Capítulo 13

...Lucas Castell:...

Quando completei 42 anos, subi ao trono como rei. Sofri muito, pois a herdeira ao trono era minha irmã, não eu. Um líder ascende aos 55 anos, mas eu tinha apenas 42 e meus pais o fizeram porque estavam descontentes. Coube a mim abrir meu próprio caminho para conquistar a confiança que se esperava de um grande rei. Todo o mundo estava na expectativa, mas com passo firme, trilhei meu caminho para me tornar um grande líder.

Desde que nasci, uma lei me foi incutida, uma lei que se enraíza em seus ossos como se estivesse ancorada neles.

A partir do século XIX, tivemos que mudar, tivemos que aprender a coexistir com humanos e outras espécies. A Deusa nos deu a oportunidade de ter um povo livre de maldição e de fazer acordos com Lúcifer.

Da mesma forma, fomos presenteados com nossos destinos, mas isso é algo que até os demônios têm permissão para ter.

No entanto, algo que nossos ancestrais queriam controlar era que nosso sangue não se misturasse com nenhum outro.

Poderíamos fazer acordos de paz, mas nunca poderíamos nos misturar com ninguém que não fosse de nossa própria raça, e quem desobedecesse às regras era banido.

Se isso era errado, então estávamos jogando as bênçãos da Deusa no lixo e fazendo as coisas erradas.

Quando completei 65 anos, sofri um acidente. O jato em que eu estava explodiu uma das turbinas e caímos em picada. Tinha certeza de que morreria, tudo foi muito rápido. Eu não conseguia fazer nenhum feitiço, não sabia o que estava acontecendo, era como se estivéssemos em um campo neutro.

Meu corpo flutuava quando colidi com algo que me fez perder a consciência. Ao acordar...

Estava em um lago lindo, e ao meu lado estava uma mulher muito bonita, de cabelo e pele brancos como a neve.

- "Você sabe que eu estava esperando por você. Estava muito entediada, queria companhia".

Lucas Castell: "Onde eu estou?"

- "Onde mais você estaria? Aqui comigo".

Lucas Castell: "Estou morto. Segundos atrás, eu estava em um jato que caía em picada".

- "Bem, sim, mas agora você está em um lugar melhor. Vou me apresentar porque, se continuarmos assim, você nunca sairá daqui. Eu sou Selene".

Naquele momento, meus olhos se arregalaram e me joguei no chão.

Lucas Castell: "Sinto muito, minha Deusa, eu não fazia ideia".

Selene: "Não importa, levante-se, não temos muito tempo. Eu o chamei aqui para que visse seu povo ser destruído".

Um arrepio percorreu minha espinha.

Lucas Castell: "O que você disse? Mas nós não fizemos nada para ofendê-la".

Selene: "Ah, não? Eu lhes dei um presente. Fiz uma companheira para cada um de meus filhos, me esforcei para que cada um de vocês tivesse sua parceira ideal. Mas o que vocês fazem? Fazem todo o possível para manter seu sangue puro e se esquecem do presente que eu lhes concedi. De agora em diante, de você depende o que acontecerá com seu mundo e com o que você conhece. Se quiser continuar sendo egoísta, fique à vontade, mas verá seu povo ser destruído e não poderá fazer nada para evitar."

Acordei dias depois no hospital. Fiquei um mês em coma, um mês que para mim foram apenas alguns minutos conversando com a Deusa.

Desde aquele dia, pude sentir a presença, as muitas vezes em que nosso mundo poderia ter sido destruído. Foi assim que, em um palpite, fui ao Brasil e encontrei minha esposa, mas tive que voltar e abrir caminho para meu filho, para que ele pudesse assumir o trono.

Quando meu sobrinho William desapareceu, eu sabia onde ele estava, inclusive fui eu quem deu a bênção para que ele pudesse derrotar Dafne. Sempre soube que as coisas acontecem por uma razão.

Mike tinha que ir ao Brasil e aprender com seus erros da maneira mais difícil.

Eu ia atrás dele, mas precisava resolver tudo antes de ir procurá-lo. Não podia simplesmente sair assim e depois minha família encontrar minha esposa e filho.

Então pude sentir a presença de Adriel. A aura que emanava daquele garoto não era normal, algo aconteceria.

Os anos se passaram, eu sabia que algo aconteceria, mas ainda não sabia o quê.

Até que um dia, eu estava dormindo e vieram à minha mente imagens de um grande massacre, e vi as adagas da vida e da morte manchadas de sangue. Eu sabia que um desses portadores seria aquele garoto que encontrei na Amazônia, aquele dia era sua ascensão como Alfa.

Eu tinha sido convidado. Não planejava ir, mas tive que ir. Entreguei a ele a adaga da vida. Mas eu não sabia qual era o estopim daquelas visões até o dia do aniversário de 17 anos do meu sobrinho Kevin. Ninguém sabe, mas naquela noite, a lua ficou vermelha por um momento, foi no momento em que Kevin se transformou. Por acaso do destino, antes de sair, peguei a adaga da morte e a levei comigo. Não sabia por quê, mas naquela noite eu entendi. Meu coração se partiu, meu sobrinho ia morrer e eu seria quem lhe daria a arma para fazer isso. Eu o havia treinado muito bem, ele era um grande orgulho para mim, e agora eu estava lhe dando uma arma para causar sua destruição.

Chorei naquela noite. Ter um dom era a pior maldição que eu poderia ter recebido. Ver minha família morrer um por um foi o pior, testemunhar suas mortes, revivê-las em minha mente o tempo todo.

Quando Kevin me pediu ajuda, pensei que talvez pudesse salvá-lo, mas só consegui fazer com que muitas crianças e jovens inocentes morressem por causa disso, então tive que colocar Adriel de volta em seu caminho. A cada segundo, meu coração morria mais. Estávamos a um passo de sua morte ou da destruição do mundo que eu conhecia. Se aquele coração caísse em suas mãos, todos nós seríamos destruídos, mas algo me escapou. Enquanto eu vivia o sofrimento de muitos, meu filho também vivia. Nos dias anteriores à guerra, meu filho Lucas começou a ter muitas mudanças. Naquela manhã, eu o encontrei morto, ele havia se suicidado. Eu sabia que não podia fazer nada para salvá-lo das garras da morte.

Ou talvez pudesse.

Abri um portal para o local da guerra. O campo de batalha era vermelho, um vermelho vivo, tingido de sangue.

É por isso que fiz o feitiço, mas para isso precisava de uma pessoa com o coração puro e que desse a vida por amor. Eu não poderia ser essa pessoa porque eu tinha que fazer o feitiço.

Adriel perguntou naquele dia se ele era egoísta apenas por fazer isso por seu próprio benefício.

Egoísta?

Todos nós somos. Pois eu estava sendo egoísta, minha família estava morta, meu filho também, eu os queria de volta e ele era quem daria sua vida para que muitos vivessem.

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