capítulo 15

No hospital, Emma segurou Diogo deixando a equipe médica levar a Isadora, ele estava desesperado, ele ficou olhando ela sendo levada até que não fosse mais possível.

Emma: Fica calmo.

Diogo: Você não pode entrar lá?

Emma: Não, amor. Ela vai ficar bem, fica calmo.

Diogo: O que está acontecendo? Você sabe de alguma coisa, não é? Você estaria desesperada se não soubesse, me fala, amor. Ela está doente?

Emma virou de costas sem conseguir segurar as lágrimas, ela não queria assustar ele, também não queria deixar ele desesperado ou que ele recebesse essa bomba por um médico. Ele iria surtar.

Diogo: Emma, o que está acontecendo?

Emma: Venha comigo.

Emma por conhecer o hospital, já que trabalhou lá, o levou para uma sala que não estava ocupada por pacientes. Diogo estava mais nervoso, mas agora estava desesperado vendo que é algo sério vendo Emma chorando.

Emma: E.Eu não sei como dizer, acredite, não está sendo fácil nem mesmo para mim. Eu não tenho certeza, mas sou mulher, sou mãe, médica e sei sobre sintomas. Eu só peço que tenha calma, que você não surte, é um momento delicado e precisamos agir com a pessoa como dois pais.

Diogo: Tá, o que aconteceu?

Emma: Alguns dias venho observando a Isadora, eu não achei normal que ela tivesse engordado tão rápido, já que sempre manteve seu peso e medidas. Isadora não menstruou, anda passando mal, não é normal. Amor...eu tenho quase certeza de que ela tá g.grávida.

Emma deixou falhar a última palavra, nem ela sabia como falar isso, era muito pesado, tenso, as lágrimas que segurou durante a noite toda estavam escorrendo sem parar agora. Diogo arregalou os olhos olhando para ela, era algo que não dava para acreditar, mas ele acreditou ao ver Emma tão desestabilizada.

Diogo olhou para o chão como se estivesse falhando a sua vida toda, ele tentava falar, mas não conseguia. Sua voz não saiu. Ele ficou imóvel.

Emma: Eu não sei como, quando, com quem, eu não sei de nada. Ela iria me falar, mas não deu tempo, também resolveu falar depois. Eu não sei o que anda se passando com ela, eu não sei de nada, Diogo.

Diogo: G.Grávida? Isadora grávida? Não pode ser, não, não pode ser. Ela não seria louca, ela...

Emma: Calma, Diogo.

Diogo: Eu vou matar os dois.

Emma segurou ele quando viu que ele ficou de pé, ela segurou nos seus dois braços com muito medo da reação dele.

Diogo: EU VOU MATAR OS DOIS.

Emma: Calma, para, você não percebe que não adianta fazer nada diante dessa situação? Você vai matar os dois e daí? Vai mudar algo?

Diogo: QUE PORR@, ISADORA PERDEU O JUÍZO? EU DISSE QUE NÃO ERA PARA ELA NAMORAR ESSE GAROTO, EU AVISEI.

Emma: Você vai jogar a culpa em mim agora? É isso? Lembre-se que eu não criei ela sozinha, não foi só eu que a eduquei, eu dei tudo de mim para os meus filhos serem bem educados, terem noção do que fazem, não venha jogar a culpa em mim dos atos dela. Eu sempre mostrei o caminho certo, se eu estava errada porque não me parou? Agora se você quer sair e matar os dois achando que vai resolver, seja homem e faça isso, mas arque com as consequências dos seus atos depois.

Emma saiu da sala, ela estava muito nervosa, chorosa, seu mundo havia desabado e o amanhã seria mais difícil ainda.

Diogo bagunçou os cabelos ainda informado, nervoso, ele sentou no chão encostado na parede e chorou, chorou muito, seu coração estava apertado, acelerado, ele sentiu dor na alma.

Emma foi para o banheiro, ela tentou tirar toda a maquiagem, mas não iria sair tão fácil com papel e água. Pelo menos não estava feio, ela secou as lágrimas, por mais que ficassem caindo sem parar, ela se recompôs depois de colocar tudo para fora, chorou, chorou e chorou.

Ambos pensavam no quão difícil é para uma adolescente passar por isso, menina nova, tá descobrindo a vida agora, tem um futuro pela frente e aos 17 anos está grávida. Seria uma criança cuidando de outra ou Isadora daria conta? Talvez sim, talvez não, mas tudo depende do apoio que ela irá receber.

Emma foi aguardar notícias, Diogo procurou por ela, ele a encontrou sentada de cabeça baixa esperando pelo médico, ele sentou ao lado dela e abraçou ela.

Diogo: Me desculpa, eu não culpei você, eu não tô sabendo lidar com isso, não tem condições, Emma. Isadora...

Diogo não conseguiu mais falar, ele apoiou as mãos no rosto sem conseguir se conter, Emma o abraçou sabendo que estava mais difícil para ele do que qualquer um.

Emma: Diogo, precisamos ouvir ela, pensar, manter a cabeça no lugar, não é fácil para ninguém e para ela será mais difícil ainda.

Diogo: Minha vontade é de dar uma surra nos dois, principalmente naquele moleque, eu deixei claro o que podiam ou não fazer. Onde foi que eu errei, Emma? Me fala, eu aceito o erro, só quero saber onde eu errei. Eu sempre zelei por ela, namoros, garotos, tentei ensinar desde o começo o que era certo e errado. Eu sei que tenho os meus ciúmes, já assumi isso milhares de vezes, mas eu sempre soube separar as coisas.

Emma: Você não errou, ensinamos e orientamos os caminhos certos. Mas são eles quem decidem por qual caminho andar.

Diogo: Se esse moleque aparecer aqui eu não sei o que eu sou capaz de fazer.

Emma: Fica calmo.

Eles esperaram por mais um pouco, o médico foi até eles e cumprimentou Emma por já conhecê-la.

Emma: Bom vê-lo doutor, como ela está?

Médico: Isadora tem um quadro de anemia, não é elevado, mas precisa se cuidar.

Diogo: Fale da parte da gravidez.

Médico: Ela tem riscos de perder o bebê caso não se cuide corretamente, alimentação, se manter hidratada, tomar vitaminas, controle emocional, ela precisa de cuidados agora.

Diogo: Então é verdade.

Diogo foi até a parede e deu um soco com toda força tentando se controlar.

Emma: Ela já acordou?

Médico: Sim, fizemos um exame de sangue, ela tá grávida, Emma. Sei que agora é um momento delicado, mas a saúde dela também importa, você sabe sobre a aceitação, ela é uma menina jovem, pode precisar de acompanhamento psicológico.

Emma: Estou ciente, doutor.

Médico: Ela está com medo, será bom se o pai não vê-la nesse estado, tente acalmá-lo.

Emma: Obrigada, eu vou cuidar disso.

Médico: Bom vê-la, Emma. Você faz falta aqui, pode ir vê-la, quarto 37. A obstetra vai acompanhar ela agora.

Ele saiu, Emma segurou os papéis com o resultado positivo, Diogo ainda estava encostado na parede, ele respirava fundo.

Emma: Amor, para com isso, você ouviu o que ele disse, tenta ficar calmo.

Diogo: Eu vou falar com ela.

Emma: Diogo, olha o seu estado.

Diogo: Ela fez isso, vai ter as consequências, ou você acha que eu quem vou passar a mão na cabeça? Quando tava na cama com aquele desgraçado não pensou em nenhum de nós.