Capítulo 12

Na quarta tentativa, conseguimos, mas parecia que ia ser uma viagem muito longa, pois íamos para a Itália e não nos arriscaríamos a levar aquela coisa para a nossa matilha. A viagem dentro do jato era sufocante, os guerreiros começaram a ter problemas de raiva, tivemos que trancar alguns nos quartos que ocupávamos para descansar. A minha mãe tinha-me ensinado o feitiço que o Kevin usou para fazer a minha secretária dormir naquela vez, pois não havia forma de os acalmar.

Os pilotos não aguentavam mais de duas horas dentro da cabine, diziam que sentiam como se lhes apertassem o pescoço, mas nós sempre trazíamos substitutos, não podíamos sair assim, sempre trazíamos mais dois pilotos para o caso de acontecer alguma coisa, e desta vez precisamos deles.

Mike: O anel é maligno, temos de o destruir.

Adriel: Por que é que tu, o John e eu não estamos a ficar loucos?

Mike: Bem, tu és um híbrido, de certa forma a tua energia ajuda-te um pouco, mas como é magia negra, está a oprimir-te. Eu estou marcado por uma bruxa e isso de certa forma deve servir e o John, bem, tu já sabes quem foi a mãe dele.

Ariel: Estás a falar a sério quando dizes que ele é filho de uma fada?

Mike: Sim, ela enlouqueceu quando soube da morte do meu irmão, culpou-me, deixou a criança ao meu cuidado e desapareceu.

John: Achas que isso vai ser um problema mais tarde?

Mike: Saberemos depois, agora, meninos, precisamos de descansar um pouco.

John: Sabes que já não somos crianças, certo?

Mike: Para mim são, são os meus bebés, por isso vão dormir ou querem que vos cante uma canção de embalar?

Adriel: Não, por favor!

Digo, um pouco exaltado.

Mike: A que te referes com isso?

John: Tio, não é por mal nem nada do género, mas não sabes cantar e, quando cantas, parece que estás com dores ou algo assim.

O meu pai abre a boca e fecha-a como se fosse um peixe e faz uma cara de ofendido.

Mike: E eu não estava a tentar ofender-vos, imaginem quando o fizerem, seus pirralhos ingratos.

Adriel: Calma, pai, obrigado por te preocupares, mas já estamos quase a chegar, temos de estar alerta porque não queremos morrer enquanto dormimos.

E era verdade, não sabíamos que perigo iríamos enfrentar ainda, até agora, dos 20 guerreiros que vieram connosco, 15 estavam completamente adormecidos pelo feitiço que lancei sobre eles, os outros 5 estavam a tentar resistir, mas via-se que a qualquer momento perderiam a sanidade, graças à deusa conseguimos aterrar.

📳 Lucas Castell: O que estás a fazer em Itália?

📳 Adriel: Como soubeste?

📳 Lucas Castell: Estás no meu aeroporto, vem ao coven.

Fim da chamada.

Que maneira tão carinhosa de se despedir. Ele enviou-me a localização do coven, pois eles são manhosos, não deixam ninguém entrar no seu território, podes procurar o endereço e passar horas, dias, meses sem o encontrar até que te deem permissão, é um feitiço que os mantém discretos e que ajuda a evitar que intrusos indesejados entrem no seu mundo.

Além disso, para chegar até eles, precisas de uma autorização, a qual, se tiveres, te permitirá encontrar o caminho facilmente e, se não tiveres, acabarás em cinzas, servindo de adubo para a floresta.

Quando chegámos, já nos estavam à espera, o bruxo que estava de guarda conduziu-nos até um sítio que parecia bastante bonito.

Lucas Castell: Uau, estava quase a adormecer à espera.

Ouço a sua voz, mas até agora não o tínhamos visto, comecei a procurar por todo o lado até que consegui avistar de onde vinha a sua energia. Estava encostado a uma árvore.

Adriel: Não te escondas, velhote.

De repente, deixei de o sentir.

Ups, acho que o fiz chatear-se.

Lucas Castell: É assim que agradeces a quem tornou isto possível, seu pirralho malcriado?

Diz ele, aparecendo atrás de mim e dando-me um golpe na cabeça.

Adriel: Au, isso doeu, sabes?

Mike: Filho, a culpa foi tua, por chamares velho ao rei, não vês que ele só tem 120 anos?

O John mal conseguia conter o riso.

Lucas Castell: Sim, veja-se bem que eu só pareço ter 50 e repare que fiz com que parecesse 10 anos mais velho na hora do feitiço.

Lucas: Pai, ao que vínhamos...

Lucas Castell: É verdade, ao que vínhamos, isto fará parte do teu treino.

Mike: O próximo rei?

Lucas: É verdade, tenho 46 anos, quando fizer 50, farão uma grande festa para que muitos possam vir e trazer as suas filhas, o meu pai acha que talvez eu possa encontrar a minha companheira destinada nessa festa.

E é verdade, sou um dos poucos que sabe que a minha irmã era a sua companheira destinada, mas ela viu que ele era um verdadeiro Don Juan e rejeitou-o, pois precisamente no seu 53º aniversário, para o qual ela foi pela primeira vez, encontrou-o a ter relações sexuais com uma loba e duas bruxas, o que a magoou muito, pois ela tinha 25 anos e sempre se guardou para ele.

Adriel: Devias começar a mudar, senão quando a encontrares, ela pode não gostar do que vir.

Lucas Castell: Sabes quem era?

Adriel: Mais ou menos, e digo-te que essa rapariga sempre esperou por ti, com todos os ciúmes à mistura, desde a sua transformação até ao dia em que te conhecer numa dessas festas, mas se ela te conhecer assim, com essa reputação, talvez não causes boa impressão.

Lucas: Vou mudar, prometo, mas diz-me quem é para eu ir procurá-la.

Mike: Nem penses que vou deixar que desonres a minha menina, ela acabou de fazer 18 anos, a transformação dela foi há dois anos, ela é uma menina.

Ah, esqueci-me de que no dia em que mostrei as minhas memórias ao meu pai, foi a primeira coisa que ele questionou.

Adriel: Pai, já estragaste tudo.

Mike: Ups.

Adriel: Mas mesmo assim tens de mudar para a mereceres.

Lucas: Prometo, obrigado, cunhado e sogro.

Lucas Castell: Porque é que eu nunca soube disto?

Diz-me o rei Lucas, surpreendido.

Adriel: Porque ela nunca o aceitou, sofreu quase 2 anos com o rompimento com ele.

Lucas Castell: Uau, agora percebo porque é que, depois da tua festa de 53 anos, te trancaste e não voltaste a sair até ao dia da tua coroação.

Adriel: Disseram que, se tivéssemos sorte, mais do que um sobreviveria. A que te referias?