Capítulo: Uma Aliança Diferente
Ah, o café da manhã... aquele momento sagrado onde os cheiros se misturam, os segredos ainda bocejam, e o pai do noivo quase engasga com a xícara. Rodrigo estava ali, na varanda, com seu café preto e amargo — como a vida que levava tentando unir dois jovens teimosos sob o mesmo teto. E então, desceram eles: Sara e Vinícius, lado a lado, como se fossem capa de revista de casal perfeito. Mas nós sabemos que o negócio ali era mais contrato do que amor, né?
Rodrigo arqueou a sobrancelha, como quem cheira problema vindo lá de longe, mas manteve um sorriso político.
— Que bom! Vejo que os dois estão se dando bem.
Vinícius puxou a cadeira com aquele charme de preguiçoso profissional, já ensaiado em mil outras manhãs preguiçosas.
— Papai, tive a melhor noite da minha vida! Tenho que te agradecer por ter se esforçado tanto pra encontrar a noiva perfeita pra mim.
Pegou a mão de Sara com um exagero digno de Oscar e beijou o dorso como um príncipe fajuto. Rodrigo arregalou os olhos, tentando entender se aquilo era romance, ironia ou delírio.
— Pensam que me enganam!
Mas Sara, ah, essa menina nasceu pronta pra novela.
— Seu Rodrigo, pois saiba que eu também tive uma noite maravilhosa... Seu filho tem algo muito bom entre as pernas dele.
A piscadela dela foi tão afiada que até a xícara de Rodrigo tremeu. E Vinícius, claro, riu por dentro, com aquela expressão de "eu avisei que ela era boa de cena".
— Pai, não se preocupe, logo o senhor terá netos. Não é o que você quer?
Rodrigo inspirou como quem tenta puxar sabedoria ancestral dos pulmões.
— Sim, Vinícius, é o que eu quero... E quero também que você leve a Sara ao cassino. Ela é sua esposa. Mostre tudo pra ela.
Sara vibrou como criança indo no parque pela primeira vez.
— Nossa? Nunca fui a um cassino! Que legal, quero ir mesmo!
Rodrigo levantou, ajeitou o paletó e lançou um olhar firme.
— Lembrem-se: estou de olho em vocês. Sara, mais tarde te busco. Quero te levar na faculdade, começa mês que vem. E tem outra coisa... Façam esse casamento dar certo. Por favor.
— Sim, senhor!
E lá foi Rodrigo, com a dignidade de quem está fingindo que acredita no que viu. Mal a porta se fechou, Vinícius virou pra Sara com aquele sorriso de moleque travesso.
— Esposa, é uma ótima parceira. Vamos ao cassino? Não se preocupe com meu pai, ele quis isso. Eu não queria casar não, mas se não tem mais jeito, vamos fazer dar certo. Do nosso jeito. Você vai ser minha primeira amiga mulher!
— Calma aí, eu posso ir assim de calça jeans?
— Pode. Só vamos logo! Hoje tem festa de um amigo meu, e quero você lá.
— Eu não vou!
— Vai sim! Lembra do nosso acordo?
— Também vou querer algo de você, tá? Vou te cobrar.
— Pode cobrar. Agora entra nesse carro aqui. Aquele ali é só pras amantes... Esse é o carro da esposa!
— Você parece uma criança! Acho que seu pai queria era uma babá, não uma esposa.
— Cheia de gracinha, dona Sara Vasconcelos...
— Esqueci que agora tenho esse nome... Esse carro de esposa tem som?
— Tem sim. Liga aí. Que música você gosta?
— Gosto de músicas leves, românticas. Amo uma banda chamada Melim...
— Queria saber só a música, não a biografia da banda.
— Você é sempre assim, um chato?
— Sei ser legal também...
Ela colocou a música e começou a cantar. E cantava com vontade, viu? Vinícius tentou abaixar o volume e tomou um tapa no meio da tentativa.
— Ai, sua maluca! Você bate forte!
— Quando eu estiver ouvindo minhas músicas, não coloca a mão! Igual com comida. Nunca!
— Se você não quer me ver com raiva, também não mexe nas minhas roupas. E nem nos meus relógios!
— Fechado! Já estamos chegando?
— Quase. Mas preciso te apresentar pro Claudio, meu irmão de alma. Somos amigos desde moleques.
Sara olhou pela janela, a paisagem da cidade passando como os pensamentos dela.
— Eu também tinha um amigo. Ele morreu.
— Sinto muito... Faz muito tempo?
— Morreu ontem.
E foi aí que Vinícius pisou no freio, como se o mundo tivesse dado um tranco.
— Ontem?
— Sim. Mas ele queria me ver feliz. Então vou seguir. Vou ser chef. Nem que eu tenha que ser sua esposa.
Ele olhou pra ela, e por um momento, só um segundinho mesmo, quase acreditamos que ia sair algo sincero dali.
— Chegamos. Calma aí... preciso te falar algo.
— Pode falar.
— Eu vou ficar com outras mulheres.
Sara arregalou os olhos. O tapa não foi físico dessa vez, mas doeu mais.
E ele... saiu do carro como quem acabou de contar uma piada maravilhosa.
E ela ficou ali... no carro... entre o choque, o desgosto e a certeza profunda:
Isso vai dar ruim.
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Amanda
Ele é ridículo isso sim
2024-07-13
1
Fatima Vergueiro
Esses dois parece que vão ser engraçados
2023-11-08
1
suzy
eu tô me matando de rir aqui, ele falando: " eu fica com outras mulheres."
2023-02-09
1