03

Encostada na sacada, fumo meu cigarro tranquilamente enquanto sinto o vento acariciar meu rosto. Eu não sei lidar com esses problemas sentimentais, pior, não sei lidar com traições, até porque, Léo foi o meu primeiro "namorado". Talvez eu não tivesse tanta certeza dos meus sentimentos por ele e quem sabe por este motivo, não conseguia chorar ou me desesperar, só o meu peito que doía, doía muito.

Eu gosto dele, não ao ponto de amar ou estar apaixonada. Mas a companhia dele me fazia bem na maioria das vezes e querendo ou não, fomos amigos antes de tudo começar a acontecer. Léo é importante para mim, tanto como amigo quanto como namorado. Mas eu penso que as vezes deveríamos ter ficado somente na amizade, se eu não tivesse sido não boba de nutrir um interesse quase que obsessivo por ele, nada disso estaria acontecendo.

— Uma ótima ideia você fumar aí fora. — Diana entra no meu quarto mexendo no celular. — Ei, tu não sente nada ao saber que a sua dor de cabeça era chifre, não? — Pergunta depois de um tempinho. — Vocês conversaram?

— Não. — solto a fumaça, pensativa. — Sabe, eu não ligo de gastar palavras discutindo qualquer problema com alguém que eu esteja me relacionando, desde que esses problemas possam ser resolvidos. Mas traição não é algo que possa ser resolvido com uma conversa, sinto como se tivesse perdido o meu tempo, e eu odeio gastar tempo a toa. — dou de ombros.

— Você tem algo a perder? — se põe ao meu lado. — se terminar isso que vocês tem, que não é um namoro normal, tenho que lhe dizer...

— Tenho nada. — Sorrio de lado. — logo começo uma faculdade e minha vida finalmente poderá entrar nos trilhos e poderei fazer o que eu quero. Assim posso encontrar um emprego bom, embora tenha onde morar, preciso de um emprego para manter.

— Você traiu ele também? — a encaro estranhando a pergunta — Tem alguém?

— Tenho não. — acendo outro cigarro. — Quem me dera.

— Ei! Era para fumar só um.

— Só hoje. — ergo os ombros. — Preciso relaxar.

— Isso faz mal, caramba. Eu já te aviso tanto.. — Ela toma o meu maço de cigarro. — Atrás da embalagem avisa que...

— É, eu sei. — Pego a caixa de volta. — Cadê Gael? Vai encher o saco dele, vai. — Ela estende o dedo e sai do quarto rindo.

Continuo sentindo a brisa gostosa enquanto penso na minha vida. Em certo momento, uma onda de náusea me atinge como um trem e me inclino sobre o vaso sanitário para esvaziar a alma. Um gosto estranho, metálico ou ácido permanece em minha boca, é difícil de descrever, mas é forte e complicado de se livrar dele, por mais que eu escove os dentes mil vezes.

Estou deitada na cama quando ouço Diana discutir com alguém na sala e seus gritos ecoam por toda a casa. Ao fundo, a voz de Léo mal se sobressai, mas ele diz que está decepcionado comigo e eu não entendo o motivo. Ainda assim, sei que em algum momento terei que enfrentar os medos e assumir as consequências da minha própria aventura. Se houver mesmo um filho de Leo dentro de mim, terei que contar.

Eu preciso conversar com Diana sobre isso. Ela sempre foi muito cuidadosa comigo e me dava inúmeros conselhos — até o de não confiar totalmente em Léo — tudo porque ele mudou comigo desde o dia em que me entreguei a ele. Minha amiga quis colocar na minha cabeça que o jogador só queria aquilo de mim e quando conseguiu, toda a sua obsessão em me levar para cama, acabou. Tivemos a nossa primeira briga por conta dele e nunca havíamos brigado por nada antes, nada.

Nádia entra no meu quarto e se deita ao meu lado, me abraçando.

— A briga foi feia! — Comenta. — A sorte dele é que Gael — o meu cunhado policial — não estava aqui. — Fico em silêncio.— Pode contar comigo. — Ela diz. — Estamos aqui por você, tá? O que está acontecendo?

— Eu... eu... ah, não consigo.

— Reage, Monalisa. Diana daqui a pouco aparece e vai querer saber o que está acontecendo, você sabe como ela é.

— Eu acho que estou grávida. — respondo esperando que ela me desejasse parabéns, mas não foi exatamente o que fez.

— Tá de sacanagem com a minha cara? — Ela ri alto. — Tá brincando, né? — fica séria ao notar que não desminto.

— Não. Por quê?

— Oh Lisa, você dá esse vacilo de engravidar de um babaca como o meu primo, só pode ser piada de mal gosto.

— Desculpa. — balbucio envergonhada — Eu não deveria ter dito sem ter certeza.

— Fica de boa, onde come três, come quatro. — ela sorri.

— Eu nem sei como agradecer. — Minha voz ecoa embargada, estou ficando emotiva demais. — Obrigada amiga, obrigada mesmo!

— Não precisa agradecer, somos uma família!

Família.

Essa palavra a muito tempo não era utilizada em minha vida. A minha família, era a minha avó, sempre foi só eu e ela. Eu tento não demonstrar que sinto nada, mas em um momento, desabo e choro igual uma desgraçada, mesmo dizendo anteriormente que não sentia tanto. Eu sentia pra caramba.

— Monalisa. — Diana entra no meu quarto gritando. — me diz que não é verdade.. — Ela me encara seria e eu dou de ombros. — Não é verdade, né?

— Eu não sei..— digo. — Só me senti mal e pensei que..

— Vai lá fazer o teste. — Me estende três testes — eu espero aqui. — assinto e me levanto indo em direção ao banheiro.

Sinto meu coração bater nas costas e o ar faltar, eu estou extremamente nervosa.

— Sabe fazer né? — Ela grita — xixi no copinho e..

— Eu sei, Diana! — dou risada. — E se der positivo, o que vai ser de mim? — Pergunto colocando a cabeça para fora do banheiro. — Como vou cuidar de uma criança? Eu não cuido nem de mim, Diana!

— Olha, eu só quero que você faça mais rápido para terminar logo com isso, estou agoniada.

— Tá bom, apressada. — Ela deu risada. — Então, vou ver se tem alguma coisa aqui. — passo a mão no meu ventre e faço uma careta.

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