capítulo 18

Em casa, Isadora foi para o seu quarto ao lado de Emma, elas não conversaram durante o caminho, nem mesmo enquanto iam para o quarto, cada um estava precisando de um tempo, ainda mais agora que serão dias com mudanças dentro de casa.

Emma: Quer tomar banho?

Isadora: Sim, mas não se preocupe, eu consigo fazer isso.

Emma: Vou encher uma banheira para você.

Isadora: Obrigada.

Isadora ficou sentada na cama observando Emma andando de um lado para outro, ela sabia que Emma estava triste por dentro, mas ainda assim não deixava de cuidar dela.

Isadora conseguiu perceber que jamais será uma mãe igual ela para o seu filho(a), na sua cabeça ela não iria conseguir, não era o que ela queria, nem tão cedo, ela estava apavorada, ainda mais por saber que não poderá tirar já que Diogo impediu.

Emma: Você pode ir.

Isadora: Obrigada eu já vou.

Emma viu que ela não ia sair da cama, ela se sentou ao seu lado e olhou para ela.

Emma: Um dia eu passei pelo que você passou, mas foi muito mais intenso, sofrido e difícil. Eu sempre tive o sonho de casar, ter filhos, orgulhar os meus pais, preservava a minha virgindade, mas foi tirado de mim. Eu perdi esse sonho, esse desejo, perdi as esperanças e vivi um dia após o outro só para viver mesmo.

Isadora: Mas você não ficou grávida sem querer.

Emma: Eu fui expulsa de casa, meus pais falaram coisas horríveis, não acreditaram em mim e só quando conheci o seu pai foi que eu tive ajuda e consegui provar que eu não estava errada. Eu não fiquei grávida, mas eu poderia, e acredite, mesmo sozinha, sem teto, ferida por dentro e por fora, eu jamais iria abandonar o meu filho. É uma vida, mesmo sendo fruto de algo ruim para lembrar, é ainda uma vida que é um pedacinho de mim.

Isadora: Mãe, nem o pai dessa criança eu conheço.

Emma: Certamente seu pai vai descobrir.

Isadora: E se ele não quiser?

Emma: Pelo menos ele vai saber que é pai, se ele não quiser, ele quem sairá perdendo. Filho é benção, imagina se eu não quisesse os seus irmãos e abortasse, como seria?

Isadora: Não quero nem imaginar.

Emma: Eu não quero que aceite de imediato, mas eu quero que você use o seu tempo necessário para pensar, não diga que não quer, que não é nada para você, não repita tais palavras, elas têm um peso enorme. Apenas diga que está no seu tempo de aceitação, não é um pesadelo, filha. Estamos todos juntos passando por um momento difícil, delicado, todos nós ainda estamos assimilando e vendo como será o futuro, é necessário tempo para tudo isso.

Isadora: Eu não queria magoar você, não queria ver vocês tristes.

Emma: Está tudo bem, vamos viver um dia após o outro, ta?

Isadora: Mãe, sobre o pai da criança...

Diogo: Eu vou encontrar esse cara e ele vai ouvir muito.

Isadora: Pai...

Diogo: Isadora, você poderia estar drogada, mas ele estava também? Na hora foi maravilhas, mas porque ele não pensou? As consequências serão para os dois sim.

Emma: Vá tomar banho, descanse, vou preparar algo para você comer e já volto.

Isadora: Obrigada.

Emma saiu do quarto levando Diogo com ela, Isadora foi para o closet, ela procurou a sua agenda, pegou o papel com o número da pessoa que passou a noite e digitou no celular. Ela estava muito nervosa, mas precisava fazer algo, não aguentaria sozinha, ela queria pelo menos conhecer essa pessoa.

Isadora apagou e digitou o número diversas vezes, ela não teve coragem de ligar.

Foi para a banheira e tentou relaxar lá dentro. Sua mente estava uma bagunça, seu corpo estava pesado e seu peito só doía. As palavras do Noah não saiam da sua mente, ela não queria perdê-lo, tem tanto medo de perder as pessoas que acabou perdendo todas de uma vez.

Ela pensou em mandar algo para o Noah, ainda digitou, ele estava online \=, mas logo saiu. Ela ficou olhando a foto do perfil que era os dois, mas até isso saiu também, ficou tudo branco, ela entendeu que ele estava decepcionado, mas o que ela mais queria agora era estar com ele, ter seu abraço e ouvir sua voz.

Isadora ficou na banheira até sentir a água ficar fria, ela tomou banho, se vestiu e se deitou na cama.

Emma foi para o quarto tomar banho quando saiu do quarto dela, ela estava exausta, muito cansada, dolorida por passar a noite sentada naquele sofá pequeno e cansada emocionalmente.

Diogo não a deixou sozinha, ele ficou perto dela durante o banho e sempre a abraçava.

Diogo: Você precisa descansar.

Emma: Eu vou, mas antes preciso buscar as crianças.

Diogo: Não, já falei com Caio, eles vão ficar lá. Robert teve o voo adiado devido a tempestade que está tendo lá, então eles podem ficar lá hoje.

Emma: Não guarda ódio da nossa filha, tenta deixar isso de lado, ela precisa de nó, amor.

Diogo: Cada vez que eu penso nessa gravidez é como uma faca no meu peito.

Emma: Eu sei, você acha que eu também não me sinto assim? Mas eu não posso deixá-la sozinha, eu não posso.

Diogo: Ela não pode abortar, Emma.

Emma: Ela precisa de um tempo para ela mesma, não critique mais, isso não é passar a mão na cabeça dela, mas acredito que consequência maior ela já está tendo e serve de lição.

Diogo: Eu vou encontrar esse cara que dormiu come ela, ou não me chamo Diogo.

Emma: O que vai fazer?

Diogo: Ele vai assumir por bem ou por mal.

Emma: Diogo, não complique mais as coisas, ok?

Diogo: Estou fazendo o certo, a minha filha não é qualquer uma.

Emma: Eu sei, fala com ela depois, mas eu peço que fale como pai, ela ama você.

Diogo: Depois.

Emma: Tudo bem.

Emma saiu do banho, ela se vestiu e foi para a cozinha preparar um lanche para Isadora. Emma avisou sobre a situação de Isadora agora, as cozinheiras ficaram chocadas, mas disfarçaram rapidamente. Emma falou sobre a alimentação de como será a partir de hoje e principalmente sobre comentários.

O café da manhã estava servido na mesa, Diogo tentou comer algo, mas só conseguiu tomar o café, Emma pegou algumas coisas da mesa que seja saudável e levou para Isadora.

Emma: Filha, não quer ir para a sala?

Isadora: Não, eu vou ficar aqui.

Emma: Tudo bem, mas não se isole, deixa o sol entrar nesse quarto -abre as cortinas- faça alguma coisa, não fique deprimida, certo?

Isadora: Certo. Obrigada.

Emma: Coma tudo.

Emma fez companhia a Diogo, ela tentou comer, não pode fraquejar quando tem outros filhos que dependem dela. Eles comeram, foram para o quarto e tentaram descansar.

Isadora comeu um pouco de cada coisa que Emma levou, ela ficou olhando para a varanda, foi até lá e se sentou no chão agarrada ao enorme urso de pelúcia que Noah havia dado. Ela ligou para ele sentindo sua falta, não aguentou mais.

Noah rejeitou duas ligações, ela ligou para a casa dele, a funcionária quem atendeu, por conhecer Isadora ela a ajudou dizendo que era outra pessoa, Noah atendeu.

-Alô.

-Me perdoa, amor.

-Isadora? não seja insistente.

-Por favor, não me deixa sozinha.

- Você me deixou sozinho quando passou a esconder as coisas de mim.

-Eu errei, ok? Mas eu estava com medo, assustada, com muita vergonha. você acha que eu me orgulho em dizer que eu dormi com um desconhecido? Acha que eu estou feliz e escondi isso achando lindo?

-Eu preciso desligar.

-Eu amo você, Noah.

-Preciso de um tempo sozinho, Isadora. Tente entender.

-Tudo bem, eu não estou no direito de exigir nada, cuide-se bem.

Isadora desligou sem querer ouvir um adeus ou um te logo dele, ela ficou olhando o céu azul sentindo o calor do sol na pele.

Isadora: Deus, esse bebê foi você ou é uma consequência? De qualquer forma, eu peço que não me deixe sozinha, pelo menos você, eu imploro. Eu preciso dos teus braços para me segurar e da tua força.

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