineral.

(Lilly) - Está quase pronto. – Ela limpou as mãos em um pano, após terminar de cortar alguns legumes.

(Adie) - Hum, que bom. – Ela se recostou no balcão, enquanto abria a garrafa de água. - Pensei que a partir de hoje, mais precisamente, a partir do horário da manhã, você não fosse mais cozinhar para ninguém daqui, Cleo.

Cleo a olhou intrigada.

(Cleo) - Porque?

Lilly logo compreendeu do que Adie estava falando e deu uma leve risada. 

(Adie) - Diz pra ela, Lilly. – Ela bebeu um gole de água.

Cleo olhou para Lilly, que a olhou de volta.

(Lilly) - Phil.

(Cleo) - Urgh! – Ela revirou os olhos e voltou sua atenção para as panelas. - Por um momento eu esqueci que ele estava aqui.

(Adie) - Bem, agora que te lembramos, vê se não exagera na pimenta, viu? – Ela debochou.

Cleo deu uma leve risada.

(Cleo) - Não me dê ideias, Adie… Não me dê ideias.

Adie riu.

(Lilly) - E você, já o viu? – Ela perguntou para Adie.

(Adie) - Sim.

(Lilly) - E como foi?

(Adie) - Hum, como eu já esperava.

(Cleo) - Não me diga que ele já deu em cima de você logo no primeiro dia?

(Adie) - Porque a surpresa? Ele tentou flertar comigo por mensagens, sem sequer ter visto uma foto minha.

(Cleo) - Pois bem, agora que você já viu como ele é, aceite meu conselho: não confie nele e se mantenha distante.

(Lilly) - Ainda assim, acredite, mesmo você se mantendo distante, vai ser um grande desafio, tanto para você, quanto para o Jake.

(Adie) - Fiquem tranquilas, além de não ter interesse algum em me aproximar dele, farei todo o possível para tornar as coisas mais fáceis para o Jake.

(Lilly) - Sabemos, mas, ele não é do tipo que desiste fácil.

Adie ficou pensativa e bebeu um pouco mais de água. Alguns segundos depois, Dan entrou na cozinha.

(Dan) - E aí, Cleozinha! O jantar já está pronto?

Adie logo o olhou e revirou os olhos.

(Adie) - Vou nessa. – Ela deixou a garrafa de água sobre o balcão e saiu da cozinha, o que intrigou Lilly e Cleo.

(Cleo) - Porque ela saiu desse jeito? Aconteceu alguma coisa entre vocês?

(Dan) - Ah, ela só é dramática demais.

Cleo arqueou uma de suas sobrancelhas e cruzou os braços.

(Cleo) - Ela não parece ser do tipo dramática, então, fala logo o que você fez.

(Dan) - Eu?! Ah, que bela amiga você, hein! Eu vou sair daqui. – Ele se virou com a cadeira de rodas e saiu.

Cleo e Lilly se olharam, confusas.

(Lilly) - Quem é o dramático aqui?

As duas riram e voltaram a atenção para os afazeres.

Ao passar pela sala de estar, Adie viu Phil sentado à mesa, juntamente com Jessy. Os dois estavam distraídos, mexendo em seus celulares e ela pensou estar passando despercebida, mas Jessy a notou.

(Jessy) - Adie! Não vai jantar com a gente?

Phil logo a olhou.

(Adie) - Vou sim, Jessy. Só estou indo até o quarto buscar meu celular. - Com licença. – Ela sorriu e seguiu o caminho até as escadas. 

Phil a acompanhou com os olhos, a ponto de virar o pescoço para olhá-la, enquanto Jessy o observava.

(Jessy) - Gostou mesmo dela, não é?

(Phil) - O que? – Ele a olhou. - Ah, bom... Ela é uma gata.

(Jessy) - Hum, se eu fosse você não se animava tanto.

(Phil) - Porque?

(Jessy) - Digamos que Adie é diferente.

(Phil) - Hum, isso eu já percebi e é por isso que ela é tão interessante. – Ele sorriu com malícia.

(Jessy) - Mas não tente conquistá-la com joguinhos baratos de sedução, não vai funcionar.

Ele a olhou com cenho franzido.

(Phil) - Eu não pedi seus conselhos, então, fique na sua e não venha querer me ensinar a conquistar alguém. – Ele pegou seu celular, que estava sobre a mesa, e voltou a mexer.

Jessy se chateou e o olhou por alguns segundos, até que se levantou e foi até a cozinha.  

Após subir as escadas, Adie andava lentamente, distraída enquanto olhava suas unhas das mãos e, ao passar em frente ao quarto de Jake, quase bateu de frente com ele, que estava saindo. 

(Adie) - Ah… – Ela se assustou. - Jake! Me desculpe, eu quase… 

(Jake) - Não se preocupe, não foi nada. – Ele fechou a porta atrás de si.

Eles se olharam por alguns segundos, ainda constrangidos pelo o ocorrido de mais cedo.

(Adie) - E-Eu pensei que… que você não fosse descer para jantar. 

(Jake) - Achou mesmo que eu deixaria de jantar com você, sabendo que aquele cara desagradável está aqui?

Ela sorriu sutilmente e desviou o olhar por um breve momento, colocando o cabelo atrás da orelha.

(Jake) - Eu... Eu estou um pouco curioso.

(Adie) - Sobre o que?

(Jake) - Bom… – Ele olhou para baixo por um breve momento. - Sua visita mais cedo.

Ela tomou um leve susto e desviou o olhar, constrangida.

(Adie) - Bom... E-Eu... Eu só queria te ver. – Ela o olhou, ainda constrangida. - Desculpe.

Ele sorriu sutilmente.

(Jake) - Você não tem que se desculpar por isso.

Ela sorriu sutilmente e desviou o olhar novamente. Olhando-a com ternura, Jake se aproximou um pouco mais e ela voltou a olhá-lo. Ele tocou o rosto dela com carinho e começou a se aproximar de seus lábios devagar, mas quando estavam prestes a se beijarem, foram interrompidos 

(Thomas) - Aham… – Ele raspou a garganta.

Jake logo olhou para trás e Adie olhou por cima de seu ombro, vendo Thomas e Hannah.

(Thomas) - Desculpe interromper, mas... gostaríamos de passar. 

Adie e Jake se olharam por um breve momento, envergonhados, e abriram espaço para os dois.

(Jake) - Nos desculpem.

Thomas sorriu sutilmente.

(Thomas) - Não tem problema algum. 

Thomas tocou no ombro de Jake e ele e Hannah seguiram o caminho até as escadas.  

(Adie) - Eu acho melhor você descer antes de mim. – Ela disse para Jake.

(Jake) - Sim, mas não demora. – Ele acariciou o queixo dela, olhando-a com ternura.

Ela sorriu sutilmente e assentiu com a cabeça. Em seguida, Jake se virou e seguiu o caminho até as escadas, enquanto ela o olhava de um jeito apaixonado.

Alguns minutos mais tarde, o jantar já estava servido e todos estavam sentados à mesa. Todos jantavam em silêncio, cada um olhando apenas para o seu prato, até que Dan levantou o olhar e observou a todos.

(Dan) - Cruzes, isso aqui está com clima de velório. Nunca vi vocês tão calados.

Hannah o olhou.

(Hannah) - Olha… Nem eu.

Phil olhou para Hannah.

(Phil) - E eu acredito que seja por minha causa.

Hannah observou os demais, que continuavam indiferentes.

(Hannah) - É sério, acho que está na hora de alguém me explicar o que aconteceu entre vocês.

Todos continuaram em silêncio e ainda olhando para seus pratos, até que Cleo deixou os talheres sobre seu prato e olhou para Hannah.

(Cleo) - Bom, não tem porque continuar escondendo as coisas de você. – Ela suspirou. - Acontece que, durante as investigações do seu sequestro, eu e o Thomas tentamos invadir o porão do Aurora, por acreditarmos que o Phil havia sido o responsável pelo seu desaparecimento e a mantinha lá.

Hannah se surpreendeu.

(Hannah) - O quê?!

(Cleo) - Isso tudo aconteceu depois que uma caixa de fósforos do Aurora foi encontrada junto ao corpo na floresta, que mais tarde soubemos ser da Amy.

(Thomas) - Acontece que ele nos fez acreditar nisso. Ao ser questionado pela Cleo, ele disse coisas horríveis sobre você.

(Phil) - Espera, eu não fui apenas questionado, ela me acusou diretamente!

(Thomas) - Mas isso não era motivo para você falar todas aquelas merdas sobre a Hannah!

(Phil) - Eu simplesmente disse o que a Cleo queria ouvir!

(Cleo) - E o que você disse para a Adie? Qual sua justificativa?

(Phil) - Com ela eu fui totalmente sincero! Ao contrário de vocês, ela soube me questionar de forma pacífica.

(Hannah) - E o que exatamente você falou sobre mim, Phil?

(Phil) - Bom...

(Adie) - Acho que isso não vem ao caso. – Ela disse sem olhá-los.

(Hannah) - Mas eu preciso saber!

Adie a olhou.

(Adie) - Hannah, é constrangedor.

(Thomas) - Hannah, porque você ligou para o Phil antes de ser sequestrada?

Todos o olharam.

(Thomas) - O Phil disse para a Adie que você pediu para encontrá-lo no apartamento dele e, por isso, ele acreditou que você queria algo a mais, se é que me entende.

Hannah se assustou.

(Hannah) - O quê?! Não! – Ela olhou para Phil. - Como pôde pensar isso de mim, Phil?! Tudo que eu queria naquela noite, era conversar sobre a pulseira e sobre Michael Hanson. 

(Phil) - Ah, desde quando pensar é um crime? Eu só quis ser sincero com a Adie e é isso, não tenho mais que me justificar para vocês.

(Dan) - Já que está todo mundo lavando roupa suja aqui, eu tenho uma pergunta para você, Phil.

Phil bufou.

(Phil) - Diga.

(Dan) - Porque você foi ao hospital me procurar quando me acidentei?

Adie revirou os olhos e bufou.

(Phil) - Porque você não foi trabalhar alguns dias antes. E para não levantar suspeitas sobre mim, decidi ir visitá-lo, em missão de paz. Mas, naquele dia, ninguém quis me informar nada sobre você, pareciam estar escondendo-o de mim.

Dan deu uma leve risada.

(Dan) - Mas que bobagem, eu só… não podia receber visitas ainda.

Adie arqueou uma de suas sobrancelhas, mas logo disfarçou.

(Phil) - Pois bem, agora eu também tenho uma pergunta para vocês. Quem testemunhou contra mim e me mandou para a cadeia?

O silêncio tomou conta por alguns instantes.

(Phil) - Já que vocês gostam tanto de interrogar as pessoas, o mínimo que eu exijo neste momento é uma resposta, para que eu tenha ido parar na prisão.

(Cleo) - Bem, apesar de tudo o que aconteceu, eu jamais teria feito algo assim.

(Thomas) - Eu também não.

(Phil) - E os demais? Bom, menos a Hannah e a Adie.

(Adie) - E se tivesse sido eu?

Todos a olharam, surpresos e intrigados.

(Jessy) - O quê?!

(Phil) - Mas... Porque você faria isso?

Adie ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto todos a olhavam, até que ela deu uma leve risada.

(Adie) - Relaxem, eu não fiz isso. Só quero que vocês entendam que tudo isso já não faz mais diferença. Acho uma grande idiotice vocês ficarem procurando culpados agora. Você já está livre, Phil, e a Hannah já está conosco, é isso que importa.

(Phil) - É… Você tem razão.

(Jessy) - Bom, podemos deixar tudo isso para trás agora? Na reabertura do Aurora, podemos ir até lá, em forma de reconciliação. O que acham?

(Cleo) - Isso não vai ser possível. Depois da invasão ao porão do Aurora, Phil proibiu a mim e ao Thomas de voltarmos lá.

(Phil) - O que vocês não sabem é que eu mudei isso, pouco tempo depois.

(Thomas) - O que?!

(Phil) - Eu convidei a Adie para ir ao Aurora, quando estivesse em Duskwood, e a condição que ela impôs foi que pudesse levar os amigos junto, e eu aceitei.

(Cleo) - Claro, muito conveniente para você.

Phil arqueou uma de suas sobrancelhas.

(Adie) - Olha só, essa conversa não vai chegar a lugar nenhum se vocês não pararem de se atacarem como crianças rancorosas.

(Dan) - Acho que o ponto aqui é se o Phil realmente se arrependeu de alguma coisa.

(Phil) - E do que eu deveria me arrepender? De ser sincero?

(Adie) - Talvez pelas colocações infelizes sobre a Hannah no seu momento de raiva e por pensar mal dela, Phil.

Phil suspirou e pensou por alguns segundos.

(Phil) - Tudo bem, dessa parte eu realmente me arrependo e sinto muito. Mas acho que não sou o único que tem do que se arrepender aqui. – Ele olhou para Cleo e Thomas.

Cleo o olhou com raiva e bufou.

(Adie) - E então, Cleo e Thomas?

Cleo direcionou seu olhar para Adie, ainda irritada, até que suspirou e voltou seu olhar para Phil.

(Cleo) - Certo. Eu lamento por ter acusado você sem provas. Eu só estava desesperada querendo encontrar minha amiga e sinto muito.

Thomas ficou em silêncio e olhava para baixo, enquanto Adie o encarava, até que ele a olhou e ela arqueou as sobrancelhas, indicando esperar por algo.

(Thomas) - Tá… – Ele suspirou. - Eu também me arrependo por tudo e sinto muito.

(Adie) - Ótimo. Agora, se vocês querem deixar tudo para trás e recomeçar, isso também está incluído.

(Thomas) - Só precisamos saber de mais uma coisa, Phil.

(Adie) - Ai, Jesus… – Ela revirou os olhos e passou as mãos no rosto.

(Thomas) - Calma.

(Phil) - O que é?

(Thomas) - Bem… Qual a verdadeira razão que o fez vir até aqui? Esfriar a cabeça dos problemas e consertar as coisas com a gente ou só conhecer a Adie?

(Phil) - Bom, não vou mentir, o que mais me motivou foi poder conhecê-la, Adie. – Ele olhou para ela.

Jake arqueou uma de suas sobrancelhas e o olhou de canto.

(Phil) - Mas, sinceramente, eu não estaria disposto a aguentar vocês por dias, só para ficar perto dela. Eu poderia simplesmente marcar de encontrá-la em qualquer outro lugar, se não houvesse a intenção de também melhorar as coisas com vocês.

(Adie) - Tudo bem, então... Será que podemos recomeçar a partir de agora? Todos estão dispostos a esquecer tudo o que aconteceu?

Todos pensaram por alguns segundos.

(Hannah) - Eu estou disposta.

(Lilly) - Eu também.

(Thomas) - Tudo bem.

(Jessy) - Eu também estou disposta.

(Dan) - Sim.

(Phil) - Sim, estou disposto.

(Cleo) - Eu também estou.

(Adie) - Certo, recomeçamos a partir daqui.

(Jessy) - Tive uma ideia. Que tal se fizéssemos uma festa que representasse esse nosso recomeço? Podemos colocar músicas para dançar, fazer alguns aperitivos e talvez o Phil possa fazer alguns drinks para nós. O que acham?

(Phil) - Olha… Eu gostei da ideia. 

(Dan) - Contanto que ninguém vá dirigir depois. – Ele olhou para Adie e sorriu com deboche, mas ela o olhou séria e depois revirou os olhos, desviando o olhar em seguida, o que fez o sorriso dele se apagar.

(Hannah) - Adorei a ideia!

(Lilly) - Eu também!

(Cleo) - Também gostei da ideia.

(Thomas) - Por mim está ótimo.

(Adie) - Excelente ideia, Jessy!

Jake continuou em silêncio.

(Jessy) - Certo. Que tal no sábado? Assim teremos tempo de preparar tudo.

(Cleo) - Ótimo. Vamos ter que ir até o mercado para comprar algumas coisas.

Todos se envolveram no planejamento da festa e assim seguiram por bastante tempo.

Mais tarde, quando a maioria já estava dormindo, Adie estava na varanda, sentada à mesa e bebia um pouco de whisky, enquanto pensava sobre algumas coisas. Seus pensamentos foram interrompidos ao ouvir a porta da casa sendo aberta e ela olhou em direção, mas ao notar que era Dan, ela logo desviou o olhar, fingindo não notá-lo. 

(Dan) - Pensei que não fosse beber hoje. – Ele se aproximou e ficou ao lado dela.

Ela continuou indiferente a ele e bebeu um gole de whisky.

(Dan) - Não pensei que você fosse tão orgulhosa assim. Beber essa porcaria ao invés de Jack Daniels, só porque fui eu quem o trouxe. 

(Adie) - Diz logo o que você quer e me deixa em paz.

(Dan) - Nossa, ela voltou a falar, é um milagre! – Ele debochou.

Ela o olhou com raiva.

(Dan) - Tudo bem, tudo bem. – Ele suspirou. - Eu vim em missão de paz. Reconheço que falei merda mais cedo e estou aqui para te pedir desculpas.

(Adie) - Não. Tudo o que você disse, até faz sentido… – Ela suspirou, estando com o olhar distante. - Mas eu gostaria que você tivesse me dito aquelas palavras em uma outra época. Hoje eu sei manter minhas emoções no lugar certo, porque aprendi da pior maneira. Mesmo assim, agradeço sua preocupação e seus conselhos.

(Dan) - Ainda assim, eu reconheço que fui rude. Pode não parecer, mas não sou do tipo que grita com uma dama.

(Adie) - É, eu também não. – Ela o olhou, esboçando um sutil sorriso debochado.

Dan arqueou uma de suas sobrancelhas e a olhou por um breve momento, até que deu uma leve risada.

(Dan) - Isso quer dizer que estamos numa boa de novo? – Ele voltou a olhá-la e estendeu o punho fechado. - Amigos?

Ela o olhou.

(Dan) - Acredite, eu já estava sentindo falta dessas suas piadas idiotas.

Ela intercalou seu olhar entre ele e seu punho por alguns segundos, até que sorriu e encostou seu punho fechado no dele.

(Adie) - Amigos.

Dan sorriu sutilmente e ela bebeu mais um gole de whisky.

(Adie) - Hum… Posso pedir uma coisa?

(Dan) - Claro.

(Adie) - Podemos pegar o Jack Daniels? Porque esse aqui é horrível.

Dan riu.

(Dan) - Eu sabia!

(Adie) - É sério, quem comprou isso aqui? 

(Dan) - Thomas. Apenas ele gosta dessa porcaria.

(Adie) - Cruzes.

(Dan) - Vamos lá, você merece algo melhor.

Adie se levantou e os dois seguiram para dentro da casa.

Enquanto tudo se ajeitava entre os amigos na casa longe do caos, na delegacia de Duskwood, Adie continuava sendo um dos principais focos.

(Brandon) - Pensei que tivesse mudado de ideia sobre interrogar todos do grupo de amigos, senhor Bloomgate. – Ele estava sentado de frente para Alan e ambos tomavam café.

(Alan) - Não, eu não mudei de ideia. Apenas decidi dar um tempo. Eu subestimei a senhorita Folsham e sinto que todas as vezes que conversamos, ela acaba tomando todo o controle da situação, mesmo que eu não me deixe levar.

(Brandon) - O senhor acha que ela está manipulando-o?

(Alan) - Sim, mas não é uma manipulação qualquer… Tem algo a mais. Por isso preciso interrogar os outros. Talvez, com eles será mais fácil conseguir alguma informação sobre o tal hacker.

(Brandon) - E quem será o próximo a ser interrogado?

Alan pensou por alguns segundos e tomou um gole de café.

(Alan) - Acho que é conveniente que seja a que está com as emoções mais fragilizadas, dentre todos no grupo... – Ele colocou a xícara sobre o pires, em cima da mesa. - Hannah Donfort.

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