capítulo 19

Pela tarde, Diogo acordou após ter tido um pesadelo, ele foi para o banheiro, lavou o rosto e foi no quarto de Isadora.

Ela estava deitada dormindo, ele deitou atrás dela e a abraçou. Eles dormiram juntos, igual faziam quando era pequenina. Isadora acordou no fim da tarde e ficou olhando ele dormir. Ela mexia na barba dele sentindo furar de leve os seus dedos, ele acordou e fingiu morder os dedos dela.

Isadora: Não, não, não kk

Diogo: Vou arrancar esses dedos.

Isadora: Você ronca, coitada da minha mãe.

Diogo: Mentira, eu nunca ouvi.

Isadora: Claro, você tá dormindo.

Diogo: Descansou?

Isadora: Sim, estou com fome agora.

Diogo: Pensou em alguma coisa?

Isadora: Eu só não quero ficar sozinha pai, estou com medo.

Diogo: Você não tá sozinha, tem sua família.

Isadora: Eu não sei como fazer isso, nem ser como a minha mãe, eu não quero que esse bebê sofra, também não sei como fazer isso e não sei como amá-lo.

Diogo: Tá tudo muito cedo ainda, como diz sua mãe, tudo é questão de tempo.

Isadora: Você me perdoou?

Diogo: Eu estou com muita raiva, Isadora, não vou mentir. É algo que eu não sei explicar para você sem brigar. Mas eu não te odeio, você é minha filha, minha primeira filha, eu nunca vou odiar você. Mas tem que entender que não é tão simples e fácil para nenhum de nós. Eu não vou te deixar sozinha, mas entenda que agora as coisas mudaram.

Isadora: Eu não quero te envergonhar com notícias, prefiro ficar em casa de hoje em diante.

Diogo: Isadora, é do meu neto(a) que estamos falando, ninguém vai falar nada, porque isso não é assunto de ninguém. Aí de quem se intrometer.

Isadora: Eu amo você, pai.

Diogo: Eu também amo você, criar juízo, filha. Olha a vida com mais clareza, inteligência, não seja uma adolescente para sempre.

Isadora: Talvez isso seja para mim aprender.

Diogo: Vamos comer alguma coisa, precisa se alimentar, me lembro quando a sua mãe ficou fraca sem comer.

Isadora: Não pode ser aqui?

Diogo: Ninguém vai falar nada, vamos.

Isadora foi com ele para a cozinha, eles pegaram as coisas na geladeira para fazer um sanduíche, as cozinheiras sorriram ao ver Isadora e continuaram fazendo o jantar.

Diogo: Faça o meu caprichado.

Isadora: Não vai me ajudar?

Diogo: Eu não, já peguei os pães e os pratos.

Diogo sentou na mesa olhando para ela, ele mostrou a língua fazendo ela dar risadas, ela jogou uma rodela de tomate nele, ele pegou e comeu.

Emma dormiu muito, descansou, e acordou satisfeita. Ela viu que Diogo não estava na cama, olhou a hora e foi até a sala.

Ao ouvir as risadas de Isadora, ela estranhou e foi até a cozinha.

Diogo: Isadora, esse maior é o meu.

Isadora: Eu fiz para mim, esse pequeno é o seu

Diogo: Não, eu sou mais velho e maior, esse é meu.

Isadora: Eu como por dois, esse é meu.

Emma: Que briga é essa?

Eles soltaram o prato olhando para ela, Emma estava com os braços cruzados olhando para os dois, Diogo aproveitou que Isadora ia se explicar e mordeu o pão maior ficando para ele.

Isadora: Não acredito. Pai!

Diogo: Faça outro para você, aproveite e faça para a sua mãe.

Isadora: Eu já havia esquecido o quanto é chato.

Emma: Vocês estão brigando por comida? Olha o tanto de coisas que dá para fazer mais.

Isadora: Mas até fazer...ele não quis fazer.

Emma: Não sei quem é mais criança dos dois.

Emma ajudou Isadora a fazer outros, ela fez além, deixou para as meninas comerem. Eles comeram na mesa juntos, Diogo estava satisfeito sorrindo com deboche.

Diogo: Não sei se vou jantar depois desse sanduíche.

Isadora: Que feio.

Diogo: Feio é você comendo o terceiro, estava amarrada?

Isadora: Mãe!

Emma: Não me coloquem no meio da confusão.

Diogo: Descansou?

Emma: Sim.

Isadora: Descansou, você foi para a minha cama, ela teve paz para dormir.

Diogo: Eu já disse que não ronco.

Emma: Só quando bebe.

Diogo: Eu não ouço.

Isadora: Óbvio que não.

Diogo: Fica quieta, Isadora.

Isadora: Não está mais aqui quem falou.

Eles foram para a sala quando terminaram de comer, não demorou muito para que os sintomas viessem, Isadora sentiu os famosos enjoos depois de alguns minutos, Emma e Diogo ficaram com ela no banheiro, ela estava fraca, sua pressão sempre baixava, não tem muito o que fazer, mesmo que ela tome remédio ainda ficaria enjoada.

Eles ficaram na sala já que o banheiro era mais perto, para descontrair Diogo ficou dizendo que foram os 3 sanduíches que ela comeu, mas por dentro só ele sabia o que sentia vendo ela assim.

Emma: Vai passar.

Isadora: Me diga que vai parar, mãe.

Emma: Infelizmente não posso te falar isso, você tá no início, 4 semanas. Só com meses depois pode ser que passe, mas depende de cada mulher.

Diogo: Agora é ter paciência.

Emma: Não pense nisso.

Eles ficaram assistindo, Diogo a todo instante olhava para ela vendo se ela estava bem, eles ficaram assistindo até o horário de jantar, Isadora comeu apenas sopa e foi para o seu quarto.

Ela ficou mexendo no celular, suas amigas ligavam, mandavam mensagens, ela não teve coragem de responder ainda. Ela novamente digitou o contato do desconhecido, ela tomou coragem e ligou para ele.

A ligação só chamava, ela pensou em desligar, mas quando viu ele atendeu. Pelo nervoso, ela desligou e ele ficou retornando. Quando viu que já tinha feito essa besteira, ela atendeu.

-Alô?

-Quem é você?

-Oi, é, eu...você lembra da festa na boate?

-Que boate? Quem é você?

-Nós ficamos na boate de Orlando, você e eu....nós dormimos juntos.

-Ah, lembrei de você. Você só me ligou hoje? Achei que já tivesse esquecido.

- Olha, eu não sei quem você é, não sei o seu nome, eu só liguei porque preciso que você saiba de algo.

-Quer de novo? Haha

- Eu estou grávida.

- Kk, que piada é essa?

-Eu fiquei grávida, para de dar risadas, estou falando sério.

-Você acha que eu vou acreditar que é meu? Você só pode estar bêbada igual aquele dia, garota, eu não te conheço e não sou o pai do teu filho. Procura outro idiota.

-Você é o pai, você acha que eu estaria perdendo tempo te ligando?

- Cria essa criança e não me liga mais. Eu não tenho filho nenhum e nem quero, ainda mais de uma qualquer como você. Se não conseguir um idiota para criar então aborta.

Antes que Isadora falasse alguma coisa ele desligou, ela tentou retornar, mas foi bloqueada.

Ela olhou para o celular sentindo seu coração disparado, lágrimas desciam no seu rosto, ela nunca se sentiu tão humilhada quanto hoje. Tentou fazer algo certo que era no mínimo conversar com ele e o avisar, até mesmo antes que Diogo fizesse algo. Ela abraçou os joelhos e chorou muito.

Nesse momento Diogo e Emma entraram no quarto levando os remédios dela e um chá, eles correram até ela, Diogo abraçou ela sentindo a mesma dor que ela estava sentindo, ele apertou o corpo dela entre o seu no seu abraço.

Diogo: Calma.

Isadora: Dói pai.

Diogo: Respira, fica calma.

Isadora: Ele não quer, não quer.

Diogo: Quem não quer?

Emma: Você tá falando do Noah?

Diogo: Conversaram?

Isadora: Aquele número na mala quando eu cheguei era dele, eu liguei querendo fazer algo certo, mas ele não quer, me humilhou como se eu não fosse ninguém.

Emma: Espera, aquele contato é do pai do bebê?

Isadora: Eu sei que eu também reagi assim, que não queria, mas...eu não sei, mãe. Eu só não esperava ouvir isso.

Diogo: Então ele não quer e ainda te humilhou? Ok, bom saber, não se preocupa, não chora mais.

Isadora: O que eu vou dizer quando ele(a) perguntar pelo pai?

Emma: Vem aqui, fica calma.

Diogo andou de um lado para o outro, Emma abraçou ela e deitou na cama ficando quieta com ela. Ele pegou o celular dela e levou para o escritório.

Diogo viu a última ligação, ele anotou o contato e fez uma ligação para quem vai conseguir descobrir quem é.

Diogo estava revoltado, com muita raiva, ele respirou fundo com as palavras de Isadora na mente sobre o que dirá a criança sobre o pai, é algo para pensar depois, mas só de imaginar agora já era perturbador, ele parecia que ia explodir de raiva.

Emma ficou com Isadora até que ela ficasse calma, ela deu o chá, tentou acalmava e mudou de assunto.

Emma: Nós estamos com você, já imaginou o quanto será mimado(a) pela família? kk

Isadora: Você acha que eu consigo, mãe?

Emma: Eu tenho certeza, você não pode pensar assim, tem que ser confiante.

Isadora: Eu quero ser, mas eu estou com tanto medo.

Emma: Eu sei, tudo isso vai passar, é normal.

Isadora: Você sentiu medo?

Emma: Muito, mas no fim deu tudo certo.

Isadora: Eu queria ser forte igual você.

Emma: Você já me viu fraquejar várias vezes, nem por isso eu desisti, não pode desistir.

Isadora: Fica aqui comigo.

Emma: Descanse essa mente, vai dar tudo certo, você tem uma família que te ama, amigas, tem um apoio gigante e não vai ficar sozinha nessa.

Isadora: Eu te amo, mãe. Obrigada, você é sempre tão sábia.

Emma ficou fazendo carinho nos cabelos dela para ela dormir, Isadora soluçava, ela tentou dormir e se manter calma, seus nervos estavam a milhões.

Diogo voltou quando ela já estava dormindo, ele deu beijo nela e foi para o quarto tomar um banho gelado para aliviar os pensamentos.

Emma já no quarto ouviu quando ele descontou a raiva na parede, ela sabe que está sendo complicado para ele, muito difícil, mas não era só ele que estava assim e eles não podiam obrigar o rapaz a assumir.

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